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Ruminação

 
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E deitava harpas e ravinas
e acordava harpias e rapinas
devorando o fígado regenerado
deglutindo o futuro renegado.

Por apenas uma ilusão estética.

E assim dormia dia
acordava noite escura
dormia saciedade
acordava secura.

Por apenas uma solução mimética.

Foi tanto e de tanto tão ruim
que um dia viu-se feliz
percebeu-se não mais atriz
deu-lhe enfim um inexorável fim...

Partindo-lhe em mil pedaços
arrancou-lhe os braços
apagou-lhe os passos
e seus traços? Leu-os, enfim
com os olhos da verdade
percebeu-os baços e escassos,
pobres e sem liberdade,
traços, parcos traços,
bagaços de um ser que luta sem saber-se bom ou ruim.

Percebeu-se, então
o pobre e ingnóbil rufião
não era nem anjo ou querubim
era apenas uma ilusão,
uma projeção de um ser de mim.

Pleonásmico e sem razão,
predestinado a ruminar capim.




Ana Lyra

 
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anakosby
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Enviado por Tópico
GeMuniz
Publicado: 19/08/2010 03:41  Atualizado: 19/08/2010 04:08
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Usuário desde: 10/08/2010
Localidade: Brasil
Mensagens: 7283
 Re: Ruminação
E toma-se a decisão de jamais abrir mão de se escrever com o próprio sangue? Dilemas de quem escreve bem, jamais do medíocre. Esse ponto parece que se movimenta de um extremo a outro ao longo da vida, não? Os atentos sempre escapam à mecanicidade... não sei se capturei o texto do modo que você queria transmitir, mas senti sua poesia assim em mim, paciência... Culpa sua: você disse na resposta do outro comentário que eu cheguei no ponto correto e agora fico aqui a tentar acertá-lo.. rsrsrs. Brincadeira poeta. Qualquer visão vale!

Bj