Quando sonho Uma brilhante estrela candente Povoa-me os sentidos Com imagens de paraísos distantes Onde À porta de uma nuvem Alguém me convida Com um meigo sorriso nos lábios Sensuais Um olhar tranquilo Na transparência das retinas Um braço estendido Como apelo aos sentidos Uma mão aberta À espera da minha mão insegura Um afago Um abraço Um beijo
Se soubesse Que pedras pisam os teus pés descalços Que sombras delineiam na calçada Que silhueta transparece na luz Como um fino fio de esplendor Num gesto mágico Correria como um louco Para te ver Para te abraçar Para te ter Para te amar
Pergunto ao vazio do coração Onde está o olhar Que me retrata O sorriso Que me fulmina num clarão Intenso e total Os dedos Que experimento sobre a derme Em forma de ventania ou tufão Que tenho em mim Sem saber o que é
Tenho-te suspenso na carne Como uma veia Um sopro uma fantasia Liberta pelos poros dum sono Transpirado Enovelada num desejo Envolvente
Soubesse onde estás Encurtaria todas as distâncias Correria de braços abertos Gritaria com a voz dos pássaros O teu nome Todos os nomes que desconheço Com a esperança desfraldada Na minha necessidade de ternura
Oh paixão que não tenho Porque gravas a ferro na minha voz a ausência Das longas noites de solidão Porque escreves na ansiedade dos músculos A urgência De te adorar como um deus De te ver como uma estrela De te sonhar De te ter
Diz-me Da opacidade da noite Onde o nevoeiro dos sonhos te guarda Que caminho de cristais e nenúfares devo seguir Acalenta neste peito sangrado Uma promessa escrita na areia Com a penas de uma gaivota faz-me rir Deixa-me brincar Quero ser de novo aquele menino Que acreditava que a felicidade Escrevia poemas de amor Nas salas de aula da sua puberdade
Porque não vens Se me esventro ao perfume da tua pele Se me recolho no calor do teu corpo Se gemo este prazer deslapidado À sensualidade leviana Do teu toque Do teu sopro Do teu sussurro
Ai Que profunda saudade Do amor que não tive Sempre foi um sonho Um sonho
Por favor Deixem-me dormir eternamente Quem sabe Aquele que me protege e anima Por dentro de todos os infinitos Aquele que me compreende Por dentro de todos os anseios Não virá a mim Com uma rosa vermelha Entre os lábios - Apenas uma rosa vermelha - Não incendiará este fogo ancestral Que sufoca Que queima Para me dizer - olá Simplesmente olá
Deixem-me dormir Sonhar esse sonho complacente Realizar essa obcecada premonição Que pressagia Que algures Num tempo qualquer Junto daquele que virá Mesmo sem saber quem é Serei feliz
17 Agosto 2009 antóniocasado
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