Poemas -> Introspecção : 

Abrigando o medo

 
De que vale servir-me desta imensa cobertura
Que m’arrasta o sono
Neste imenso degredo
Submerso num sonho
Reencarnando esta loucura emergente
Este simples pacto com a morte

Assim a esvair-se por dentro
Sempre que o tempo me leva para longe
Deste consagrado leito
Quando me ouço nestes ais onde me deito

A noite é uma sombra que m’enlaça o corpo
E a alma ronda uma silhueta
Que quer à força ser
Um ser vivente
Sob o maremoto que a engole inteira
E a devolve enlaçada em laços finos
De pura seda marítima

Não fosse ela a continuação de mim
Nas margens de um rio
Que se quer fugitivo das marés fortes
E me trazem sempre o mar
Em tempo de tempestade

Não fosse eu uma força
A caminhar no escuro
A ver com todos os olhos da noite
Um tornado quente nos braços
De quem tem medo
E não sabe ser mar
Nem rio
Nem sombras
Nem noite
Acabando como gota de orvalho
Espalmada na atmosfera
 
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ÔNIX
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Enviado por Tópico
mariagomes
Publicado: 19/10/2010 10:38  Atualizado: 19/10/2010 10:38
Colaborador
Usuário desde: 18/04/2010
Localidade:
Mensagens: 1614
 Re: Abrigando o medo
Olá amiga, sempre com beleza os teus poemas, quando aqui venho gosto de ler, grande inspiração, parabens.
beijinhos
mariagomes


Enviado por Tópico
Clarisse
Publicado: 19/10/2010 15:09  Atualizado: 19/10/2010 15:09
Da casa!
Usuário desde: 24/09/2009
Localidade: aqui
Mensagens: 392
 Re: Abrigando o medo
Servimo-nos daquilo que nos é dado para tal, não?
Gostei especialmente desta parte
Citando:
Não fosse eu uma força
A caminhar no escuro
A ver com todos os olhos da noite
Um tornado quente nos braços


Uma viagem constatando, sonhando, talvez tentando vencer o medo que fica depois do que se já viveu.
Beijo,
Clarisse