Livro das Ofensas II

Data 03/06/2010 17:43:34 | Tópico: Poemas

És tu o vernáculo da verbalidade
Que se espoja livre na língua,
Nesse suporte de tamanha carnaça.
És sexo sem vida ou necessidade
Que se desvirgina na noite exígua,
Mísero profeta de morte e desgraça.

Vende a alma moribunda ao destino,
Embala-a no vento que se consome,
Vela esse teu rosto triste e feio
Nas trevas do morbífico sino.
Dorme na terra árida sem nome
Nu, refém de mistério ou receio.

Não prestas, criatura miserável.
Desfazes-te em caminhos nulos,
No pó que se arrasta em ti.
Silencia-te inútil cascavel
Nascida de ritos incrédulos,
Efémera vida que morri.




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=135743