SOLILÓQUIO

Data 21/11/2010 02:16:49 | Tópico: Sonetos

Fiz-me poeta, um dia e, pela vida afora,
Saí cantarolando coisas da alma pura.
Em tudo via graça e cor e formosura...
Desiludido e só, diante do espelho, agora

Escuto de minh’alma a voz de escárnio, dura:
- “Por que não cantas essa dor que te devora ?
Enalteceste o amor, cantando à vida, outrora,
Agora canta!... Agora canta à desventura!...”

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Alma infeliz que sou!... Por que te afliges tanto?
Ninguém pode ascender sem conhecer o pranto!
Que eu sorva, agora, o fel por dádiva, também!

Tisnem-se os dias meus, venham os dissabores!...
Que amargue, miserando, as merecidas dores!
Hei de saber vencê-las e seguir além...



(Do opúsculo "Oásis de Luz", de Sersank)
(Direitos autorais registrados e protegidos por lei)

Imagem: Saint Francis in ecstasy, de Francisco de Zurbaran



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