«« Rio e choro do mundo ««

Data 09/07/2010 14:20:44 | Tópico: Poemas

Não indaguem porque rio
Nos dias em que almejo chorar
Até eu queria alcançar
Porque rio do vazio

Se sou sã ou demente
Como querem que responda
Se o mundo é esfera, redonda
Tanta razão, tão diferente

Não queiram saber porque choro
Num riso que deita abaixo
Um gesto mudo mas prefixo
O meu choro é riso sonoro

Não me olhem desse jeito
Nem me tentem entender
Sei que sou mó de moer
Sou pedra de rio sem leito

Perdi-me na enxurrada
Do choro e do riso a eito
Fujo do preconceito
A mente é a minha enxada

Talvez não cave tão fundo
Como eu acho que devia
Mas ao rir e chorar do dia
Do dia que nasce imundo

Cavo, cavo até mais não
Abro buracos perfeitos
Enterro lá os defeitos
Deste mundo em trambolhão

E assim rio se quero chorar
E choro se me apetece rir
É minha mente a aludir
Fazendo a esfera saltar
Fazendo o mundo girar
Ficar um pouco melhor
Com a mente colho a dor
Colho também o ódio
Deito abaixo do pódio
Tudo o que é retrógrado

Num buraco bem fundo
Enterro os devaneios
Os risos são finos lábios
Que querem beijar o mundo
Sonham que secam as lágrimas
Deste mundo, por um segundo

Antónia Ruivo

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