Leituras 13 - Carla Ribeiro

Data 13/06/2010 10:34:03 | Tópico: Poemas

Quando comecei a delinear este projecto, balizei-o por regras, uma destas referente ao espaço temporal, isto é: textos de autores aqui inseridos entre Janeiro e Maio do corrente. No entanto, toda a regra tem uma excepção. Deparei-me com uma poetisa, que aprecio, que aqui não publica desde o ano passado. Dado a sua relevância, quebro a regra e convido-vos à sua descoberta.

Carla Ribeiro é uma poetisa de valor, sobretudo quando se movimenta por paisagens caiadas de negro, polvilhadas por imagens poderosas, como, por exemplo: “E o corpo mutilado parece desabrochar na cruz”; ou “Numa terra tornada caderno de linhas de fogo”; ou, por último. “Por dentro da efémera carícia dos punhais”.

Esta autora segue uma quase diria linha panteísta deveras curiosa, que se me apresenta como uma espécie de panteísmo de fusão entre as correntes que marcaram presença forte na poética portuguesa do século vinte: o de cariz transcendentalista protagonizado por Teixeira de Pascoaes e o de linha naturalista imanentista que molda Alberto Caeiro, isto é: vendo para além do que se vê, mas tendo sempre presente o que só os sentidos captam, transformando essas percepções em palavra, quantas vezes despojada do seu valor comum, tornando-se assim um verdadeiro mundo outro, um mundo onde a luz, daí acima ter utilizado o termo “caiada”, se reflecte, mas já despida da sua essência.

Esta autora é, para mim, uma das potenciais jóias futuras da coroa do Luso-Poemas.


Xavier Zarco


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