Poemas -> Surrealistas : 

Gloriosamente amortalhada

 
Esta imagem retorcida, angulada, arrevesada,
disformemente reflectida no espelho das águas...

... não reconheço o gesto, o tacto.

Nem a força carregada nas órbitas. No azul
que é verde, no verde que é mate.

Nem o cheiro necessário e harmonioso,
tão pouco a voz ébria do mosto,
do canto que expele lombrigas pelos ânus da vida,
que suprime segregada e muda a fome de muitos dias.

Esta reprodução líquida em águas frias,
que se eleva em fumarolas, tais pedras rubras,
em espirais definitivas de nervos degolados
À voz dos dedos
À voz dos cérebros
Aos acervos fósseis e suas escórias.

Abro as vagas e as marés, por dentro,
rasgo folhas gelatinosas ao tempo,
aniquilo ramagens imprecisas num espasmo,
num cio por fim liberto no eco de uma concha
residual e sua ostra.

Gloriosamente amortalhada,
deslizo imagem baça em estendais de chuva.


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Autor
Mel de Carvalho
 
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