Eu sou uma criatura pálida e fria
Morfogênese de um rubro clandestino
Delírio de um esperma e de um óvulo insensatos...
Feto vago e tão cheio de vazio...
Túmulo incoerente – dissolvido e esquecido
Segredo de solidões reveladas.
E jaz aqui aquele que o genoma chama:
“De o último martírio infinito
Livre dos simétricos decassílabos
Putrefação dessa arquitetura belamente agoniada...”
Então questionem em vão essa úlcera de raciocínio!
E experimentem de graça esse gozo hereditário
Excremento desse estéril herdeiro sombrio
Incógnito cosmo de silogismo caído
De um mero oito de monólogos sucessivos e escarros...
E lembrem que nem o isolamento da multidão
Foi capaz de moldar com a dor
O Poeta de letras precisas e sentimentos quebrados...
Oh! Escombros, tosse, ora cuspe, ora catarro.
Pois ao sopro de ar é como os outros, perecível.
Mas em poesia imaterializável
Por ser exorcista do silêncio
E tradutor de sua sonoridade inefável...
POESIA EXTRAÍDA DO LIVRO "ÂMAGO" - CAPÍTULO III - SUORES.
POETA: FRANKLIN MANO - BRASIL
SITE OFICIAL
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