Não indaguem porque rio
Nos dias em que almejo chorar
Até eu queria alcançar
Porque rio do vazio
Se sou sã ou demente
Como querem que responda
Se o mundo é esfera, redonda
Tanta razão, tão diferente
Não queiram saber porque choro
Num riso que deita abaixo
Um gesto mudo mas prefixo
O meu choro é riso sonoro
Não me olhem desse jeito
Nem me tentem entender
Sei que sou mó de moer
Sou pedra de rio sem leito
Perdi-me na enxurrada
Do choro e do riso a eito
Fujo do preconceito
A mente é a minha enxada
Talvez não cave tão fundo
Como eu acho que devia
Mas ao rir e chorar do dia
Do dia que nasce imundo
Cavo, cavo até mais não
Abro buracos perfeitos
Enterro lá os defeitos
Deste mundo em trambolhão
E assim rio se quero chorar
E choro se me apetece rir
É minha mente a aludir
Fazendo a esfera saltar
Fazendo o mundo girar
Ficar um pouco melhor
Com a mente colho a dor
Colho também o ódio
Deito abaixo do pódio
Tudo o que é retrógrado
Num buraco bem fundo
Enterro os devaneios
Os risos são finos lábios
Que querem beijar o mundo
Sonham que secam as lágrimas
Deste mundo, por um segundo
Antónia Ruivo
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Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...