Chamo-me raiva E estou grávida De um grito agudo Que carrego Dentro de mim
Foi gerado à força Numa cópula maldita Num beco escuro Entre o fio de uma navalha E uma parede fria
Hei-de pari-lo Numa noite destas Quando voltarem os lobos E uivarem em coro A uma lua incandescente
Nesse preciso momento Algo rasgará o silencio E ouvir-se-à Um eco estridente De um grito medonho Que galgará Os muros do crepúsculo Até ao cabo do infinito...
Devastará cidades E províncias Ensurdecerá os vivos Paralisando-lhes o resto dos sentidos E ressuscitará os mortos Que se erguerão dos seus túmulos
Nesse dia Cumprir-se-à a profecia De todos os demónios Que na terra habitam Há milénios Disfarçados de homens comuns...
E alguém anunciará a boa-nova Que ditará os destinos De um mundo decrépito Corrompido e moribundo Mesmo à beirinha do colapso
Nesse dia Ouvir-se-à De uma voz cavernosa Uma só frase
Uma frase curta E seca... Nasceu a besta!

Publicação original: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=82744
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