O meu melhor texto

Data 20/05/2010 21:34:06 | Tópico: Crónicas


Estava a escrever um texto, o melhor texto da minha vida, não quero com isto dizer que fosse um texto por aí além, mas era meu, e era o melhor. Pensava que o pc estava a carregar a bateria, mas não, e este senhor decidiu desligar-se de repente tirando-me o prazer supremo de escrever o melhor texto da minha vida. Isto fez-me lembrar quando a Adelaide prometeu numa tarde que me ia mostrar as maminhas lá em casa que os pais não iam estar. Nesse dia ao deslocar-me de bicicleta para casa dela a toda a brida, veio um bruto fora de mão, fez-me cair e parti um braço, ainda hoje sinto essa dor porque como eu não fui, a Adelaide nessa mesma tarde começou um novo namorico com um vizinho, despeitada pela minha falta, que ela tomou como desleixo meu. Nunca mais vi as mamas da Adelaide. Que coisa! Custava ter esperado um diazinho? Eu mesmo de braço ao peito no dia seguinte de certeza que faria uma perninha… e quem foi que perdeu? Fui eu, claro, como perdi agora a porcaria do texto o que me deixou perfeitamente furibundo, da mesma forma que fiquei bruto elevado ao cubo quando o Sr. António me apanhou no pomar com os bolsos cheios de laranjas que eu dizia ter comprado na mercearia da D. Prazeres, mas ele não foi de cantigas e zurziu-me as nádegas com uma vergasta que ainda hoje lhe sinto os vergões enquanto corria pelo meio da horta, pisando tomates e batatais na fuga à inclemência do vestuto pau.
A insatisfação é parte da vida e a frustração as suas unhas que me coçam a realidade com a ausência de compaixão com que a vara me massacrou ou a falta de pena com que a Adelaide me presenteou trocando-me por outro. Conviver com a frustração é quase um exercício diário mas não é isso que faz de mim frustrado ou resignado. Com a Adelaide aprendi que além de ter de andar de bicicleta com mais prudência, não devo ter nunca nada como certo e com a vara do Sr. António aprendi que devo ser mais lesto perante a adversidade e acima de tudo que me devo esconder melhor.
Assim só fico feliz de ver umas mamas quando elas estão ali à mão de semear, e só roubo laranjas quando tenho a certeza que o dono do pomar não está, mesmo. E quanto a ter perdido o texto, que se lixe, amanhã escrevo outro. E quanto a vocês que estavam á espera de outras conclusões filosóficas, aproveitem e vão comentar outros, como leitura chata já levam esta, assim escusam de ler os que vão comentar, até vos fiz um favor, viram? E não se preocupem que não vos vou bombardear com PMs a perguntar porque faz tanto tempo que não me comentam. Quem é amigo, quem é?




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