Ego cego

Data 20/04/2010 01:57:04 | Tópico: Poemas

Ego cego, tua cegueira te encobre
já estás pobre, seco, doente e senil.
Deixas de fazer-te de generoso, assume-te vil
Ego cego, vestido de roto cetim nobre
Banqueteia-te antes que a realidade te afogue
neste imenso frágil barril (vazio).
Rei neste solitário pequeno aquário
onde és rei, porteiro e agente carcerário
Juiz, prefeito, e dono do fuzil.
Ego cego, tateando no escuro
diz que o mole é duro, o quente, frio
Pobre cego, não reconhece um prego
onde pendura as roupas de sábio varonil.
Que despiu bem cedo, quando sentiu medo
depois que o último leitor bateu a porta e saiu.

Ego cego,
Há uma solução clara e pacata,
há cirugia para catarata
faça-a pois nem todo mundo partiu...

Ainda há amor nos olhos de quem vê o que ninguém mais viu.





Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=129096