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LEITURA DE SOFÁ

 
Um grito precede a dor

A mão estendida
Representa o teatro
Duma vida melhor

São invisíveis os grilhões
Psíquicas as mordaças –
Presentes na falta de vontade
De lutar e não lutar por nada
As veias emancipadas! –
Uma fileira de amorfos
Limita a opção
Ao medo
Do comodismo.

Quanto cinismo!

O barco afunda-se
Numa preia-mar sem cais

Vestem-se os homens de luto
E nada mais

Quando ainda faziam da razão
Uma forquilha
O sangue vibrava nas gargantas
E um eco de energia
Estranhava de pululares
O conservadorismo…

Era assim porque era verdade!

Hoje lambem os pratos vazios
Com as chaves do carro sobre a mesa
Temendo uma cama de árvores
Por sobremesa!

Pensa-se na justiça
Que parte reparte e parte
Acoplada à ganância
Com engenho e arte.

Submissos
Porque também se é submisso
À injustiça
Adormece-se com o frio
Que em nós
É preguiça.

Aqui
Ao lado de uma piscina num “resort”
Enfeita-se a mansão protegida
De algum abutre
Que nasceu para a política
Ou é juiz…

Fogem as ratazanas da polícia
Porque a inveja
É um dos sete pecados mortais
No sacramento e na comunhão
Dos anormais.

Morremos de fome e tédio
Para não nascermos
Nunca mais!


António Casado
19 Julho 2010



 
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antóniocasado
 
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Enviado por Tópico
Avozita
Publicado: 02/08/2010 16:18  Atualizado: 02/08/2010 16:18
Colaborador
Usuário desde: 08/07/2009
Localidade: Casal de Cambra - Lisboa
Mensagens: 4529
 Re: LEITURA DE SOFÁ
Olá Antonio,

Há muito que não o encontrava por aqui,
em boa hora entrei, para ler este poema,
que é duma realidade fantastica.
Se me permite, assino por baixo.

Beijo
Antonieta

Enviado por Tópico
joãomestreportugal
Publicado: 02/08/2010 21:30  Atualizado: 02/08/2010 21:30
Super Participativo
Usuário desde: 18/07/2010
Localidade: Portugal
Mensagens: 136
 Re: LEITURA DE SOFÁ
Gostei imenso de o ler

Abraço António

João Mestre Portugal