Ode aos Espinhos

Data 07/10/2010 18:25:00 | Tópico: Poemas

Ode aos Espinhos

Depois que caíram as Rosas
É que viram os Espinhos
Como uma revelação indecorosa
Que subitamente surgira no caminho.

E viram os espinhos não porque o enxergaram
Mas porque inesperadamente
Eles, mesmo imóveis, atacaram
As mãos que da roseira se aproximaram de repente.

O sangue que então deslizara
Fizera brotar uma questão
E a última Rosa viva empalidecera
Ao ver seu destino morrer naquelas mãos.

E por muito tempo ainda
Mesmo após aquela Rosa ter murchado
A imagem que preservara-se mais linda
E o gesto mais nobres não foram notados:

A um canto do jardim, longe dos olhos e do caminho,
Distante das coisas belas e apreciadas,
Continuavam, como se estivessem vivos, os Espinhos
A proteger a sua Rosa amada.


(Denise Fissant)



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