
Gloriosamente amortalhada
Data 16/08/2007 13:56:24 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
| Esta imagem retorcida, angulada, arrevesada, disformemente reflectida no espelho das águas...
... não reconheço o gesto, o tacto.
Nem a força carregada nas órbitas. No azul que é verde, no verde que é mate.
Nem o cheiro necessário e harmonioso, tão pouco a voz ébria do mosto, do canto que expele lombrigas pelos ânus da vida, que suprime segregada e muda a fome de muitos dias.
Esta reprodução líquida em águas frias, que se eleva em fumarolas, tais pedras rubras, em espirais definitivas de nervos degolados À voz dos dedos À voz dos cérebros Aos acervos fósseis e suas escórias.
Abro as vagas e as marés, por dentro, rasgo folhas gelatinosas ao tempo, aniquilo ramagens imprecisas num espasmo, num cio por fim liberto no eco de uma concha residual e sua ostra.
Gloriosamente amortalhada, deslizo imagem baça em estendais de chuva.
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