Vale

Data 17/08/2010 14:14:52 | Tópico: Poemas

De que vale estarmos à espera
que gire, gire a louca esfera...

De que vale imaginar mares,
rios além dos vales frios
do presente.

De que vale?

viver à espera do poente
e quando às estrelas sorriem
esperar ansiosamente
o sol, nascente.

De que vale?

Valer a menos
acreditar no "pelo menos..."
e enfartar-se de migalhas?

Tecer mortalhas belas
colocar luto e fumo às janelas
fechar o corpo, torna-lo santo
bordar eterno manto
e desfiá-lo a cada noite?

Auto flagelar-se com açoite
de verbos bem casados?

De que vale?

Ver todos os lados
se nenhum favorece?

Vale?

Vale o quanto é belo uma flor que floresce
a guisa do jardineiro
vale o segundo anterior ao que fenece
uma amor que não aquece
por não ser verdadeiro.

Vale?

Aprender o caminho
sentir-se bem sozinho
saber que não é o primeiro
e muito menos o derradeiro

amor que não foi verdadeiro.

Vale é estar vivendo
pulsar, voar e seguir vendo
tudo que há no ar
refletido na poeira
do que se vai sofrendo...

Cheirar anósmica
esta poeria cósmica
com a sensação de estar transcendendo
para um dia quem sabe,
acabar ser tudo, não sendo.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=146743