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Memórias Póstumas do Besugo

 
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Depois que soube que os meus donos
voltavam para o continente,
fiquei triste e
com medo de ficar sozinho…Mas não.
Fiz a minha primeira e única viagem de automóvel a caminho da terceira dona.
Como seria ela? Eu já me sentia da família,
não esquecendo a minha querida “Boneca” (gata linda e felpuda).
Não gosto de automóveis,
e para não vomitar fui ao colo da minha dona, olhos fechados, cabeça encostada ao pescoço dela e unhas bem espetadas nos chumaços do casaco.

Chegamos! Sempre ao colo,
fomos para uma sala
com uma grande porta de vidro
a separá-la da sala de jantar.
Primeiro olhei com atenção,
até que tomei coragem
e saltei para cima dos móveis.
Andei como uma cabra,
pata aqui, pata ali, sem partir nada.
Todos se calaram vendo a minha habilidade.
A nova dona deu-me liberdade, o que me encantou.

Mas, sem esperar, que susto apanhei !
Até fiquei eriçado e o coração a galopar.
Valeu-me a porta de vidro!
Do outro lado,
estava um gigante pastor alemão!
“Estou lixado”, pensei eu.

Mas enganei-me.
À hora do jantar,
a nova Dona
(tão boa como a outra),
deu-me o jantar e do outro lado
o matulão comeu o prato dele.
Logo percebi que cada um,
não se metia com o outro.
Dormimos na mesma garagem,
cada um no seu canto e na sua cesta.

Estou feliz, pensei.
No dia seguinte conheci o quintal
e a malta que lá vivia.
Então fartei-me de andar
e depois do almoço dormia belas sestas.

Passados uns meses ou um ano,
resolvi atravessar a estrada.
Só que não vi que vinham carros dos dois lados
e… sem dó, deram-me uma forte pancada,
caí para o lado e… dormi para sempre.
Adeus Amigos e “Boneca”.
Saudades do Besugo.


José Mota

 
Autor
PoetaSenior
 
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