Poemas : 

Vale

 
Tags:  reflexão  
 
De que vale estarmos à espera
que gire, gire a louca esfera...

De que vale imaginar mares,
rios além dos vales frios
do presente.

De que vale?

viver à espera do poente
e quando às estrelas sorriem
esperar ansiosamente
o sol, nascente.

De que vale?

Valer a menos
acreditar no "pelo menos..."
e enfartar-se de migalhas?

Tecer mortalhas belas
colocar luto e fumo às janelas
fechar o corpo, torna-lo santo
bordar eterno manto
e desfiá-lo a cada noite?

Auto flagelar-se com açoite
de verbos bem casados?

De que vale?

Ver todos os lados
se nenhum favorece?

Vale?

Vale o quanto é belo uma flor que floresce
a guisa do jardineiro
vale o segundo anterior ao que fenece
uma amor que não aquece
por não ser verdadeiro.

Vale?

Aprender o caminho
sentir-se bem sozinho
saber que não é o primeiro
e muito menos o derradeiro

amor que não foi verdadeiro.

Vale é estar vivendo
pulsar, voar e seguir vendo
tudo que há no ar
refletido na poeira
do que se vai sofrendo...

Cheirar anósmica
esta poeria cósmica
com a sensação de estar transcendendo
para um dia quem sabe,
acabar ser tudo, não sendo.


Ana Lyra

 
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anakosby
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/08/2010 14:27  Atualizado: 17/08/2010 14:27
 Re: Vale p/ analyra
analyra, um poema difícil de comentar... Porque eu não sei o que vale(o poema vale), sempre me interroguei sobre o valor das coisas e se vale ou não a pena essa minha interrogação, de qualquer modo, fica sabendo que ler-te É ESTAR VIVO !

Beijo


Enviado por Tópico
joãomestreportugal
Publicado: 17/08/2010 15:59  Atualizado: 17/08/2010 15:59
Super Participativo
Usuário desde: 18/07/2010
Localidade: Portugal
Mensagens: 136
 Re: Vale
Cara Analyra,

Valeu a pena amealhar as suas interrogações para memória futura.

Gostei imenso de a ler.

Obrigado

João Mestre Portugal


Enviado por Tópico
GeMuniz
Publicado: 17/08/2010 16:19  Atualizado: 17/08/2010 16:19
Membro de honra
Usuário desde: 10/08/2010
Localidade: Brasil
Mensagens: 7283
 Re: Vale
Se não vivessemos não saberíamos da vida, não é? Acho que aí reside o maior valor. Os sofrimentos são inevitáveis e correntes e as alegrias os bônus que dão cor e alento.

Bj Poeta


Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 17/08/2010 16:55  Atualizado: 17/08/2010 16:55
Membro de honra
Usuário desde: 14/05/2008
Localidade: Leiria
Mensagens: 10301
 Re: Vale
o que vale a nossa vida?
as nossas certezas?
os nossos medos?
os nossos sonhos?
vale tudo, não valendo nada,
porque só na percepção espiritual do que sentimos encontramos algumas das respostas.
Um beijo Poeta, que te encontres bem são os meus
votos.
Vóny Ferreira


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 18/08/2010 21:47  Atualizado: 18/08/2010 21:48
 Re: Vale
oi linda segundo o que percebi do poema e pelo genero é uma refeleção, em que poens tudo em causa e o amor esta em duvida se entra no jogo das duvidas,

Sera que vale apena o amor?

Acho que tem dias quando é correspondido

e mesmo não sendo mesmo doendo e a duvida cresçe com os anos

Do que vale ficar na duvida?

Bjs gostei do poema

bjs
bjs

Enviado por Tópico
luciusantonius
Publicado: 18/08/2010 22:37  Atualizado: 18/08/2010 22:37
Colaborador
Usuário desde: 01/09/2008
Localidade:
Mensagens: 669
 Re: Vale
Talvez valha a pena

Este poema, talvez pela hora tranquila em que o leio, desafia-me a um comentário que gostaria fosse lúcido: tanto quanto penso ele expressa o sentir do ser humano na alegria, no sofrimento, naquela penumbra que separa os dois, afinal em tudo o que tem que ver com a existência. Feitas as contas, e como sugere, somos tentados a ler na vida com o maior realce o lado sofrido, a dor seja de que natureza seja. Nesta hora penso que o maior problema do homem reside nele mesmo, naquilo que foi constituindo a sua razão de viver, nos seus objectivos muito pessoais, quero dizer, que têm que ver com a sua própria pessoa ou com aqueles a quem está umbilicalmente ligado. Ao fim e ao cabo (é o que penso nesta hora), uma questão que me atrevo a considerar de um certo (talvez muito) egoísmo. Evidentemente que me refiro às camadas humanas que usufruem do muito e mesmo aquelas que vivem nas barreiras do essencial, do suficiente. Nesta hora nostálgica ouso admitir que o problema do homem (o meu próprio grande problema) reside nesse tal egocentrismo. Talvez o homem, as sociedades, tenham uma volta profunda a dar às suas mentes e meterem na cabeça que a nossa felicidade está na felicidade dos outros, naquela que somos capazes de lhes dar, naquilo que porventura transborda das nossas mesas. Caríssima poeta: fui abusivamente extenso, mas foi um desafio que o seu poema me colocou. Relendo-me acredito nas minhas considerações, mas fico a perguntar-me quando é que eu próprio dou o grande passo, por que se trata de um grande passo.
Obrigado por me ter inspirado uma reflexão que até não me desagrada.
As minhas melhores saudações

Antonius