EU

Data 22/08/2010 19:44:41 | Tópico: Poemas

Eu sou uma criatura pálida e fria
Morfogênese de um rubro clandestino
Delírio de um esperma e de um óvulo insensatos...
Feto vago e tão cheio de vazio...
Túmulo incoerente – dissolvido e esquecido
Segredo de solidões reveladas.

E jaz aqui aquele que o genoma chama:

“De o último martírio infinito
Livre dos simétricos decassílabos
Putrefação dessa arquitetura belamente agoniada...”

Então questionem em vão essa úlcera de raciocínio!
E experimentem de graça esse gozo hereditário
Excremento desse estéril herdeiro sombrio
Incógnito cosmo de silogismo caído
De um mero oito de monólogos sucessivos e escarros...

E lembrem que nem o isolamento da multidão
Foi capaz de moldar com a dor
O Poeta de letras precisas e sentimentos quebrados...

Oh! Escombros, tosse, ora cuspe, ora catarro.
Pois ao sopro de ar é como os outros, perecível.
Mas em poesia imaterializável
Por ser exorcista do silêncio
E tradutor de sua sonoridade inefável...

POESIA EXTRAÍDA DO LIVRO "ÂMAGO" - CAPÍTULO III - SUORES.

POETA: FRANKLIN MANO - BRASIL

SITE OFICIAL www.franklinmano.com



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