LEITURA DE SOFÁ

Data 02/08/2010 12:35:23 | Tópico: Poemas -> Sociais

Um grito precede a dor

A mão estendida
Representa o teatro
Duma vida melhor

São invisíveis os grilhões
Psíquicas as mordaças –
Presentes na falta de vontade
De lutar e não lutar por nada
As veias emancipadas! –
Uma fileira de amorfos
Limita a opção
Ao medo
Do comodismo.

Quanto cinismo!

O barco afunda-se
Numa preia-mar sem cais

Vestem-se os homens de luto
E nada mais

Quando ainda faziam da razão
Uma forquilha
O sangue vibrava nas gargantas
E um eco de energia
Estranhava de pululares
O conservadorismo…

Era assim porque era verdade!

Hoje lambem os pratos vazios
Com as chaves do carro sobre a mesa
Temendo uma cama de árvores
Por sobremesa!

Pensa-se na justiça
Que parte reparte e parte
Acoplada à ganância
Com engenho e arte.

Submissos
Porque também se é submisso
À injustiça
Adormece-se com o frio
Que em nós
É preguiça.

Aqui
Ao lado de uma piscina num “resort”
Enfeita-se a mansão protegida
De algum abutre
Que nasceu para a política
Ou é juiz…

Fogem as ratazanas da polícia
Porque a inveja
É um dos sete pecados mortais
No sacramento e na comunhão
Dos anormais.

Morremos de fome e tédio
Para não nascermos
Nunca mais!


António Casado
19 Julho 2010





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