Ruminação

Data 19/08/2010 01:45:27 | Tópico: Poemas

E deitava harpas e ravinas
e acordava harpias e rapinas
devorando o fígado regenerado
deglutindo o futuro renegado.

Por apenas uma ilusão estética.

E assim dormia dia
acordava noite escura
dormia saciedade
acordava secura.

Por apenas uma solução mimética.

Foi tanto e de tanto tão ruim
que um dia viu-se feliz
percebeu-se não mais atriz
deu-lhe enfim um inexorável fim...

Partindo-lhe em mil pedaços
arrancou-lhe os braços
apagou-lhe os passos
e seus traços? Leu-os, enfim
com os olhos da verdade
percebeu-os baços e escassos,
pobres e sem liberdade,
traços, parcos traços,
bagaços de um ser que luta sem saber-se bom ou ruim.

Percebeu-se, então
o pobre e ingnóbil rufião
não era nem anjo ou querubim
era apenas uma ilusão,
uma projeção de um ser de mim.

Pleonásmico e sem razão,
predestinado a ruminar capim.





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