Um sem Nome

Data 16/09/2010 00:33:34 | Tópico: Poemas -> Reflexão

Sem saber de onde vinha
Chegou, assombrado com tantas luzes
Eram tantas as visões que,
Abismado, se timidou no beco da rua
Ali, sozinho e escondido da noite
Enrolava-se no frio que lhe tremia
E a noite por ser noite não brilhou
E deu lugar ao dia
Que num breve e cínico açoite
Pereceu, dando lugar à noite
E o pobre ali sozinho, sim, o tal
Que esquecera o seu caminho
Percebeu que havia o dia
E quando este acordou
Tal pobre, pegou uma correria
Até que depressa chegou
Ao fim do dia

Aos tambores da noite
E aos gritos silenciosos da madrugada
Aqueles que afligem de não dizer nada
Aqueles que atropelam a sua caminhada


E o pobre, determinado,
No beco ficou parado

Era o SENHOR da agonia
O PROPRIETÁRIO da má sorte
O PATRÃO da miséria
Era o pobre, o REI da morte

Sem saber de onde vinha
Do nome vagabundo à sua mercê
Do nome pouco que nem tinha
Pereceu sem saber porquê

(Nelson Medeiros)



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=151226