SILÊNCIO DECADENTE

Data 13/10/2010 00:05:15 | Tópico: Poemas -> Reflexão

O silêncio
Cúpula
Na copa mansa das árvores
Alheio à impotência dos gemidos

Um trapo de solidão e tristeza
Veste-se em nós

Nos píncaros do medo
A convicção da inalterável imortalidade
Do tempo
Realça nas rugas plebeias
Recalcados desejos
De liberdade

Como encontrar nesta guerra
Um limbo de serenidade?

Pelos dedos torturados de presságios
Evadem-se secretos beijos
Rubras paixões
Cânticos evadidos
Emoções

Impregnados de liberdade
Imunizam
Do silêncio
A verdade

Delira o chicote da insanidade
Trespassando de temores e vícios frívolos
Na carne rasgada dos homens
Livres
Que rabiscam nos muros estagnados
Lágrimas feridas
Fúnebres martírios
Dum presente
Que aos poucos expira

Entorna-se o caldo da espera!

O fanático delírio investe
A soldo do silêncio
De si mesmo prisioneiro
Contra os espoliados
Do pão
O ano inteiro

Um alfinete de jarros
Papoilas e nenúfares
Acalenta ilusões
Possíveis

Impávido e distante
Mergulhado no ácido da luxúria
Sentado num trono de urtigas
Copulando nas árvores
Inventando liberdades agrilhoadas
Ainda teima impor
Mercenárias frustrações
às cordas vocais
Desta gente...

Todo o silêncio
É decadente!

antóniocasado





Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=155208