NO PAÍS DO FUTEBOL

Data 08/06/2010 02:11:33 | Tópico: Crónicas

"Brasil está vazio na tarde de domingo, né?/Olha o sambão, aqui é o país do futebol./No fundo desse país/ao longo das avenidas/nos campos de terra e grama,/Brasil é só futebol/nesses noventa minutos de emoção e alegria,/esqueço a casa e o trabalho e a vida fica fora." (Aqui é o país do Futebol, canção de Milton Nascimento com letra de Fernando Brant)


Claro, o assunto no Brasil, nesses dias que antecedem a Copa do Mundo, não é outro senão futebol. O futebol, ao lado do Carnaval, é a maior paixão do brasileiro - a pizza, principalmente em São Paulo, corre por fora. Mesmo quem não entende da matéria, acaba entendendo. Queiram ou não, ainda temos o melhor futebol do mundo. E digo mais: mesmo sem os atletas que atuam fora do Brasil, teríamos tranquilamente condições de montar duas seleções de alto nível com o que há por aqui.
Não estou sendo bairrista, não. E confesso que torço muito mais pelo Corínthians do que pela própria Seleção Brasileira. Não morro de amores por Dunga, um jogador medíocre, hoje um técnico - embora eu desconheça que tenha treinado algum clube antes de chegar ao escrete brasileiro - teimoso, que desprezou pelo menos três jogadores que caberiam em qualquer seleção de alto nível do mundo: Ronaldinho Gaúcho, que voltou a jogar seu verdadeiro futebol, Paulo Henrique Ganso, verdadeira revelação, e talvez o menino Neymar. Que Dunga trate de ganhar a Copa, do contrário não sei como irá se justificar com a nação que exigiu esses três atletas no grupo.
Não tenho bola de cristal. Mas o Brasil é, como sempre foi,o mais sério candidato à taça Não esperem, no entanto, um futebol vistoso, cheio de toques mágicos. Dunga não gosta, porque, quando jogava, não tinha habilidade para isso. Foi um mero volante de contenção, mais nada. Kaká não está em sua melhor forma. Parece que tem uma lesão séria no púbis. Robinho talvez aconteça, vontade não lhe falta. E Luís Fabiano tem faro de gol. Atrás, contamos com o goleiro Júlio César, apontado o melhor do mundo na posição, além da dupla de zagueiros Lúcio e Juan. Até aí, porém, se vamos sair da África do Sul hexacampeões, são outros quinhentos.
Copa do Mundo é uma competição ingrata. Apenas sete jogos, e o melhor nem sempre vence. Em 1982, o Brasil teve com Zico, Sócrates, Falcão e companhia uma seleção que encantou o mundo, dirigida por Telê Santana. Voltou sem nada.
Desta primeira fase, o Brasil passa tranquilo. A outra vaga ficará entre Portugal e Costa do Marfim. A Coreia do Norte, a menos que seu ditador resolva mandar tudo pelos ares e acabar com a competição, não oferece qualquer perigo.É uma equipe fraquíssima, de pura correria - mais nada.
A Costa do Marfim ou " Os Elefantes", como é chamada,tem sido a sensação da África. Mas por muito pouco não perdeu sua maior estrela, o atacante Didier Drogma, que sofreu uma fratura no braço, em partida amistosa contra o Japão. Ele não deve jogar na estreia de sua equipe contra Portugal. Sorte de Cristiano Ronaldo e companheiros.
Já Portugal conta, além do madeirense Cristiano Ronaldo, com os brasileiros Deco, Liedson e Pepe - no Brasil, dificilmente teriam chance na Seleção, assim como o atacante Cacau, que defende a Alemanha. Deco e Pepe não tiveram tempo de exibir seu futebol por aqui. Foram embora muito cedo. Liedson jogou no meu Corínthians e é um atacante perigosíssimo. Assim, Portugal que eliminou o Brasil da Copa de 1966,na Inglaterra, com treinador brasileiro, Otto Glória, e o meia atacante moçambicano Eusébio, de quem tenho uma camiseta do Benfica assinada, parte para a sua quarta edição da Copa do Mundo, de um total de dezoito já realizadas.
O Brasil, o único país que esteve em todos os mundiais, tentará o hexa. Não sei o que isso pode mudar na vida da gente desse outro lado do Atântico. Estamos em ano eleitoral. Mas até aí a conquista de mais um mundial, para a sofrida população, é muito mais importante do que o novo ou nova presidente. Se ganharmos a Copa, qualquer coisa serve. Fica tudo na base da alegria. Já ganhamos na América do Sul, em 1958, no Chile (perdemos no Maracanã em 1950 para o Uruguai); ganhamos na Europa, nas Américas Central e do Norte. E na Ásia também. Falta a África. Vamos lá. De preferência numa final com los hermanos argentinos.Só há a possibilidade dessas duas seleções se encontrarem: em jogos finais. Uma decisão entre os dois páises vizinhos seria histórica. Que venga Maradona e seus comandados. Ou quem mais vier. O país do futebol não escolhe adversário. Apesar do Dunga, a amarelinha sempre impos respeito.


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júlio







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