Não tirem-me o que não podem dar.

Data 31/07/2010 21:19:12 | Tópico: Poemas

Não quero, nada, mais nada,
tenho tudo que quero,
tenho tudo que posso.
Apenas quero paz.
Quero que deixem-me
nesta minha jaula
de letras e ansiedade
a me deliciar com meus versos.
Não preciso de inspiração,
nem de sentimento,
nem de tsunamis,
de tormentos ou calmarias
nem de sinceridades
muito menos hipocrisias
Não preciso de nada e de ninguém
preciso apenas de um alfabeto.
Meu requiém é eu que faço a cada dia
não preciso que exaltem minha beleza
(se é que há)
nem que chorem minha tristeza
nem que me prometam amor
não me outorguem dor
nem que me ofertem quimeras
nem que façam versos belos
não quero mais castelos ao ar
Não tirem-me o que não podem dar
não digam-me da vinda
nem do vinho da vinha
nem do sangue do sacrifício
nem da saúde frágil da sanidade
nem da última viagem
nem do avassalador vício
nem do início, nem do meio, nem do fim,
nem do rei, nem do querubim,
nem do sargento, nem do nojento, nem do soldado,
nem do anjo, nem do principado, nem de nada.
não me expliquem a estrada
muito menos me interessa a volta
nem a revolta ou a submissão
não me falem de estrelas
ao cáustico sol do meio dia
pois sou curiosa, sempre olharei
com minha natural esperançosa cegueira
esperando as respostas cauterizarem
minhas retinas de sensatez
pela luz estrelar de um momento fictício
Só peço um favor,
não me empurrem mais ao precipício
pois depois desta última queda
quebrei minhas asas:

Não sei mais voar.

Não me tirem o que não podem me dar

PAZ!



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=144283