
MEUS SONETOS VOLUME 025
Data 26/11/2010 06:47:31 | Tópico: Sonetos
| 2401
Amor que me inoculas cria lendas E nele me vicio a cada dia. Deitando nosso sonho nessas tendas Defronte, tão somente a fantasia.
Insanas ardentias nos tomando, Nas sombras de teus braços, acalanto. O mar em fortaleza nos banhando Traçando o meu destino em puro encanto.
No quanto tanto quero o teu querer O quando se mostrando desde agora O rio que em delícia a se verter Converte todo o gozo que se aflora
Frondosas esperanças, alamedas, Desejos que eu bem quero e me segredas...
2402
Amor que me invadiu tão docemente Não deixa sequer margem pra tristeza; Rondando minha vida põe a mesa Trazendo toda a festa que se sente.
No tempo em que vivera tão ausente, Não soube da alegria nem beleza, Porém ao te tocar tive a certeza Da vida já pulsando, novamente.
Amor tal sentimento a que me presto Vibrando em minha vida porta a rosa Tomando cada dia, que não parta.
Não quero ser somente um ledo resto Nem quero mais a noite tenebrosa. Desejo a tua carne, intensa e farta...
2403
Amor que me provoca uma abasia, Cruel não me permite movimento, Divino me seduz, paralisia Legando essa saudade, testamento...
Brilhantes e temida fantasia, Respiro com total constrangimento, Amor que me perturba, cega o dia... Não trama nem poder e esquecimento
Explosões nucleares já me causas, Esperas se transformam agonias... Batendo desespero, sequer pausas,
Amor que me provoca riso e farsa. Restando assim, sementes tão vazias, Amor só, necessita da comparsa...
2404
Amor que me refaz, deixa tranqüilo, Não posso controlar, a vida grita... Passando por memórias que compilo, A noite que singramos, infinita...
Das dores que me mostras, me depilo, És pérola mais rara, uma pepita, Amor de Perdição, disse Camilo, És minha personagem, bela Rita...
Tu és essa certeza mais divina, Fulguras, irradias energias... És mansidão feliz e cristalina,
Desejo terminar meus pobres dias, Nos braços carinhosos da menina Que já materializa fantasias...
2405
Amor que me tomando me extasia Em flores e perfumes delicados. Tornando cada dia em fantasia E sonhos que serão recompensados Por outro amor repleto em alegria Mostrando que o futuro lança os dados
E mostra minha sorte mais completa Nas flores estampadas dentro em mim. Cupido, perspicaz atira a seta E atinge o coração. Amando assim A vida nos teus braços se repleta E nasce em toda rosa do jardim...
Meu canto não se cansa de buscar Amor que se fez raio de um luar... Amor que me tomara
2406
Amor que me tomando A sorte em suas mãos Tramando em raros grãos O tempo audaz e brando, Aos poucos transformando E nisto venço os nãos E sei dos dias vãos Enquanto busco o quando. Represa dentro em nós A vida sem a foz Grassando em estuário Diverso do que pude Ainda mesmo rude, Porém não temerário.
2407
Amor que me tomara As rédeas deste sonho E quando além proponho A vida em jóia rara, A sorte se escancara E nela me componho Ousando mais risonho O todo onde se ampara; Viceja esta esperança E o passo enquanto avança Traduz felicidade Vestindo esta certeza Do amor sou mera presa, Buscando a liberdade.
2408
Amor que me tornou mais aloprado, Se deveu a farsantes montarias... Nave que perdeu rumo, fez estrado Com as lenhas que colhe nem estias...
Amor que me tornou queimou o prado, No prato que cuspiste, ventanias... Não quero amor assim, sequer assado Vivendo brincadeiras e orgias...
Amor mais aloprante, pra que quero? Não me perdoe nunca mais, sincero... No que se desprendeu, perdeu sentido...
Amor que jamais cego, dividido Me faz um arremedo de saudade. Amor assim não trará felicidade...
2409
Amor que me tramara novo canto Se espanta com teu brilho, mulher-sol. E vive se explodindo num encanto, Na mágica atração por teu farol.
Das Minas mais douradas do meu sonho, As pedras preciosas, diamantes. Te quero, minha rosa, te proponho, Os dias mais amantes e brilhantes.
Conquanto nosso amor é néctar puro, É sol que se embrenhando traz a lua. No mármore esculpi nosso futuro, E a vida, transformada, continua...
E sinto que faremos novos filhos, Nos raios tão sedentos, nossos trilhos
2410
Amor que me tramara A sorte reluzente No quanto a gente sente A vida sendo amara A noite se faz clara E bebe plenamente A lua onde se assente A sorte mansa e rara. Invisto, cavaleiro No sonho derradeiro E busco esta certeza Do quanto ser feliz Vivendo o que mais quis Vencendo a correnteza.
2411
Amor que me treslouca enquanto amansa O coração feroz que assim graniza, Nas cores deste sonho se matiza O mundo que imagino em esperança.
Navego por teu corpo qual criança Que a vida em alegria aromatiza Fartura de prazeres já se alcança No vento que me toca e assim me avisa
De que é possível crer em novo dia, Forrando meu viver em poesia Deixando bem distante o sofrimento.
Quem teve em vida apenas duro fardo Afasta do caminho urzes e cardo E encontra finalmente o seu alento...
2412
Amor que me domina E toma cada passo Aonde quero e traço A vida em rara sina, O quanto se destina Vencendo este cansaço E trago enquanto faço O mundo em farta mina, Exígua poesia E sei que me faria Apenas sonhador. Viceja esta esperança Enquanto o passo avança Supera qualquer dor.
2413
Amor que na abundância ou na miséria Não deixa de querer quem te quer bem, Do abismo mais profundo à noite etérea, Envolto nestes mantos sempre vem...
Não me permite mais tomar assento No banco das tristezas e das dores, Em meio a tais carinhos me contento E flagro-me roubando jardins, flores...
Livre dos medos tolos, insensatos, Caminho em cordilheiras mais audazes, Bebendo a mansidão destes regatos Percebo em nosso amor forças tenazes
Que tanto acariciam que alucino, Completam meus desejos de menino...
2414
Amor que não amava nem recolho, As vestes dos valetes e das damas... Meu olho que te mira, nem restolho. As almas se deliram, nossas camas...
Tu clamas meus reclames, teu ferrolho. As palmas se repetem, novas tramas... Reparas nas aparas, no repolho, Amarras as amaras armas amas...
Não pré e nem concebo sem motivo. Moto continuado sou remoto... Ateio tenaz teia sou cativo.
Meu ventre não adentre, pois não parto. Não pranto nem remanso, feto e foto, Nas guerras que nem cerras não aparto...
2415
Amor que não combina com prudência Nem laudos. Tão somente de perícia Vivendo cada sonho com carícia, Rimado com prazer? Jurisprudência!
Não tema se parece uma indecência O verso que te faço, sem malícia, Apenas desfrutar desta delícia Não permitindo enfim uma ingerência
Daqueles que não sabem bem viver, Eu quero tão somente o teu querer, Da nossa fantasia, promotor.
Ajuizando as causas num libelo, O quanto de desejo eu te revelo Ao advogar em nome deste amor.
2416
Amor que não dá tréguas, sem limites Transforma a minha vida totalmente Imerso em teus desejos, não me evites Entregue ao nosso amor, completamente.
Assim acreditava piamente Jamais aceitaria outros palpites A cada novo gozo que me incites Em teus braços a mágica envolvente.
Revejo tua imagem com saudade, O tempo foi cruel ao relegar Ao sonho a tão temida realidade.
De tudo o que nós fomos; nada resta, A morte vem chegando devagar À sombra da saudade, amor me infesta...
2417
Amor que não descansa em chama intensa Não deixa sossegar a quem adora. Por mais que esta batalha o corpo vença A moça se reforça e quer toda hora.
Colhendo no seu corpo a recompensa Assim que mal termina já se aflora Furor que não existe a quem convença Termina com ardor e revigora.
Comprei uma farmácia, mas salário Tu sabes tem limites, meu amor. Além de tudo, sendo sempre e vário
Não tenho quase tempo pro trabalho. Tu pensas que ele está ao teu dispor, Desculpe, por favor, um ato falho...
2418
Amor que não domino, sem razão, Vasculha todo canto desta casa; Derrama insensatez no coração E sem nenhum pudor, decerto abrasa...
Torrente tresloucada; não detenho. Inunda simplesmente e nem pergunta. Amor quando é demais que já contenho, As dores e alegrias; tão cedo, junta.
Na glória fugidia deste encanto, As heras dominando meu jardim; O rumo destes sonhos, riso e pranto; Explodem, num segundo, dentro em mim.
Amor quando é de amor assim cativo, Penumbra, luz e trevas de que vivo...
2419
Amor que não merece nem cem rúpias Amor que não valora nem carinho... Envolto nas lembranças de volúpias, Desmancha-se imbecil, segue sozinho...
Amor que se fingira nos frementes Desejos que não trazem nova espera... Farsante se despede das torrentes. No fundo silencia e desespera...
Amor tão causticante já claudica... Esfacela escoria e nunca cura... A morte por saída, melhor dica...
O canto fogaréu que não inflama... A máscara impedindo uma ternura, O resto do que fomos jogo à chama...
2420
Amor que não permite a coação De quem em frágil sonho vem, destrói. A dor que tantas vezes nos corrói Jamais alcançará meu coração.
Eu teimo em perceber quanto a lição Ensina a quem os erros já remói, Por mais que o pensamento ainda sói Viver cada tormento. Tentação...
Ao ter tua atenção feita em carinho, Eu sei que não serei tanto sozinho, Encantos adivinho em cada verso.
E sinto o benfazejo vento vindo, Trazendo um novo dia, claro e lindo, Dos tempos tão sofridos, bem diverso...
2421
Amor que não permite que te peça Apenas uma noite a mais comigo. Retiro tua roupa em cada peça Buscando no teu corpo o meu abrigo.
Na sorte deste sonho se confessa O templo, raro altar, que assim persigo. Embora tão sedento, em louca pressa Eu sei que amor não pode ter perigo.
Não posso mais, querida, me perdoa. Amor que sei nos toma, sem fronteiras, Porém já percebeu o seu limite.
Não quero que o prazer enfim te doa, Nem quero tuas lágrimas certeiras. Espero enfim curar bartolinite...
2422
Amor que não precisa nem de juras Pois é já de per si um juramento Lavrado com sorrisos e ternuras Sem dar satisfação ao sofrimento.
As almas que se tocam, voam puras Em torno desta luz do sentimento, Matando o que houvera em amarguras Libertas, soltas, voam com o vento.
Num enlevo fantástico e tão terno Os gestos de carinho são constantes. O bom de ser assim, pra sempre, eterno
É ter a liberdade de cantar Saber que sempre irão tão radiantes As asas que aprenderam a voar..
2423
Amor que não pretendo fosse vário, Traga minhas sonatas, sem perdão! Disperse do meu peito a solidão. Dispense do meu corpo, esse sudário.
Não deixe nunca mais vento contrário, Proteja das tempestas, mansidão! Contigo não há medos nem leão! Nos haras desta vida ganhei páreo!
Não quero mais temores, horas cálidas. Distante sei as dores, sempre pálidas. Constantes os pendores desta luz!
Vencidas as moléstias tenebrosas, Nascidas nos jardins, as belas rosas Por certo enfeitarão a minha cruz!
24
Amor que não se cansa de brilhar Um gerador de sonhos traça o rumo, Nas tramas deste amor, eu me perfumo, Destilo cada flor, bebo o luar.
Quem dera se eu pudesse navegar, Sentindo em meu saveiro todo o prumo Da vida em que se toma todo o sumo, No inesquecível doce a inebriar.
No ritmo em perfeição; nossa cadência, Os rastros permitindo a florescência Dizendo a cada verso que não temas,
A par do que se forma; encantador, Amor se vangloria, sabedor, De ter a solução para os problemas.
25
Amor que não se entranha perde força Não chega nem sequer a ser amor, Na boca se reserva o beijo, a moça Que queima tal qual febre, em seu calor...
A lua refletida nesta poça Trazendo belo céu, seu esplendor. É frágil como porcelana e louça Precisa ser do jeito que se flor...
Amor não merecendo seu amparo, Não versa nem conversa nem remenda... Nas matas que se perde busca faro
Amor é simplesmente tal comenda No peito de quem sempre trouxe sonho, Sentido no meu peito mais risonho...
26
Amor que não se mede e nem se pede Refaz a vida sempre em alegria. Prazer que a gente ganha e assim concede Formata em nossos sonhos, fantasia.
Não deixa vir o tédio nem o frio Num fio de esperança vai atado. Amor que se concebe sonho e cio Depois de tanto tempo apaixonado.
Na trova que fizeste, meu repente Se faz com toda a força da verdade Amor que nos deixou demais contente É feito com total sinceridade,
Palavras que emolduram tua trova Mostrando o nosso amor que se renova.
27
Amor que não se pede, espere bem sentado, Amor que não se cuida, a semente não brota... Passarinho, prendi, ficou demais calado... Meus sonhos de cristal, a lua é minha rota...
Não vou levar saudade, espero novo fado. Perdido meu amor, jogado nesta grota. Carrego meu cansaço, amor pobre coitado. Felicidade enfim, cumpri a minha cota...
No riso que vigora, a vida toda chora.... Espero meu passado, aguardo meu futuro, Morena por favor agora não é hora,
Se fores não terei, uma simples mortalha, A vida que não tive, num alto e grande muro, É corte que se dá no fio da navalha...
28
Amor que não se permite mais marasmo Nem quer qualquer rotina como guia. Tampouco o frio olhar parado e pasmo Que amor sem fantasias cedo cria.
Eu quero esta fornalha que se acende A cada novo toque mais audaz Ao gozo mais ardente amor recende E desse jeito sempre satisfaz.
Não vejo outra saída nem pretendo, Apenas me entranhar e ser só teu, Segredo, eu reconheço e já desvendo Entregue ao farto sonho teu e meu,
Tu sabes quanto eu quero o teu prazer, Na fonte tão gostosa de beber
29
Amor que não tem fim, determinando O rumo que pretendo ser o nosso. Palavra carinhosa que eu endosso, Tornando o caminhar suave e brando.
Há tempos que eu tentara, procurando, Saber de tal encanto em que remoço O velho coração. Agora eu posso Dizer do novo tempo se aflorando.
Flutuo nos teus versos, ao sabor Da brisa que me leva mansamente, Glorificando em paz, supremo amor,
Partícipe comum desta festança Que muda o meu destino, alegremente, Trazendo em minha vida, uma esperança...
30
Amor que não valia nem tostão Depois de ser refém se achou perfeito E fez deste tormento um turbilhão Vagando neste beco, satisfeito.
Amor que não valia a precisão Esgana o sentimento de direito E mata novamente esta ilusão Recibo maltrapilho do meu peito.
Causado por engodos, meus enganos, Se fez em valentia trapo e resto. Cobrar pelos pecados, erros, danos,
É dar valor demais ao que não tinha. No fundo talvez seja um manifesto Da noite que não vinha, toda minha...
31
Amor que não vivi se foi. De araque... Mentiras tão somente e nada mais. Usando em cerimônia um velho fraque Puído, se perdeu em temporais.
Porém isso não causa sequer baque Em quem sabia disso em ancestrais Momentos. E por mais que me estabaque Aguardo outros amores magistrais.
Refém das tuas farsas? Já não sou. Um velho caminheiro reconhece A cobra que envenena e que entontece
E nisso nosso amor se transformou, Num bote que se fez mal sucedido. Sou cego, mas me resta um bom ouvido...
32
Amor que nas quimeras fora trágico, Nas noites que restou sem um luar, Das dores que devoras, necrofágico, Não restam nem esperas nem lugar...
Amor que em entrelinhas fez-se mágico, Nas beiras dos caminhos perde o mar... Amor velho naufraga enfim pelágico, Enfrenta tempestades, procelar...
Não queima nem dispensa o teu batom, Em meio a tais loucuras, sou ateu... O mundo não ecoa o mesmo som,
Nos pés inalcançáveis se perdeu. A noite que varia um mesmo tom, As várias sensações do mesmo breu...
33
Amor que no meu peito fez morada, Mostrando suas cores maviosas, Tornando minha estrada mais dourada Plantando no caminho belas rosas, A vida, eu vou levando renovada, Tocada pelas mãos mais carinhosas.
Depois de caminhar em passo lento, Os dias mais felizes se desejam, Amor ao demonstrar atrevimento, Dois corpos que enlaçados já se beijam, Tomando todo o nosso pensamento, Permite que futuros bons prevejam
Os sonhos mais formosos, delicados, Prazeres mais audazes alcançados...
34
Amor que nos domina sem engodos, Sem traços de frescura, se faz forte Vencendo os medos, limos, lodos, Fazendo da esperança o nosso norte.
Eu sou feliz e disso vem o canto Que faço neste instante para ti. A sorte nos cobrindo com seu manto É tudo que ao bom Deus eu já pedi.
E vamos pareados vida afora Seguindo a nossa estrela sem temor. Na força que nos doma e revigora Sabemos da extensão de nosso amor.
E assim sem ter limites vamos fundo Na sensação divina em que me inundo...
35
Amor que nos domina, imperador De todos os sentidos e desejos. Buscando em teu carinho, sonhador, Os belos descaminhos dos meus beijos.
Dourando perfumada e bela flor Aumentando a potência dos lampejos Que trazem ao meu canto encantador Motivo para os dias que antevejo
Nos olhos da mulher que é minha sina. Na boca umedecida por paixão. Neste sorriso eterno de menina
No brilho que irradia a claridade Imensa transbordando de emoção. Na ventura do amor; felicidade!
36
Amor que nos encanta faz roteiro De um filme tão romântico. Decerto, O tempo de sonhar passa ligeiro, Depois a solidão, duro deserto.
O quanto imaginei o tempo inteiro, O coração desnudo e sempre aberto, Além do dia a dia corriqueiro Ventura desvendando, está por perto.
As cenas mesmo sendo repetidas Traduzem no final, as nossas vidas, Comuns, mas tão diversas, pois são nossas.
E quando em holofotes tu remoças, Atriz dentre as atrizes, principal, Percebo quão feliz, nosso final..
37
Amor que nos envolve e não deixa Sequer uma esperança de fugir, Se sou um samurai, tu és a gueixa; Sem queixas, nosso amor vem me pedir
Que toda eternidade seja pouca Para esse imenso mar de amor sem fim, No grito de alegria, a voz mais rouca Percebe todo amor que existe em mim...
E sou feliz por ter esta aliança Que envolve um coração insaciável, Rito fenomenal de uma esperança Que era antes deste amor, inconsolável.
No peito, uma emoção transborda em festa Vivendo em cada dia que me resta...
38
Amor que nos revela O quanto mais sentisse Vencendo esta mesmice E a sorte sem procela A morte não se atrela Além desta tolice E quanta vez se visse O tempo em rara tela. A vida é tecelã E sabe da malsã E tétrica mentira Enquanto o verso traz O passo mais audaz E a vida se prefira.
39
Amor que nos redime E traz o quanto quero Do sonho mais austero Ou mesmo até sublime. No todo onde se exprime O verso que inda espero E o tempo mais sincero E nele a paz se rime. Vencendo a tempestade Alçando o manso cais, Depois dos vendavais Apenas a saudade Aos poucos, mas jamais A sorte inútil brade.
40
Amor que nos invade Sem medos ou receios, Fogueira que nos arde, Não conhecendo freios,
Amar jamais é tarde Reconhecer os veios Que sem fazer alarde Prometem devaneios...
Eu quero ser teu par Na andança mais comprida, Que é feita sem parar
Em toda imensa vida, Deitando em nosso lar A lua comovida...
41
Amor que nos invade e traz o todo enquanto O passo não garanto E fico na saudade,
Marcando o quanto evade De nós o raro encanto, O tempo num espanto Não vendo a liberdade,
Expressa a solidão E traz os que virão Momentos mais audazes,
Somando cada espaço Aonde o rumo eu traço Também teus sonhos trazes.
42
Amor que nos lambuza Trazendo tanto mel, Enquanto a gente se usa Encontra um claro céu,
Tu és a minha Musa Eu quero ser corcel, Debaixo desta blusa Por sobre este dossel
Na cama me acorrentas Algemas e delícias Paixões tão violentas
Entornas em sevícias Represas, arrebentas Torturas e carícias...
43
Amor que nos ligou, solar destino. Vestindo esta beleza, ser feliz. Atino que, se um dia, fui menino, Menino que sonhava cores gris.
Ao ver este solar resplandecente Qual fora um helianto te buscou. E vive neste amor mais envolvente O rastro destes raios que sonhou...
E vaga mal começa uma alvorada, E sonha com carícias e ternura. Sabendo que virá a madrugada, Eterna sensação que seja pura.
Que tenha a eternidade do momento Mas saiba dar a voz ao sentimento!
44
Amor que nos movendo, nos exila De toda a humanidade, nos perdemos, Um sentimento tal que alma destila, Depois já somos um, mal percebemos...
Meus versos incontidos podem ver O brilho deste olhar-luar que guia Meu mundo se imergindo no teu ser Aspergindo prazer e fantasia...
E... Te amo ninguém pode nos parar, Nem mesmo a triste morte ou solidão, Estás atada em mim! A te buscar Procuro pelo céu, pela amplidão,
E encontro-te calada dentro em mim, Amor nosso princípio, vida e fim...
45
Amor que nos pertence, luz entorna Clareia toda a senda, acende a festa. No canto da araponga, qual bigorna, A chuva do passado não infesta.
Nas frestas fresas abrem orifícios Delícias e carícias adentrando, No gozo e no prazer, ofícios, vícios Bandeiras da alegria se mostrando
Desfraldam, cobrem fráguas, penas mágoas Não deixam que se veja o que passou. Descendo em sedução as fartas águas Recolho os teus sinais, sei o que sou.
Naturalmente a vida segue o curso, Toada pelo amor e seu discurso...
46
Amor que nos recobre, rara manta, Não deixa que um inverno nos maltrate No olhar da prenda bela que me encanta, Calor que me traduz amargo mate.
Do coração mineiro, um minuano Chegando aos pampas, manda estas notícias Do sentimento nobre e sem engano Da sorte que virá, claras primícias...
Prelúdio em que a vida prenuncia Um dia feito em glória e plenitude. Estando sempre em tua companhia Eu vejo ressurgida a juventude.
Amar é ter nas mãos tantas estrelas, Num ato de loucura, enfim, bebê-las...
47
Amor que nos sacia e nos tatua Crivando de emoções a vida inteira, Minha alma ao te saber, cedo flutua Trazendo tanta paz como bandeira...
Eu sonho ter teu beijo, clara lua, Forrado em sensação mais verdadeira, A pele tatuada, exposta e nua. Fazendo de meu corpo tua esteira...
Teus rastros vou seguir, amada amiga, Pegadas que deixaste no caminho, Nesta ternura imensa, nossa liga
Que sempre norteou cada carinho, Carinho que, no amor, é forte viga. Certeza de não ser, jamais, sozinho
48
Amor que nos sacia Embora seja assim Início dita o fim E a sorte, a fantasia. O todo que queria O mundo em meu jardim, O passo de onde vim A sorte mais sombria Movendo cada engodo Adentro a lama e o lodo, Mas sei do meu caminho E vendo este momento Aonde em paz me alento Em ti, eu já me aninho.
49
Amor que nos induza Ao quanto posso e quero Ao ser bem mais sincero A sorte tão confusa Por vezes se nos usa, Traçando o quanto espero E nisto um mundo eu gero E a vida se entrecruza Após cada partida Ainda se lapida Constante maravilha, Embora seja frágil O dia se fez ágil Ousando em nova trilha.
50
Amor que nos sufoca e deixa louco, Não vê que a claridade quer espaço. Um peito tão gemente grita rouco Querendo uma alegria sem cansaço.
Querida, não precisa assim temer, A vida que te entrego por inteiro. Amor tanto desejo enfim te ter, De tantos sentimentos, o primeiro...
Amor não se discute, só se vive; Amor não se maltrata, se semeia. Caminhos que passei, por onde estive, Ficaram noutra vida, como alheia.
Eu sinto tua falta a cada dia, Por isso meu amor; mais alegria!
51
Amor que nos sustenta em verso e vida, Sedento procurando em cada espaço O gosto desta sorte dividida Que estreita-se e aprofunda nosso laço.
Desejo ter teus lábios sim querida, Roçar a tua boca, ser teu passo Em busca da delícia repartida Formando em nossa vida o mesmo traço.
Tu és a redenção de minhas dores, Tu és o meu destino, sol e lua... Nas mãos que te procuram, os tremores
Demonstram emoção de poder ter Tua beleza imensa, tensa e nua Na busca tão intensa do prazer
52
Amor que nos sustenta Pudesse a cada passo Trazer o quanto escasso Da vida violenta Pousando noutro espaço A sorte mais sedenta E o corte se apresenta Num tempo audaz, devasso, Resumos de outros dias E neles me trarias Apenas o que eu busco E o pântano se estende E o quanto mais se entende Expressa o lusco fusco.
53
Amor que nos tocando faz sentido E mostra em sonhos, dias encantados, Em versos mais sutis e delicados, Apascentando quem fora temido
Por ter depois de tudo se exaurido Ao perceber temores sepultados Encontra os seus caminhos demarcados Vivendo este desejo percebido
Nos olhos de quem sabe quanto e quando, Os rumos mais felizes desfraldando Eternamente vibra em alegria,
Espalha o seu sorriso mais contente E sabe do querer completamente Que aos mandos deste amor já se cobria...
54
Amor que nos tocasse Pudesse noutro insumo Vencer o quanto aprumo, E mostra a vera face Do todo onde legasse No caos onde acostumo A vida traz o sumo E nisto se moldasse. Partindo do princípio Que o nada sobrepuja Ainda quando é suja A sorte desde o início Matando o quanto eu quis Gerando a cicatriz.
55
Amor que nos trouxera Ainda a noite escassa E quando a sorte passa Gerando esta quimera O quanto se fez hera E nada mais se traça Vagando em voz devassa Mostrando o que se espera A gente não se cansa Buscando uma esperança Jamais posso esquecer O todo não pudesse Trazer esta benesse Ditando o desprazer.
56
Amor que nos tocando traz sorriso Tomando neste instante, o pensamento. Da vida o melhor bem e mantimento Trazendo para a terra, o Paraíso.
Fazendo-nos perder Razão e siso Reinando em nossa vida, num momento Deixando a dor herdar o esquecimento Nos olhos de quem quero, o doce aviso
Da vida transformada em doce encanto, E quem, amor demais por certo sente As alegrias; faz por merecê-las
Por isso minha amada eu amo tanto De forma sem igual sem precedente Elevo o meu desejo ao céu e estrelas!
57
Amor que nos tocou, chegou ao fim? Pergunta o coração enamorado O quanto de desejo existe em mim Permite amanhecer anunciado
Que sinto ter chegado, amor; enfim. Distante dos temores do passado, O manto desses sonhos, consagrado, Perfuma o meu canteiro, este jardim.
Não quero a solidão, nem a tristeza, Das dores? Sequer traços ou resíduos, Apenas mansidão feita em carinho.
Prazeres são comuns e mais assíduos. Amor já me impedindo de ser presa Dos cactos espinhosos do caminho...
58
Amor que nos tocou Mostrando o passo rude E nisto o quanto pude Marcar o que traçou Vagando; enquanto estou Toando a juventude E nada mais ilude O sonho que restou, Resvala dentro em mim O todo sem ter fim Gerando mero ocaso E quanto mais vibrasse A vida noutro impasse O canto enfim atraso.
59
Amor que nos transborda em seus furores Não deixa mais as sombras reviverem Percebe que na vida, tais horrores, Se esquecem onde amores estiverem.
Eu quero o louco brado deste amor, De tanto amor jamais fico cansado. Nas fontes deste amor, tal esplendor, Deixando um velho peito apaixonado...
Portanto, não se esqueça de que nada Na vida se produz sem ter carinho. Não fuja desse amor, minha adorada. Eu quero acompanhar o teu caminho.
Vivendo neste amor, com emoção. Aprenda a libertar teu coração!
60
Amor que nos transforma Cativo e soberano Tomando a nossa forma Já não admite engano. Amar é sacra norma, Um gesto mais humano,
Encantos e magias Amor sempre nos traz Envolto em fantasias Querendo sempre mais, São tantas alegrias Que amor se faz capaz.
Eu quero ser teu fado, Teu homem bem amado...
61
Amor que nos transforma em poesia De mútua esperança minha e tua. Nas danças misturamos noite e dia, A vida que dançamos continua.
Da minha que te entrego, meu jardim. Da tua que recebo, borboleta Que pousa devagar e vem pra mim, Enquanto te perfumo, tão dileta...
A minha rima encontro em tua rima Arrimos de nós mesmos, impossível, Amor que já se inunda e sempre prima Por abraçar travesso, o sonho incrível.
Amor que farta em ti derrama em mim, Inverso e escondido, ri no fim...
62
Amor que nos uniu, nos faz vencer As velhas armadilhas do caminho. Quem tem como defesa o teu carinho Conhece o paraíso sem morrer.
Usando esta artimanha, a do prazer, No colo desejado eu já me aninho, Deixando no passado cada espinho Que um dia, insanamente quis colher.
A tua imagem bela e cristalina Sorriso delicado de menina Num corpo extasiante de mulher
Vislumbre de fantástica delícia Trazendo em turbilhão noite propícia Cevando a fantasia que vier...
63
Amor que outrora fora verdadeiro, ao se mostrar desnudo, nada sobra, meu barco sem bonança, sorrateiro, diante das correntes já soçobra.
Teu riso tão venal e zombeteiro, alçando neste bote, fina cobra, no bote dos meus sonhos, vou ligeiro, e a consciência logo se recobra.
Quem teve uma esperança de viver amor, intensidade e solução, ao ver seu sonho em breve se perder,
vagando a te buscar, feito um noctâmbulo, ensimesmando o fogo da paixão, caminha neste amor, cego e sonâmbulo...
64
Amor que para a vida, dá coragem Raríssimo esplendor em lua mansa Permite a realidade sem miragem Imagem mais sublime em esperança.
Tatuagem formada a ferro e fogo, Gozando da perfeita sintonia, Criada sem lamúria, choro ou rogo, Expressão divina da alegria...
Escuto a tua voz airoso sonho, Esplêndido luar em prata nobre, Olhar em teu olhar, sereno, ponho; A lua em fantasia nos recobre.
Descubro o quanto posso ser feliz, Amor que uma tristeza contradiz...
65
Amor que pega fogo em nossa cama Não pode ser apenas labareda, Falando de mansinho, amor me chama, E peço que ele sempre me conceda
Carinho mais dengoso da morena Beijos alucinantes e fogosos. Textura desta pele que me acena Convida para jogos maviosos...
Não deixo de pensar um só momento Na imensidão do amor que sempre traz Prazeres deslavados, sem tormento, Além do que pensei fosse capaz...
Morena minha sina é ser seu par Nas noites que vibramos sem parar...
66
Amor que pretendia formidável, Desfaz-se simplesmente na quimera... Que come, destruindo, qual a fera Que morde tua boca, inconsolável...
Amor me transformando em miserável, Não pode mais temer essa nova era, Denegrindo carinhos donde gera, A morte desse amor inabalável...
Bebidas me consolam, tanta mágoa, Restando tão somente o meu delírio, Nas saias da saudade foste anágua
Me deste soluções que não creditas... O resto do meu mundo, meu martírio, Nas margens e distâncias, t’as pepitas...
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Amor que pretendia Além do quanto resta A vida mais funesta Gerando novo dia Assim a fantasia Deveras sempre empresta O mundo quanto atesta A glória em poesia Vestindo esta esperança O passo além se lança E traz no quanto pude Vencer o meu temor Ousando o redentor Cenário onde amiúde.
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Amor que procurando um manso cais, Depois de ter vencido, com firmeza, Os mais temidos ventos, temporais, Lutado contra a forte correnteza
Encontra finalmente um belo porto Que possa permitir o seu descanso. O olhar ganha o horizonte e vai absorto Enquanto o que eu buscara, enfim, alcanço.
Nos céus raro azulejo preconiza Um tempo de total tranqüilidade Na praia tão somente a leve brisa
Dizendo da alegria de saber Que a vida nos trazendo a liberdade, Retrata em tanto azul, nosso prazer...
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Amor que prometeste – anel que se quebrou Olhando o meu passado, há tanto por dizer Do sonho que abortei; do nada que chegou. Da noite que perdi, da ausência de prazer.
Amor que prometeste – o tempo aniquilou... O gosto do vazio, herança de um viver Que nada me trazendo, o nada me deixou. Do tanto que eu queria; o vazio restou...
As bocas que eu beijei; as tolas gargalhadas, A festa prometida em danças demarcadas, A moça na sacada, a lua na varanda.
Os sarros na calçada; o gozo que não veio. A mão desce gulosa, encontra um belo seio... A vida em carrossel. Girando na ciranda...
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Amor que prometido Pudesse ser diverso Na paz deste universo Meu sonho ora lapido E sei do quanto olvido O rito mais perverso E sigo além disperso Do pouso presumido. Audaciosamente A vida tanto mente E nada mais produz, Depois de certo atraso O tempo em tal descaso Matando a rara luz.
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Amor que quando toca a coisa amada De tanto que permite se encantar Além de todo o bem a desejar Mergulha sobre a senda desejada
E mostra uma alegria transformada Em sonho divinal a se alcançar. Vagando em liberdade quer luar, Derrama-se por sobre cada estrada
Que leva em direção à triste aldeia Deixada por acaso no seu rumo, E eu, pobre camponês já me incendeio
Ouvindo este cantar, busco a sereia, E dela procurado gosto e sumo, Distante de uma praia, devaneio...
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Amor que remedia também cura E marca em cicatriz deixando leve Aquele a quem amar tanto se atreve No enleio feito em paz, viva ternura.
Amor que uma alma livra enquanto apura E mostra-se divino até se breve, Derrete o sofrimento feito em neve Apascentando o céu, reflete alvura.
Amor sem ter enfado, em Fados muda Capaz de renascer a cada dia. Refestelando a vida em pura glória
Ao pobre solitário tanto ajuda Que aos poucos, dominando contagia Louvando em sorte plena, esta vitória...
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Amor que rememora priscas eras, Me traz tendas, desertos, beduínos... Nos olhos procurando seus destinos, Os cantos, madrigais... Do céu, esferas
Brilhantes. Gigantescas, tristes feras, Mergulham nos meus sonhos cristalinos... Amor que ressuscita, faz meninos De todos os que morrem tais crateras...
Nas lágrimas que choro, meu colírio... O visgo de teus olhos, primavera. Amor que não vivemos, meu martírio
Abandonos e flores se revezam. Açúcar acalmando essa quimera. Carinhos tão profusos que me lesam...
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Amor que renovamos, a cada ano Fazendo da esperança nossa guia, Por mais que haja distância, não se esfria, O sentimento intenso e soberano...
Versando sobre o sonho, sem engano, Eu quero te dizer que a poesia Se mostra tão sublime enquanto cria A cada novo tempo, o mesmo plano.
Fadados a vencer quaisquer procelas, O amor ao dar-nos forças, abre as velas E encara sem temor, as velhas lutas.
Não cabem num amor as vis permutas Nem mesmo as armadilhas mais astutas, Pois ele não suporta algemas, celas...
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Amor que santifica e faz eterno A quem em suas garras se entregar, Aquece com carinho em longo inverno, Trazendo para nós a luz solar,
Sem ter o teu amor eu me consterno E passo pela vida a divagar, Um sentimento doce e sempre terno, Moldando uma alegria devagar...
Amar demais é ter a juventude Em toda mansidão em fino trato, Amor é da alegria um bom retrato,
Além de ser feliz, tanto e amiúde, Quem ama em fantasia permanece E tece em sintonia bela prece...
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Amor que se alimenta em puro amor, Círculo vicioso de alegria; Em corpos que se encontram, uma alquimia Que faz da vida, a vida recompor.
Contigo eu sempre irei aonde for Em frases, versos, sonhos, poesia Seguindo passo a passo a mesma via Guiados pelo amor, nosso mentor.
Ao te encontrar sozinha no caminho Eu logo adivinhei o meu futuro. Bebendo desta boca sacro vinho
A solução dos meus problemas tive Ao ancorar meu barco com apuro No amor que dentro em nós pra sempre vive..
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Amor que se alimenta Em tanto amor, desvenda A vida além da lenda No quanto foi sangrenta A sorte que se tenta E nisso esta contenda Marcando o que se atenda E nada mais me alenta Vencendo esta constante Ausência de esperança Enquanto o passo alcança A etérea plenitude Já nada mais pudera Ainda quando a fera Talvez domada; ilude.
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Amor que se cultiva num canteiro chamado, tantas vezes, coração. Decerto quando forte e verdadeiro granando traz divina sensação
de um mundo mais gostoso, alvissareiro, que às vezes nos causando inundação, demonstra toda a luz deste luzeiro, trazendo por farol, nossa paixão.
Eu quero estar contigo toda noite, jornada em delicada fantasia. Bebendo em tua pele esta alegria,
querendo que teu corpo já me acoite, vem logo que esta noite traz a lua, deitada em nossa cama, bela e nua...
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Amor que se demonstra em tais façanhas, Deixando a nossa vida mais formosa, Adentra sem limites as entranhas, Acalentando a sorte gloriosa
Deixando para trás dores tamanhas, A vida se transforma, fabulosa. Trazendo luz intensa às velhas sanhas A noite passa a ser maravilhosa
Amor é de quem sonha, o companheiro Que levará ao canto derradeiro O quanto em paz e glória eu sempre espero.
Defronte esta quimera temerária Que Deus me dê a força necessária Diante de um momento duro e fero.
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Amor que se emoldura em tantos beijos Formata com carinhos e carícias Procede da vontade e dos desejos Entrega-se ao altar de tais delícias.
Em escotomas, vivos relampejos, Começa delicado nas primícias Depois vai devorando ganha ensejos Com toques de ternura e de malícias...
Vencendo a noite intensa, surge o sol, E nele este mormaço que convida, Calor que se espalhando em arrebol
Faz com que nosso ardor se recomece Trazendo finalmente gozo e vida Assim em pleno amor, a sorte tece...
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Amor que se entregando não descansa Se cansa de saber quanto me dói Ausência de qualquer uma esperança Que sabe que somente amor constrói.
Vivendo sem lembranças do que fora A vida sem ter chamas onde arder, A sensação real e redentora Que traz uma alegria pro meu ser.
Banhado com meu sangue sem demora, Amor se fez mais belo e iridescente, Sabendo que quem sabe faz agora, Amor é muito mais do que pressente.
Permite que se traga um novo dia Repleto de ternura e de ousadia...
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Amor que se esparrama ao meio dia... Nos raios deste sol que nos queimara... Mais longe tal cantiga que se ouvia, Deixava na garganta a dor amara...
Vencido, um transeunte nada via, Arenosa tempesta, fria e rara, Deixava uma saudade e vilania, Escurecendo a rua, mesmo clara...
Não víamos sequer o velho sol, Não tínhamos noção de quem chegava... Escuridão encharca, nem farol...
A tempestade tudo ali tampava... A noite se quedava de repente... Um breu tomava conta, toda a gente...
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Amor que se fartando, não se cansa Jamais conseguirá me libertar Ao mesmo tempo cria uma esperança Depois a mata calmo e devagar.
Amor é força intensa e necessária Que move toda a terra num segundo. Além de uma ilusão imaginária Nos braços deste amor eu me aprofundo.
E vivo nesta areia movediça Criada pelo sonho e p’la cobiça, Mutável nos domina num instante
Vibrando nos teus braços/sedução Entrego-me ao poder desta paixão, E sou do amor eterno e bom amante
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Amor que se faz denso e prazeroso Trazendo um espetáculo sem par, Teu corpo assim bonito e tão cheiroso Perfuma toda a casa, devagar.
Arcando com as ganas de te ter, Contando estes segundos que não passam, Vontade de chegar e de poder Sentir pernas que tocando se enlaçam.
Fagulhas vão virando fogaréu As chamas tomam conta do cenário. Flutuo, vejo vindo o claro céu Num gozo sem igual, profano e vário
Percebo qual portal do paraíso, Roçando a minha pele, o teu sorriso.
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Amor que se faz denso enquanto manso, E traz a plenitude sem delongas, Contigo em mesmo ritmo sempre danço, E as noites são bem calmas, porém longas...
Não temo que destarte nos percamos, Pois somos companheiros da certeza, Que faz com que já nasçam belos ramos, Sem chuvas nem tempestas, com certeza.
Afeto que se mostra em cada verso, Talvez seja o segredo, mas não sei. Apenas constatando que o universo Mantém serenidade como lei.
Assim nossos carinhos tão benquistos, Não deixam abscedar feridas, quistos...
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Amor que se fazendo assim platônico Acende uma vontade bem real Mostrando-se fiel e tão harmônico Invade e nos transtorna no final, Trazendo para a vida um fogo tônico É feito de loucura, sol e sal.
Deixando-nos com fome de prazer Em nada poderá ter empecilho. Se nele encontro a força de viver Eu quero seguir sempre cada trilho Que leve num segundo a poder ter Contigo este desejo que partilho.
Tirando tua roupa devagar, Portal do paraíso a decifrar...
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Amor que se fez muda e não pariu, Aborto condenável, mal imenso. Imerso no passado atroz e vil, O quanto desejei, eu nem mais penso.
A vida se fazendo sem dispensas Não sabe acumular as fantasias. Depois de ter sangrado as desavenças Saudade vai fazendo suas crias.
Poreja em incessante gotejar Alveja em precisão o peito estúpido. Secando o que se fez imenso mar, Negando este desejo, mesmo cúpido.
Carcaça caminhando pela rua, Saudade neste palco, cedo atua.
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Amor que se fez puro e enfeitiçou, Gerando toda sorte de protestos. Aos poucos nosso amor se agigantou Em versos, em desejos, rumos gestos.
Por isso não se importe mais com isso, A sorte está lançada, e venceremos. Jardim que semeamos ganha viço E juntos, neste amor, nós viveremos...
Que a vida nos sorria sem demora, Quem sabe reconhece a vida boa Que temos, não importa em qualquer hora A tempestade vira uma garoa
A chuva já dispersa esse calor. O sol que está nascendo? Encantador!
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Amor que se fez tolo, em miopia Às vezes não consegue discernir Beleza que se mostra em alegria Distância alguma irá nos impedir
De termos afinal, um novo dia. Estrela radiante a me luzir Permite que me invada a fantasia, Fazendo um coração atroz se abrir.
Amor quando hipermétrope traz cura Aos olhos tão distantes, mas presentes. Tocado pela paz, mansa ternura,
Sentindo com certeza, o que tu sentes, Seguindo cada brilho: forte sol, Do amor que me irradias, girassol...
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Amor que se fez tanto O quanto não espera E traz a cada esfera O sonho onde me espanto E vejo este quebranto E nele destempera O todo aonde a fera Pudesse em dor e pranto Audaciosamente A vida sempre mente E gera um desafio E neste caminhar Cansado de lutar Apenas me esvazio.
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Amor que se fizera arquitetônico, Buscando novas formas, novos tons. Nas horas mais difíceis foi irônico, Explodindo em milhões de megatons!
Mas, nas várias tristezas forte tônico, Espalha nos prazeres vários sons... Amor que se pensara ser platônico, Depressa me devora em tantos fronts...
Mistérios e sentidos já decoro. A boca que me morde me pragueja... Na roupa que me rasgas me decoro,
A noite que passamos como arqueja! Não quero mais manter tolo decoro, Vem correndo: essa boca te deseja!
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Amor que se fizera lusco-fusco, Em plena calmaria se rebela. Não creio em sentimento pobre, fusco, Que sempre que se acende pede vela.
Nas sombras deste amor eu não me ofusco, A vida pintaria nova tela... Nos horas mais difíceis eu me enfusco Cavalo que não trota, perde sela...
Vivendo nessa espreita, nas ruelas, Amores que pensei, não mais retornam... Firmando os parafusos, arruelas,
Firmando o pensamento, trago o sonho, As horas mais difíceis se contornam, Meu medo deste amor se faz medonho!
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Amor que se maltrata, traz comprida Estrada que percorre, sem festim. Morrendo, vai matando tudo enfim, É lástima e mentira vã, cumprida...
Amor que não respeita, olhar que vidra, Nas portas das saudades, seu clarim, Nos versos que forjei, velho pasquim, Invade devorando, uma podre hidra...
Amor que dilacera e nega beijos, Revira trafegando vãos desejos... Os pórticos e salas não refutam...
O canto da saudade traz desordem, Os lábios não se beijam, já se mordem, Os corpos abraçados, loucos lutam...
93
Amor que se mostrando docemente Portando em esperanças, namorados, Meus passos que já foram descuidados Refazem alegrias novamente.
Tocando bem mais fundo um ser vivente Em fartas ilusões, traz delicados Sentidos em que estamos demarcados, Singrando meus caminhos, minha mente.
Tu és minha senhora, eu sou teu par, Neste bailado louco que se espera, Amar é dominar terrível fera
E milagrosamente se encontrar Debaixo destas garras da quimera E depois disto tudo; festejar...
94
Amor que se mostrou ser tão fogoso Não pode sossegar um só momento, Um fogo que nos queima mais violento Ardendo sem limite e bem gostoso
Num toque mais sutil e prazeroso Desvendo com certeza o sentimento; E todos os temores; apascento Trazendo um bom futuro, venturoso...
Amor que se faz forte, em profusão Uma avassaladora sensação Que nos domina e toma os meus sentidos.
Os sonhos devem ser sempre vividos Amor que não permite ter fronteiras Palavras proferidas, verdadeiras...
95
Amor que se permite essa emoção De ser o menestrel do sentimento, Receba esse meu canto em oração, Palavras que não são soltas ao vento...
São mansos como a noite, estes meus versos, Pois sabem dos amores que mais sinto, Vividos pelas noites, vão dispersos, Bebendo nosso amor, que é doce e tinto.
As rimas que produzo sempre falam De tudo que se vive, sendo puro. Amores que no peito nunca calam, A cada novo canto, novo apuro...
Amor tão perolado que rebrilha, Em cada novo sonho, maravilha...
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Amor que se proclama Sem medos, verdadeiro, Contigo, amor inteiro Acende sempre a chama,
A vida que nos chama Num toque feiticeiro, No nosso amor primeiro Já tece a sua trama
E mostra alucinada, A sorte desejada De quem tanto se quer,
Contigo nesta estrada, Vem logo, minha amada, Vem ser minha mulher!
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Amor que se produz dum outro amor, É lume que incandesce em luz composta. Trazendo inda resquícios e temor Perguntas que te faço sem resposta.
Te quero mas não queres meu querer, Da forma que queria se pudesse. Envolta noutros tempos de viver, O tempo que passou, já não esquece.
Mas quero o teu amor, assim, contudo, Me inundo de esperanças de que venhas Eu penso, tantas vezes, que me iludo, Pois sinto que caminhas outras brenhas.
Mas teimo em insistir que te terei, Por todo meu viver, esperarei...
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Amor que se promete, amigo, amante É feito em raridade desejável. A mão que acaricia num instante Apóia quando o mundo é mais instável.
Fazemos de nós mesmos este espelho No qual somos imagens em mosaico. O sangue dos amantes; mais vermelho Às vezes se perdendo até prosaico.
Porém numa amizade benfazeja Os passos são mais firmes e bem sólidos. Quem sabe, reconhece e assim deseja Enquanto na paixão explodem bólidos
Nos braços de uma amiga, mais seguros Trespassa com firmeza os altos muros...
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Amor que se resplende e maravilha, Flameja no horizonte um novo sol. Seguindo nosso amor, encontro a trilha De todas as belezas do arrebol...
Teu coração em pérolas tão ricas, Deseja o meu desejo sem pensar. Nas mãos tão delicadas, as pelicas Pelúcias mais macias de tocar.
Eu sinto esta beleza que floreja Da rosa que cultivo em meu jardim. Sabendo meu amor que amor deseja De tudo que se espera dentro em mim...
Sem ter temor mergulho nos teus braços. E sinto em teu amor estreitos laços...
2500
Amor que se resulta em gozos vem Depois do jogo feito, guardo os dados. Meus medos; não confesso pra ninguém. Os passos pelos sonhos, amparados.
Quem sabe deste jogo não arrisca, E mesmo ao perceber algum perigo Seguindo a velha regra, sempre à risca No colo da ilusão, eu já me abrigo.
Mentiras e verdades, mil facetas Às vezes é preciso disfarçar. Prazeres e desejos são cometas A vida segue eterno circular.
Se o tempo serenou na madrugada A noite, com certeza foi nublada...
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