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QUEM SERÁ

 
Tags:  In - CLAMOR DO VENTO  
 
Quando sonho
Uma brilhante estrela candente
Povoa-me os sentidos
Com imagens de paraísos distantes
Onde
À porta de uma nuvem
Alguém me convida
Com um meigo sorriso nos lábios
Sensuais
Um olhar tranquilo
Na transparência das retinas
Um braço estendido
Como apelo aos sentidos
Uma mão aberta
À espera da minha mão insegura
Um afago
Um abraço
Um beijo

Se soubesse
Que pedras pisam os teus pés descalços
Que sombras delineiam na calçada
Que silhueta transparece na luz
Como um fino fio de esplendor
Num gesto mágico
Correria como um louco
Para te ver
Para te abraçar
Para te ter
Para te amar

Pergunto ao vazio do coração
Onde está o olhar
Que me retrata
O sorriso
Que me fulmina num clarão
Intenso e total
Os dedos
Que experimento sobre a derme
Em forma de ventania ou tufão
Que tenho em mim
Sem saber o que é

Tenho-te suspenso na carne
Como uma veia
Um sopro
uma fantasia
Liberta pelos poros dum sono
Transpirado
Enovelada num desejo
Envolvente

Soubesse onde estás
Encurtaria todas as distâncias
Correria de braços abertos
Gritaria com a voz dos pássaros
O teu nome
Todos os nomes que desconheço
Com a esperança desfraldada
Na minha necessidade de ternura

Oh paixão que não tenho
Porque gravas a ferro na minha voz a ausência
Das longas noites de solidão
Porque escreves na ansiedade dos músculos
A urgência
De te adorar como um deus
De te ver como uma estrela
De te sonhar
De te ter

Diz-me
Da opacidade da noite
Onde o nevoeiro dos sonhos te guarda
Que caminho de cristais e nenúfares devo seguir
Acalenta neste peito sangrado
Uma promessa escrita na areia
Com a penas de uma gaivota
faz-me rir
Deixa-me brincar
Quero ser de novo aquele menino
Que acreditava que a felicidade
Escrevia poemas de amor
Nas salas de aula da sua puberdade

Porque não vens
Se me esventro ao perfume da tua pele
Se me recolho no calor do teu corpo
Se gemo este prazer deslapidado
À sensualidade leviana
Do teu toque
Do teu sopro
Do teu sussurro

Ai
Que profunda saudade
Do amor que não tive
Sempre foi um sonho
Um sonho

Por favor
Deixem-me dormir eternamente
Quem sabe
Aquele que me protege e anima
Por dentro de todos os infinitos
Aquele que me compreende
Por dentro de todos os anseios
Não virá a mim
Com uma rosa vermelha
Entre os lábios
- Apenas uma rosa vermelha -
Não incendiará este fogo ancestral
Que sufoca
Que queima
Para me dizer - olá
Simplesmente olá

Deixem-me dormir
Sonhar esse sonho complacente
Realizar essa obcecada premonição
Que pressagia
Que algures
Num tempo qualquer
Junto daquele que virá
Mesmo sem saber quem é
Serei feliz

17 Agosto 2009
antóniocasado







 
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antóniocasado
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/08/2010 00:29  Atualizado: 10/08/2010 00:29
 Re: QUEM SERÁ
Bela e sentida poesia! Que os seus sonhos se tornem realidade! Um abraco!


Enviado por Tópico
MariaDeCarvalho
Publicado: 10/08/2010 12:01  Atualizado: 10/08/2010 12:01
Da casa!
Usuário desde: 11/03/2009
Localidade: Suiça
Mensagens: 421
 Re: QUEM SERÁ
Ola amigo,

Já faz tempo que não leio ninguém, nem comento...

Mas passando pelo site, o que faço, sem postar...
Gosto de te visitar...tento ser selectiva...

Este poema é talvez, o teu melhor...
Li, reli e é demasido bom, não em relação à merda que aqui leio...se me faço entender...

Beijos, até breve,
Maria