De que vale servir-me desta imensa cobertura Que m’arrasta o sono Neste imenso degredo Submerso num sonho Reencarnando esta loucura emergente Este simples pacto com a morte
Assim a esvair-se por dentro Sempre que o tempo me leva para longe Deste consagrado leito Quando me ouço nestes ais onde me deito
A noite é uma sombra que m’enlaça o corpo E a alma ronda uma silhueta Que quer à força ser Um ser vivente Sob o maremoto que a engole inteira E a devolve enlaçada em laços finos De pura seda marítima
Não fosse ela a continuação de mim Nas margens de um rio Que se quer fugitivo das marés fortes E me trazem sempre o mar Em tempo de tempestade
Não fosse eu uma força A caminhar no escuro A ver com todos os olhos da noite Um tornado quente nos braços De quem tem medo E não sabe ser mar Nem rio Nem sombras Nem noite Acabando como gota de orvalho Espalmada na atmosfera
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