Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 025

 
Tags:  Marcos Loures Sonetos  
 
2401

Amor que me inoculas cria lendas
E nele me vicio a cada dia.
Deitando nosso sonho nessas tendas
Defronte, tão somente a fantasia.

Insanas ardentias nos tomando,
Nas sombras de teus braços, acalanto.
O mar em fortaleza nos banhando
Traçando o meu destino em puro encanto.

No quanto tanto quero o teu querer
O quando se mostrando desde agora
O rio que em delícia a se verter
Converte todo o gozo que se aflora

Frondosas esperanças, alamedas,
Desejos que eu bem quero e me segredas...


2402


Amor que me invadiu tão docemente
Não deixa sequer margem pra tristeza;
Rondando minha vida põe a mesa
Trazendo toda a festa que se sente.

No tempo em que vivera tão ausente,
Não soube da alegria nem beleza,
Porém ao te tocar tive a certeza
Da vida já pulsando, novamente.

Amor tal sentimento a que me presto
Vibrando em minha vida porta a rosa
Tomando cada dia, que não parta.

Não quero ser somente um ledo resto
Nem quero mais a noite tenebrosa.
Desejo a tua carne, intensa e farta...


2403


Amor que me provoca uma abasia,
Cruel não me permite movimento,
Divino me seduz, paralisia
Legando essa saudade, testamento...

Brilhantes e temida fantasia,
Respiro com total constrangimento,
Amor que me perturba, cega o dia...
Não trama nem poder e esquecimento

Explosões nucleares já me causas,
Esperas se transformam agonias...
Batendo desespero, sequer pausas,

Amor que me provoca riso e farsa.
Restando assim, sementes tão vazias,
Amor só, necessita da comparsa...


2404


Amor que me refaz, deixa tranqüilo,
Não posso controlar, a vida grita...
Passando por memórias que compilo,
A noite que singramos, infinita...

Das dores que me mostras, me depilo,
És pérola mais rara, uma pepita,
Amor de Perdição, disse Camilo,
És minha personagem, bela Rita...

Tu és essa certeza mais divina,
Fulguras, irradias energias...
És mansidão feliz e cristalina,

Desejo terminar meus pobres dias,
Nos braços carinhosos da menina
Que já materializa fantasias...


2405


Amor que me tomando me extasia
Em flores e perfumes delicados.
Tornando cada dia em fantasia
E sonhos que serão recompensados
Por outro amor repleto em alegria
Mostrando que o futuro lança os dados

E mostra minha sorte mais completa
Nas flores estampadas dentro em mim.
Cupido, perspicaz atira a seta
E atinge o coração. Amando assim
A vida nos teus braços se repleta
E nasce em toda rosa do jardim...

Meu canto não se cansa de buscar
Amor que se fez raio de um luar... Amor que me tomara


2406

Amor que me tomando
A sorte em suas mãos
Tramando em raros grãos
O tempo audaz e brando,
Aos poucos transformando
E nisto venço os nãos
E sei dos dias vãos
Enquanto busco o quando.
Represa dentro em nós
A vida sem a foz
Grassando em estuário
Diverso do que pude
Ainda mesmo rude,
Porém não temerário.


2407

Amor que me tomara
As rédeas deste sonho
E quando além proponho
A vida em jóia rara,
A sorte se escancara
E nela me componho
Ousando mais risonho
O todo onde se ampara;
Viceja esta esperança
E o passo enquanto avança
Traduz felicidade
Vestindo esta certeza
Do amor sou mera presa,
Buscando a liberdade.


2408

Amor que me tornou mais aloprado,
Se deveu a farsantes montarias...
Nave que perdeu rumo, fez estrado
Com as lenhas que colhe nem estias...

Amor que me tornou queimou o prado,
No prato que cuspiste, ventanias...
Não quero amor assim, sequer assado
Vivendo brincadeiras e orgias...

Amor mais aloprante, pra que quero?
Não me perdoe nunca mais, sincero...
No que se desprendeu, perdeu sentido...

Amor que jamais cego, dividido
Me faz um arremedo de saudade.
Amor assim não trará felicidade...



2409


Amor que me tramara novo canto
Se espanta com teu brilho, mulher-sol.
E vive se explodindo num encanto,
Na mágica atração por teu farol.

Das Minas mais douradas do meu sonho,
As pedras preciosas, diamantes.
Te quero, minha rosa, te proponho,
Os dias mais amantes e brilhantes.

Conquanto nosso amor é néctar puro,
É sol que se embrenhando traz a lua.
No mármore esculpi nosso futuro,
E a vida, transformada, continua...

E sinto que faremos novos filhos,
Nos raios tão sedentos, nossos trilhos


2410


Amor que me tramara
A sorte reluzente
No quanto a gente sente
A vida sendo amara
A noite se faz clara
E bebe plenamente
A lua onde se assente
A sorte mansa e rara.
Invisto, cavaleiro
No sonho derradeiro
E busco esta certeza
Do quanto ser feliz
Vivendo o que mais quis
Vencendo a correnteza.



2411

Amor que me treslouca enquanto amansa
O coração feroz que assim graniza,
Nas cores deste sonho se matiza
O mundo que imagino em esperança.

Navego por teu corpo qual criança
Que a vida em alegria aromatiza
Fartura de prazeres já se alcança
No vento que me toca e assim me avisa

De que é possível crer em novo dia,
Forrando meu viver em poesia
Deixando bem distante o sofrimento.

Quem teve em vida apenas duro fardo
Afasta do caminho urzes e cardo
E encontra finalmente o seu alento...


2412


Amor que me domina
E toma cada passo
Aonde quero e traço
A vida em rara sina,
O quanto se destina
Vencendo este cansaço
E trago enquanto faço
O mundo em farta mina,
Exígua poesia
E sei que me faria
Apenas sonhador.
Viceja esta esperança
Enquanto o passo avança
Supera qualquer dor.



2413

Amor que na abundância ou na miséria
Não deixa de querer quem te quer bem,
Do abismo mais profundo à noite etérea,
Envolto nestes mantos sempre vem...

Não me permite mais tomar assento
No banco das tristezas e das dores,
Em meio a tais carinhos me contento
E flagro-me roubando jardins, flores...

Livre dos medos tolos, insensatos,
Caminho em cordilheiras mais audazes,
Bebendo a mansidão destes regatos
Percebo em nosso amor forças tenazes

Que tanto acariciam que alucino,
Completam meus desejos de menino...

2414


Amor que não amava nem recolho,
As vestes dos valetes e das damas...
Meu olho que te mira, nem restolho.
As almas se deliram, nossas camas...

Tu clamas meus reclames, teu ferrolho.
As palmas se repetem, novas tramas...
Reparas nas aparas, no repolho,
Amarras as amaras armas amas...

Não pré e nem concebo sem motivo.
Moto continuado sou remoto...
Ateio tenaz teia sou cativo.

Meu ventre não adentre, pois não parto.
Não pranto nem remanso, feto e foto,
Nas guerras que nem cerras não aparto...


2415


Amor que não combina com prudência
Nem laudos. Tão somente de perícia
Vivendo cada sonho com carícia,
Rimado com prazer? Jurisprudência!

Não tema se parece uma indecência
O verso que te faço, sem malícia,
Apenas desfrutar desta delícia
Não permitindo enfim uma ingerência

Daqueles que não sabem bem viver,
Eu quero tão somente o teu querer,
Da nossa fantasia, promotor.

Ajuizando as causas num libelo,
O quanto de desejo eu te revelo
Ao advogar em nome deste amor.


2416


Amor que não dá tréguas, sem limites
Transforma a minha vida totalmente
Imerso em teus desejos, não me evites
Entregue ao nosso amor, completamente.

Assim acreditava piamente
Jamais aceitaria outros palpites
A cada novo gozo que me incites
Em teus braços a mágica envolvente.

Revejo tua imagem com saudade,
O tempo foi cruel ao relegar
Ao sonho a tão temida realidade.

De tudo o que nós fomos; nada resta,
A morte vem chegando devagar
À sombra da saudade, amor me infesta...


2417


Amor que não descansa em chama intensa
Não deixa sossegar a quem adora.
Por mais que esta batalha o corpo vença
A moça se reforça e quer toda hora.

Colhendo no seu corpo a recompensa
Assim que mal termina já se aflora
Furor que não existe a quem convença
Termina com ardor e revigora.

Comprei uma farmácia, mas salário
Tu sabes tem limites, meu amor.
Além de tudo, sendo sempre e vário

Não tenho quase tempo pro trabalho.
Tu pensas que ele está ao teu dispor,
Desculpe, por favor, um ato falho...


2418



Amor que não domino, sem razão,
Vasculha todo canto desta casa;
Derrama insensatez no coração
E sem nenhum pudor, decerto abrasa...

Torrente tresloucada; não detenho.
Inunda simplesmente e nem pergunta.
Amor quando é demais que já contenho,
As dores e alegrias; tão cedo, junta.

Na glória fugidia deste encanto,
As heras dominando meu jardim;
O rumo destes sonhos, riso e pranto;
Explodem, num segundo, dentro em mim.

Amor quando é de amor assim cativo,
Penumbra, luz e trevas de que vivo...


2419


Amor que não merece nem cem rúpias
Amor que não valora nem carinho...
Envolto nas lembranças de volúpias,
Desmancha-se imbecil, segue sozinho...

Amor que se fingira nos frementes
Desejos que não trazem nova espera...
Farsante se despede das torrentes.
No fundo silencia e desespera...

Amor tão causticante já claudica...
Esfacela escoria e nunca cura...
A morte por saída, melhor dica...

O canto fogaréu que não inflama...
A máscara impedindo uma ternura,
O resto do que fomos jogo à chama...


2420


Amor que não permite a coação
De quem em frágil sonho vem, destrói.
A dor que tantas vezes nos corrói
Jamais alcançará meu coração.

Eu teimo em perceber quanto a lição
Ensina a quem os erros já remói,
Por mais que o pensamento ainda sói
Viver cada tormento. Tentação...

Ao ter tua atenção feita em carinho,
Eu sei que não serei tanto sozinho,
Encantos adivinho em cada verso.

E sinto o benfazejo vento vindo,
Trazendo um novo dia, claro e lindo,
Dos tempos tão sofridos, bem diverso...

2421


Amor que não permite que te peça
Apenas uma noite a mais comigo.
Retiro tua roupa em cada peça
Buscando no teu corpo o meu abrigo.

Na sorte deste sonho se confessa
O templo, raro altar, que assim persigo.
Embora tão sedento, em louca pressa
Eu sei que amor não pode ter perigo.

Não posso mais, querida, me perdoa.
Amor que sei nos toma, sem fronteiras,
Porém já percebeu o seu limite.

Não quero que o prazer enfim te doa,
Nem quero tuas lágrimas certeiras.
Espero enfim curar bartolinite...



2422


Amor que não precisa nem de juras
Pois é já de per si um juramento
Lavrado com sorrisos e ternuras
Sem dar satisfação ao sofrimento.

As almas que se tocam, voam puras
Em torno desta luz do sentimento,
Matando o que houvera em amarguras
Libertas, soltas, voam com o vento.

Num enlevo fantástico e tão terno
Os gestos de carinho são constantes.
O bom de ser assim, pra sempre, eterno

É ter a liberdade de cantar
Saber que sempre irão tão radiantes
As asas que aprenderam a voar..



2423


Amor que não pretendo fosse vário,
Traga minhas sonatas, sem perdão!
Disperse do meu peito a solidão.
Dispense do meu corpo, esse sudário.

Não deixe nunca mais vento contrário,
Proteja das tempestas, mansidão!
Contigo não há medos nem leão!
Nos haras desta vida ganhei páreo!

Não quero mais temores, horas cálidas.
Distante sei as dores, sempre pálidas.
Constantes os pendores desta luz!

Vencidas as moléstias tenebrosas,
Nascidas nos jardins, as belas rosas
Por certo enfeitarão a minha cruz!


24


Amor que não se cansa de brilhar
Um gerador de sonhos traça o rumo,
Nas tramas deste amor, eu me perfumo,
Destilo cada flor, bebo o luar.

Quem dera se eu pudesse navegar,
Sentindo em meu saveiro todo o prumo
Da vida em que se toma todo o sumo,
No inesquecível doce a inebriar.

No ritmo em perfeição; nossa cadência,
Os rastros permitindo a florescência
Dizendo a cada verso que não temas,

A par do que se forma; encantador,
Amor se vangloria, sabedor,
De ter a solução para os problemas.


25


Amor que não se entranha perde força
Não chega nem sequer a ser amor,
Na boca se reserva o beijo, a moça
Que queima tal qual febre, em seu calor...

A lua refletida nesta poça
Trazendo belo céu, seu esplendor.
É frágil como porcelana e louça
Precisa ser do jeito que se flor...

Amor não merecendo seu amparo,
Não versa nem conversa nem remenda...
Nas matas que se perde busca faro

Amor é simplesmente tal comenda
No peito de quem sempre trouxe sonho,
Sentido no meu peito mais risonho...


26


Amor que não se mede e nem se pede
Refaz a vida sempre em alegria.
Prazer que a gente ganha e assim concede
Formata em nossos sonhos, fantasia.

Não deixa vir o tédio nem o frio
Num fio de esperança vai atado.
Amor que se concebe sonho e cio
Depois de tanto tempo apaixonado.

Na trova que fizeste, meu repente
Se faz com toda a força da verdade
Amor que nos deixou demais contente
É feito com total sinceridade,

Palavras que emolduram tua trova
Mostrando o nosso amor que se renova.


27


Amor que não se pede, espere bem sentado,
Amor que não se cuida, a semente não brota...
Passarinho, prendi, ficou demais calado...
Meus sonhos de cristal, a lua é minha rota...

Não vou levar saudade, espero novo fado.
Perdido meu amor, jogado nesta grota.
Carrego meu cansaço, amor pobre coitado.
Felicidade enfim, cumpri a minha cota...

No riso que vigora, a vida toda chora....
Espero meu passado, aguardo meu futuro,
Morena por favor agora não é hora,

Se fores não terei, uma simples mortalha,
A vida que não tive, num alto e grande muro,
É corte que se dá no fio da navalha...


28


Amor que não se permite mais marasmo
Nem quer qualquer rotina como guia.
Tampouco o frio olhar parado e pasmo
Que amor sem fantasias cedo cria.

Eu quero esta fornalha que se acende
A cada novo toque mais audaz
Ao gozo mais ardente amor recende
E desse jeito sempre satisfaz.

Não vejo outra saída nem pretendo,
Apenas me entranhar e ser só teu,
Segredo, eu reconheço e já desvendo
Entregue ao farto sonho teu e meu,

Tu sabes quanto eu quero o teu prazer,
Na fonte tão gostosa de beber

29


Amor que não tem fim, determinando
O rumo que pretendo ser o nosso.
Palavra carinhosa que eu endosso,
Tornando o caminhar suave e brando.

Há tempos que eu tentara, procurando,
Saber de tal encanto em que remoço
O velho coração. Agora eu posso
Dizer do novo tempo se aflorando.

Flutuo nos teus versos, ao sabor
Da brisa que me leva mansamente,
Glorificando em paz, supremo amor,

Partícipe comum desta festança
Que muda o meu destino, alegremente,
Trazendo em minha vida, uma esperança...


30

Amor que não valia nem tostão
Depois de ser refém se achou perfeito
E fez deste tormento um turbilhão
Vagando neste beco, satisfeito.

Amor que não valia a precisão
Esgana o sentimento de direito
E mata novamente esta ilusão
Recibo maltrapilho do meu peito.

Causado por engodos, meus enganos,
Se fez em valentia trapo e resto.
Cobrar pelos pecados, erros, danos,

É dar valor demais ao que não tinha.
No fundo talvez seja um manifesto
Da noite que não vinha, toda minha...


31


Amor que não vivi se foi. De araque...
Mentiras tão somente e nada mais.
Usando em cerimônia um velho fraque
Puído, se perdeu em temporais.

Porém isso não causa sequer baque
Em quem sabia disso em ancestrais
Momentos. E por mais que me estabaque
Aguardo outros amores magistrais.

Refém das tuas farsas? Já não sou.
Um velho caminheiro reconhece
A cobra que envenena e que entontece

E nisso nosso amor se transformou,
Num bote que se fez mal sucedido.
Sou cego, mas me resta um bom ouvido...


32

Amor que nas quimeras fora trágico,
Nas noites que restou sem um luar,
Das dores que devoras, necrofágico,
Não restam nem esperas nem lugar...

Amor que em entrelinhas fez-se mágico,
Nas beiras dos caminhos perde o mar...
Amor velho naufraga enfim pelágico,
Enfrenta tempestades, procelar...

Não queima nem dispensa o teu batom,
Em meio a tais loucuras, sou ateu...
O mundo não ecoa o mesmo som,

Nos pés inalcançáveis se perdeu.
A noite que varia um mesmo tom,
As várias sensações do mesmo breu...


33


Amor que no meu peito fez morada,
Mostrando suas cores maviosas,
Tornando minha estrada mais dourada
Plantando no caminho belas rosas,
A vida, eu vou levando renovada,
Tocada pelas mãos mais carinhosas.

Depois de caminhar em passo lento,
Os dias mais felizes se desejam,
Amor ao demonstrar atrevimento,
Dois corpos que enlaçados já se beijam,
Tomando todo o nosso pensamento,
Permite que futuros bons prevejam

Os sonhos mais formosos, delicados,
Prazeres mais audazes alcançados...


34


Amor que nos domina sem engodos,
Sem traços de frescura, se faz forte
Vencendo os medos, limos, lodos,
Fazendo da esperança o nosso norte.

Eu sou feliz e disso vem o canto
Que faço neste instante para ti.
A sorte nos cobrindo com seu manto
É tudo que ao bom Deus eu já pedi.

E vamos pareados vida afora
Seguindo a nossa estrela sem temor.
Na força que nos doma e revigora
Sabemos da extensão de nosso amor.

E assim sem ter limites vamos fundo
Na sensação divina em que me inundo...

35


Amor que nos domina, imperador
De todos os sentidos e desejos.
Buscando em teu carinho, sonhador,
Os belos descaminhos dos meus beijos.

Dourando perfumada e bela flor
Aumentando a potência dos lampejos
Que trazem ao meu canto encantador
Motivo para os dias que antevejo

Nos olhos da mulher que é minha sina.
Na boca umedecida por paixão.
Neste sorriso eterno de menina

No brilho que irradia a claridade
Imensa transbordando de emoção.
Na ventura do amor; felicidade!


36


Amor que nos encanta faz roteiro
De um filme tão romântico. Decerto,
O tempo de sonhar passa ligeiro,
Depois a solidão, duro deserto.

O quanto imaginei o tempo inteiro,
O coração desnudo e sempre aberto,
Além do dia a dia corriqueiro
Ventura desvendando, está por perto.

As cenas mesmo sendo repetidas
Traduzem no final, as nossas vidas,
Comuns, mas tão diversas, pois são nossas.

E quando em holofotes tu remoças,
Atriz dentre as atrizes, principal,
Percebo quão feliz, nosso final..


37

Amor que nos envolve e não deixa
Sequer uma esperança de fugir,
Se sou um samurai, tu és a gueixa;
Sem queixas, nosso amor vem me pedir

Que toda eternidade seja pouca
Para esse imenso mar de amor sem fim,
No grito de alegria, a voz mais rouca
Percebe todo amor que existe em mim...

E sou feliz por ter esta aliança
Que envolve um coração insaciável,
Rito fenomenal de uma esperança
Que era antes deste amor, inconsolável.

No peito, uma emoção transborda em festa
Vivendo em cada dia que me resta...

38


Amor que nos revela
O quanto mais sentisse
Vencendo esta mesmice
E a sorte sem procela
A morte não se atrela
Além desta tolice
E quanta vez se visse
O tempo em rara tela.
A vida é tecelã
E sabe da malsã
E tétrica mentira
Enquanto o verso traz
O passo mais audaz
E a vida se prefira.



39


Amor que nos redime
E traz o quanto quero
Do sonho mais austero
Ou mesmo até sublime.
No todo onde se exprime
O verso que inda espero
E o tempo mais sincero
E nele a paz se rime.
Vencendo a tempestade
Alçando o manso cais,
Depois dos vendavais
Apenas a saudade
Aos poucos, mas jamais
A sorte inútil brade.



40


Amor que nos invade
Sem medos ou receios,
Fogueira que nos arde,
Não conhecendo freios,

Amar jamais é tarde
Reconhecer os veios
Que sem fazer alarde
Prometem devaneios...

Eu quero ser teu par
Na andança mais comprida,
Que é feita sem parar

Em toda imensa vida,
Deitando em nosso lar
A lua comovida...


41


Amor que nos invade
e traz o todo enquanto
O passo não garanto
E fico na saudade,

Marcando o quanto evade
De nós o raro encanto,
O tempo num espanto
Não vendo a liberdade,

Expressa a solidão
E traz os que virão
Momentos mais audazes,

Somando cada espaço
Aonde o rumo eu traço
Também teus sonhos trazes.



42


Amor que nos lambuza
Trazendo tanto mel,
Enquanto a gente se usa
Encontra um claro céu,

Tu és a minha Musa
Eu quero ser corcel,
Debaixo desta blusa
Por sobre este dossel

Na cama me acorrentas
Algemas e delícias
Paixões tão violentas

Entornas em sevícias
Represas, arrebentas
Torturas e carícias...


43


Amor que nos ligou, solar destino.
Vestindo esta beleza, ser feliz.
Atino que, se um dia, fui menino,
Menino que sonhava cores gris.

Ao ver este solar resplandecente
Qual fora um helianto te buscou.
E vive neste amor mais envolvente
O rastro destes raios que sonhou...

E vaga mal começa uma alvorada,
E sonha com carícias e ternura.
Sabendo que virá a madrugada,
Eterna sensação que seja pura.

Que tenha a eternidade do momento
Mas saiba dar a voz ao sentimento!


44

Amor que nos movendo, nos exila
De toda a humanidade, nos perdemos,
Um sentimento tal que alma destila,
Depois já somos um, mal percebemos...

Meus versos incontidos podem ver
O brilho deste olhar-luar que guia
Meu mundo se imergindo no teu ser
Aspergindo prazer e fantasia...

E... Te amo ninguém pode nos parar,
Nem mesmo a triste morte ou solidão,
Estás atada em mim! A te buscar
Procuro pelo céu, pela amplidão,

E encontro-te calada dentro em mim,
Amor nosso princípio, vida e fim...


45


Amor que nos pertence, luz entorna
Clareia toda a senda, acende a festa.
No canto da araponga, qual bigorna,
A chuva do passado não infesta.

Nas frestas fresas abrem orifícios
Delícias e carícias adentrando,
No gozo e no prazer, ofícios, vícios
Bandeiras da alegria se mostrando

Desfraldam, cobrem fráguas, penas mágoas
Não deixam que se veja o que passou.
Descendo em sedução as fartas águas
Recolho os teus sinais, sei o que sou.

Naturalmente a vida segue o curso,
Toada pelo amor e seu discurso...


46


Amor que nos recobre, rara manta,
Não deixa que um inverno nos maltrate
No olhar da prenda bela que me encanta,
Calor que me traduz amargo mate.

Do coração mineiro, um minuano
Chegando aos pampas, manda estas notícias
Do sentimento nobre e sem engano
Da sorte que virá, claras primícias...

Prelúdio em que a vida prenuncia
Um dia feito em glória e plenitude.
Estando sempre em tua companhia
Eu vejo ressurgida a juventude.

Amar é ter nas mãos tantas estrelas,
Num ato de loucura, enfim, bebê-las...

47


Amor que nos sacia e nos tatua
Crivando de emoções a vida inteira,
Minha alma ao te saber, cedo flutua
Trazendo tanta paz como bandeira...

Eu sonho ter teu beijo, clara lua,
Forrado em sensação mais verdadeira,
A pele tatuada, exposta e nua.
Fazendo de meu corpo tua esteira...

Teus rastros vou seguir, amada amiga,
Pegadas que deixaste no caminho,
Nesta ternura imensa, nossa liga

Que sempre norteou cada carinho,
Carinho que, no amor, é forte viga.
Certeza de não ser, jamais, sozinho


48


Amor que nos sacia
Embora seja assim
Início dita o fim
E a sorte, a fantasia.
O todo que queria
O mundo em meu jardim,
O passo de onde vim
A sorte mais sombria
Movendo cada engodo
Adentro a lama e o lodo,
Mas sei do meu caminho
E vendo este momento
Aonde em paz me alento
Em ti, eu já me aninho.

49


Amor que nos induza
Ao quanto posso e quero
Ao ser bem mais sincero
A sorte tão confusa
Por vezes se nos usa,
Traçando o quanto espero
E nisto um mundo eu gero
E a vida se entrecruza
Após cada partida
Ainda se lapida
Constante maravilha,
Embora seja frágil
O dia se fez ágil
Ousando em nova trilha.


50


Amor que nos sufoca e deixa louco,
Não vê que a claridade quer espaço.
Um peito tão gemente grita rouco
Querendo uma alegria sem cansaço.

Querida, não precisa assim temer,
A vida que te entrego por inteiro.
Amor tanto desejo enfim te ter,
De tantos sentimentos, o primeiro...

Amor não se discute, só se vive;
Amor não se maltrata, se semeia.
Caminhos que passei, por onde estive,
Ficaram noutra vida, como alheia.

Eu sinto tua falta a cada dia,
Por isso meu amor; mais alegria!


51

Amor que nos sustenta em verso e vida,
Sedento procurando em cada espaço
O gosto desta sorte dividida
Que estreita-se e aprofunda nosso laço.

Desejo ter teus lábios sim querida,
Roçar a tua boca, ser teu passo
Em busca da delícia repartida
Formando em nossa vida o mesmo traço.

Tu és a redenção de minhas dores,
Tu és o meu destino, sol e lua...
Nas mãos que te procuram, os tremores

Demonstram emoção de poder ter
Tua beleza imensa, tensa e nua
Na busca tão intensa do prazer


52

Amor que nos sustenta
Pudesse a cada passo
Trazer o quanto escasso
Da vida violenta
Pousando noutro espaço
A sorte mais sedenta
E o corte se apresenta
Num tempo audaz, devasso,
Resumos de outros dias
E neles me trarias
Apenas o que eu busco
E o pântano se estende
E o quanto mais se entende
Expressa o lusco fusco.


53

Amor que nos tocando faz sentido
E mostra em sonhos, dias encantados,
Em versos mais sutis e delicados,
Apascentando quem fora temido

Por ter depois de tudo se exaurido
Ao perceber temores sepultados
Encontra os seus caminhos demarcados
Vivendo este desejo percebido

Nos olhos de quem sabe quanto e quando,
Os rumos mais felizes desfraldando
Eternamente vibra em alegria,

Espalha o seu sorriso mais contente
E sabe do querer completamente
Que aos mandos deste amor já se cobria...



54


Amor que nos tocasse
Pudesse noutro insumo
Vencer o quanto aprumo,
E mostra a vera face
Do todo onde legasse
No caos onde acostumo
A vida traz o sumo
E nisto se moldasse.
Partindo do princípio
Que o nada sobrepuja
Ainda quando é suja
A sorte desde o início
Matando o quanto eu quis
Gerando a cicatriz.



55



Amor que nos trouxera
Ainda a noite escassa
E quando a sorte passa
Gerando esta quimera
O quanto se fez hera
E nada mais se traça
Vagando em voz devassa
Mostrando o que se espera
A gente não se cansa
Buscando uma esperança
Jamais posso esquecer
O todo não pudesse
Trazer esta benesse
Ditando o desprazer.





56



Amor que nos tocando traz sorriso
Tomando neste instante, o pensamento.
Da vida o melhor bem e mantimento
Trazendo para a terra, o Paraíso.

Fazendo-nos perder Razão e siso
Reinando em nossa vida, num momento
Deixando a dor herdar o esquecimento
Nos olhos de quem quero, o doce aviso

Da vida transformada em doce encanto,
E quem, amor demais por certo sente
As alegrias; faz por merecê-las

Por isso minha amada eu amo tanto
De forma sem igual sem precedente
Elevo o meu desejo ao céu e estrelas!


57


Amor que nos tocou, chegou ao fim?
Pergunta o coração enamorado
O quanto de desejo existe em mim
Permite amanhecer anunciado

Que sinto ter chegado, amor; enfim.
Distante dos temores do passado,
O manto desses sonhos, consagrado,
Perfuma o meu canteiro, este jardim.

Não quero a solidão, nem a tristeza,
Das dores? Sequer traços ou resíduos,
Apenas mansidão feita em carinho.

Prazeres são comuns e mais assíduos.
Amor já me impedindo de ser presa
Dos cactos espinhosos do caminho...


58


Amor que nos tocou
Mostrando o passo rude
E nisto o quanto pude
Marcar o que traçou
Vagando; enquanto estou
Toando a juventude
E nada mais ilude
O sonho que restou,
Resvala dentro em mim
O todo sem ter fim
Gerando mero ocaso
E quanto mais vibrasse
A vida noutro impasse
O canto enfim atraso.


59

Amor que nos transborda em seus furores
Não deixa mais as sombras reviverem
Percebe que na vida, tais horrores,
Se esquecem onde amores estiverem.

Eu quero o louco brado deste amor,
De tanto amor jamais fico cansado.
Nas fontes deste amor, tal esplendor,
Deixando um velho peito apaixonado...

Portanto, não se esqueça de que nada
Na vida se produz sem ter carinho.
Não fuja desse amor, minha adorada.
Eu quero acompanhar o teu caminho.

Vivendo neste amor, com emoção.
Aprenda a libertar teu coração!

60


Amor que nos transforma
Cativo e soberano
Tomando a nossa forma
Já não admite engano.
Amar é sacra norma,
Um gesto mais humano,

Encantos e magias
Amor sempre nos traz
Envolto em fantasias
Querendo sempre mais,
São tantas alegrias
Que amor se faz capaz.

Eu quero ser teu fado,
Teu homem bem amado...


61

Amor que nos transforma em poesia
De mútua esperança minha e tua.
Nas danças misturamos noite e dia,
A vida que dançamos continua.

Da minha que te entrego, meu jardim.
Da tua que recebo, borboleta
Que pousa devagar e vem pra mim,
Enquanto te perfumo, tão dileta...

A minha rima encontro em tua rima
Arrimos de nós mesmos, impossível,
Amor que já se inunda e sempre prima
Por abraçar travesso, o sonho incrível.

Amor que farta em ti derrama em mim,
Inverso e escondido, ri no fim...



62


Amor que nos uniu, nos faz vencer
As velhas armadilhas do caminho.
Quem tem como defesa o teu carinho
Conhece o paraíso sem morrer.

Usando esta artimanha, a do prazer,
No colo desejado eu já me aninho,
Deixando no passado cada espinho
Que um dia, insanamente quis colher.

A tua imagem bela e cristalina
Sorriso delicado de menina
Num corpo extasiante de mulher

Vislumbre de fantástica delícia
Trazendo em turbilhão noite propícia
Cevando a fantasia que vier...


63



Amor que outrora fora verdadeiro,
ao se mostrar desnudo, nada sobra,
meu barco sem bonança, sorrateiro,
diante das correntes já soçobra.

Teu riso tão venal e zombeteiro,
alçando neste bote, fina cobra,
no bote dos meus sonhos, vou ligeiro,
e a consciência logo se recobra.

Quem teve uma esperança de viver
amor, intensidade e solução,
ao ver seu sonho em breve se perder,

vagando a te buscar, feito um noctâmbulo,
ensimesmando o fogo da paixão,
caminha neste amor, cego e sonâmbulo...


64

Amor que para a vida, dá coragem
Raríssimo esplendor em lua mansa
Permite a realidade sem miragem
Imagem mais sublime em esperança.

Tatuagem formada a ferro e fogo,
Gozando da perfeita sintonia,
Criada sem lamúria, choro ou rogo,
Expressão divina da alegria...

Escuto a tua voz airoso sonho,
Esplêndido luar em prata nobre,
Olhar em teu olhar, sereno, ponho;
A lua em fantasia nos recobre.

Descubro o quanto posso ser feliz,
Amor que uma tristeza contradiz...


65


Amor que pega fogo em nossa cama
Não pode ser apenas labareda,
Falando de mansinho, amor me chama,
E peço que ele sempre me conceda

Carinho mais dengoso da morena
Beijos alucinantes e fogosos.
Textura desta pele que me acena
Convida para jogos maviosos...

Não deixo de pensar um só momento
Na imensidão do amor que sempre traz
Prazeres deslavados, sem tormento,
Além do que pensei fosse capaz...

Morena minha sina é ser seu par
Nas noites que vibramos sem parar...


66

Amor que pretendia formidável,
Desfaz-se simplesmente na quimera...
Que come, destruindo, qual a fera
Que morde tua boca, inconsolável...

Amor me transformando em miserável,
Não pode mais temer essa nova era,
Denegrindo carinhos donde gera,
A morte desse amor inabalável...

Bebidas me consolam, tanta mágoa,
Restando tão somente o meu delírio,
Nas saias da saudade foste anágua

Me deste soluções que não creditas...
O resto do meu mundo, meu martírio,
Nas margens e distâncias, t’as pepitas...


67


Amor que pretendia
Além do quanto resta
A vida mais funesta
Gerando novo dia
Assim a fantasia
Deveras sempre empresta
O mundo quanto atesta
A glória em poesia
Vestindo esta esperança
O passo além se lança
E traz no quanto pude
Vencer o meu temor
Ousando o redentor
Cenário onde amiúde.




68


Amor que procurando um manso cais,
Depois de ter vencido, com firmeza,
Os mais temidos ventos, temporais,
Lutado contra a forte correnteza

Encontra finalmente um belo porto
Que possa permitir o seu descanso.
O olhar ganha o horizonte e vai absorto
Enquanto o que eu buscara, enfim, alcanço.

Nos céus raro azulejo preconiza
Um tempo de total tranqüilidade
Na praia tão somente a leve brisa

Dizendo da alegria de saber
Que a vida nos trazendo a liberdade,
Retrata em tanto azul, nosso prazer...

69

Amor que prometeste – anel que se quebrou
Olhando o meu passado, há tanto por dizer
Do sonho que abortei; do nada que chegou.
Da noite que perdi, da ausência de prazer.

Amor que prometeste – o tempo aniquilou...
O gosto do vazio, herança de um viver
Que nada me trazendo, o nada me deixou.
Do tanto que eu queria; o vazio restou...

As bocas que eu beijei; as tolas gargalhadas,
A festa prometida em danças demarcadas,
A moça na sacada, a lua na varanda.

Os sarros na calçada; o gozo que não veio.
A mão desce gulosa, encontra um belo seio...
A vida em carrossel. Girando na ciranda...


70

Amor que prometido
Pudesse ser diverso
Na paz deste universo
Meu sonho ora lapido
E sei do quanto olvido
O rito mais perverso
E sigo além disperso
Do pouso presumido.
Audaciosamente
A vida tanto mente
E nada mais produz,
Depois de certo atraso
O tempo em tal descaso
Matando a rara luz.




71

Amor que quando toca a coisa amada
De tanto que permite se encantar
Além de todo o bem a desejar
Mergulha sobre a senda desejada

E mostra uma alegria transformada
Em sonho divinal a se alcançar.
Vagando em liberdade quer luar,
Derrama-se por sobre cada estrada

Que leva em direção à triste aldeia
Deixada por acaso no seu rumo,
E eu, pobre camponês já me incendeio

Ouvindo este cantar, busco a sereia,
E dela procurado gosto e sumo,
Distante de uma praia, devaneio...

72

Amor que remedia também cura
E marca em cicatriz deixando leve
Aquele a quem amar tanto se atreve
No enleio feito em paz, viva ternura.

Amor que uma alma livra enquanto apura
E mostra-se divino até se breve,
Derrete o sofrimento feito em neve
Apascentando o céu, reflete alvura.

Amor sem ter enfado, em Fados muda
Capaz de renascer a cada dia.
Refestelando a vida em pura glória

Ao pobre solitário tanto ajuda
Que aos poucos, dominando contagia
Louvando em sorte plena, esta vitória...



72


Amor que rememora priscas eras,
Me traz tendas, desertos, beduínos...
Nos olhos procurando seus destinos,
Os cantos, madrigais... Do céu, esferas

Brilhantes. Gigantescas, tristes feras,
Mergulham nos meus sonhos cristalinos...
Amor que ressuscita, faz meninos
De todos os que morrem tais crateras...

Nas lágrimas que choro, meu colírio...
O visgo de teus olhos, primavera.
Amor que não vivemos, meu martírio

Abandonos e flores se revezam.
Açúcar acalmando essa quimera.
Carinhos tão profusos que me lesam...


73


Amor que renovamos, a cada ano
Fazendo da esperança nossa guia,
Por mais que haja distância, não se esfria,
O sentimento intenso e soberano...

Versando sobre o sonho, sem engano,
Eu quero te dizer que a poesia
Se mostra tão sublime enquanto cria
A cada novo tempo, o mesmo plano.

Fadados a vencer quaisquer procelas,
O amor ao dar-nos forças, abre as velas
E encara sem temor, as velhas lutas.

Não cabem num amor as vis permutas
Nem mesmo as armadilhas mais astutas,
Pois ele não suporta algemas, celas...


74

Amor que santifica e faz eterno
A quem em suas garras se entregar,
Aquece com carinho em longo inverno,
Trazendo para nós a luz solar,

Sem ter o teu amor eu me consterno
E passo pela vida a divagar,
Um sentimento doce e sempre terno,
Moldando uma alegria devagar...

Amar demais é ter a juventude
Em toda mansidão em fino trato,
Amor é da alegria um bom retrato,

Além de ser feliz, tanto e amiúde,
Quem ama em fantasia permanece
E tece em sintonia bela prece...


75


Amor que se alimenta em puro amor,
Círculo vicioso de alegria;
Em corpos que se encontram, uma alquimia
Que faz da vida, a vida recompor.

Contigo eu sempre irei aonde for
Em frases, versos, sonhos, poesia
Seguindo passo a passo a mesma via
Guiados pelo amor, nosso mentor.

Ao te encontrar sozinha no caminho
Eu logo adivinhei o meu futuro.
Bebendo desta boca sacro vinho

A solução dos meus problemas tive
Ao ancorar meu barco com apuro
No amor que dentro em nós pra sempre vive..

76


Amor que se alimenta
Em tanto amor, desvenda
A vida além da lenda
No quanto foi sangrenta
A sorte que se tenta
E nisso esta contenda
Marcando o que se atenda
E nada mais me alenta
Vencendo esta constante
Ausência de esperança
Enquanto o passo alcança
A etérea plenitude
Já nada mais pudera
Ainda quando a fera
Talvez domada; ilude.


77



Amor que se cultiva num canteiro
chamado, tantas vezes, coração.
Decerto quando forte e verdadeiro
granando traz divina sensação

de um mundo mais gostoso, alvissareiro,
que às vezes nos causando inundação,
demonstra toda a luz deste luzeiro,
trazendo por farol, nossa paixão.

Eu quero estar contigo toda noite,
jornada em delicada fantasia.
Bebendo em tua pele esta alegria,

querendo que teu corpo já me acoite,
vem logo que esta noite traz a lua,
deitada em nossa cama, bela e nua...


78

Amor que se demonstra em tais façanhas,
Deixando a nossa vida mais formosa,
Adentra sem limites as entranhas,
Acalentando a sorte gloriosa

Deixando para trás dores tamanhas,
A vida se transforma, fabulosa.
Trazendo luz intensa às velhas sanhas
A noite passa a ser maravilhosa

Amor é de quem sonha, o companheiro
Que levará ao canto derradeiro
O quanto em paz e glória eu sempre espero.

Defronte esta quimera temerária
Que Deus me dê a força necessária
Diante de um momento duro e fero.


79


Amor que se emoldura em tantos beijos
Formata com carinhos e carícias
Procede da vontade e dos desejos
Entrega-se ao altar de tais delícias.

Em escotomas, vivos relampejos,
Começa delicado nas primícias
Depois vai devorando ganha ensejos
Com toques de ternura e de malícias...

Vencendo a noite intensa, surge o sol,
E nele este mormaço que convida,
Calor que se espalhando em arrebol

Faz com que nosso ardor se recomece
Trazendo finalmente gozo e vida
Assim em pleno amor, a sorte tece...


80


Amor que se entregando não descansa
Se cansa de saber quanto me dói
Ausência de qualquer uma esperança
Que sabe que somente amor constrói.

Vivendo sem lembranças do que fora
A vida sem ter chamas onde arder,
A sensação real e redentora
Que traz uma alegria pro meu ser.

Banhado com meu sangue sem demora,
Amor se fez mais belo e iridescente,
Sabendo que quem sabe faz agora,
Amor é muito mais do que pressente.

Permite que se traga um novo dia
Repleto de ternura e de ousadia...


81

Amor que se esparrama ao meio dia...
Nos raios deste sol que nos queimara...
Mais longe tal cantiga que se ouvia,
Deixava na garganta a dor amara...

Vencido, um transeunte nada via,
Arenosa tempesta, fria e rara,
Deixava uma saudade e vilania,
Escurecendo a rua, mesmo clara...

Não víamos sequer o velho sol,
Não tínhamos noção de quem chegava...
Escuridão encharca, nem farol...

A tempestade tudo ali tampava...
A noite se quedava de repente...
Um breu tomava conta, toda a gente...


82


Amor que se fartando, não se cansa
Jamais conseguirá me libertar
Ao mesmo tempo cria uma esperança
Depois a mata calmo e devagar.

Amor é força intensa e necessária
Que move toda a terra num segundo.
Além de uma ilusão imaginária
Nos braços deste amor eu me aprofundo.

E vivo nesta areia movediça
Criada pelo sonho e p’la cobiça,
Mutável nos domina num instante

Vibrando nos teus braços/sedução
Entrego-me ao poder desta paixão,
E sou do amor eterno e bom amante


83

Amor que se faz denso e prazeroso
Trazendo um espetáculo sem par,
Teu corpo assim bonito e tão cheiroso
Perfuma toda a casa, devagar.

Arcando com as ganas de te ter,
Contando estes segundos que não passam,
Vontade de chegar e de poder
Sentir pernas que tocando se enlaçam.

Fagulhas vão virando fogaréu
As chamas tomam conta do cenário.
Flutuo, vejo vindo o claro céu
Num gozo sem igual, profano e vário

Percebo qual portal do paraíso,
Roçando a minha pele, o teu sorriso.


84


Amor que se faz denso enquanto manso,
E traz a plenitude sem delongas,
Contigo em mesmo ritmo sempre danço,
E as noites são bem calmas, porém longas...

Não temo que destarte nos percamos,
Pois somos companheiros da certeza,
Que faz com que já nasçam belos ramos,
Sem chuvas nem tempestas, com certeza.

Afeto que se mostra em cada verso,
Talvez seja o segredo, mas não sei.
Apenas constatando que o universo
Mantém serenidade como lei.

Assim nossos carinhos tão benquistos,
Não deixam abscedar feridas, quistos...


85


Amor que se fazendo assim platônico
Acende uma vontade bem real
Mostrando-se fiel e tão harmônico
Invade e nos transtorna no final,
Trazendo para a vida um fogo tônico
É feito de loucura, sol e sal.

Deixando-nos com fome de prazer
Em nada poderá ter empecilho.
Se nele encontro a força de viver
Eu quero seguir sempre cada trilho
Que leve num segundo a poder ter
Contigo este desejo que partilho.

Tirando tua roupa devagar,
Portal do paraíso a decifrar...


86


Amor que se fez muda e não pariu,
Aborto condenável, mal imenso.
Imerso no passado atroz e vil,
O quanto desejei, eu nem mais penso.

A vida se fazendo sem dispensas
Não sabe acumular as fantasias.
Depois de ter sangrado as desavenças
Saudade vai fazendo suas crias.

Poreja em incessante gotejar
Alveja em precisão o peito estúpido.
Secando o que se fez imenso mar,
Negando este desejo, mesmo cúpido.

Carcaça caminhando pela rua,
Saudade neste palco, cedo atua.


87


Amor que se fez puro e enfeitiçou,
Gerando toda sorte de protestos.
Aos poucos nosso amor se agigantou
Em versos, em desejos, rumos gestos.

Por isso não se importe mais com isso,
A sorte está lançada, e venceremos.
Jardim que semeamos ganha viço
E juntos, neste amor, nós viveremos...

Que a vida nos sorria sem demora,
Quem sabe reconhece a vida boa
Que temos, não importa em qualquer hora
A tempestade vira uma garoa

A chuva já dispersa esse calor.
O sol que está nascendo? Encantador!


88

Amor que se fez tolo, em miopia
Às vezes não consegue discernir
Beleza que se mostra em alegria
Distância alguma irá nos impedir

De termos afinal, um novo dia.
Estrela radiante a me luzir
Permite que me invada a fantasia,
Fazendo um coração atroz se abrir.

Amor quando hipermétrope traz cura
Aos olhos tão distantes, mas presentes.
Tocado pela paz, mansa ternura,

Sentindo com certeza, o que tu sentes,
Seguindo cada brilho: forte sol,
Do amor que me irradias, girassol...


89

Amor que se fez tanto
O quanto não espera
E traz a cada esfera
O sonho onde me espanto
E vejo este quebranto
E nele destempera
O todo aonde a fera
Pudesse em dor e pranto
Audaciosamente
A vida sempre mente
E gera um desafio
E neste caminhar
Cansado de lutar
Apenas me esvazio.


90


Amor que se fizera arquitetônico,
Buscando novas formas, novos tons.
Nas horas mais difíceis foi irônico,
Explodindo em milhões de megatons!

Mas, nas várias tristezas forte tônico,
Espalha nos prazeres vários sons...
Amor que se pensara ser platônico,
Depressa me devora em tantos fronts...

Mistérios e sentidos já decoro.
A boca que me morde me pragueja...
Na roupa que me rasgas me decoro,

A noite que passamos como arqueja!
Não quero mais manter tolo decoro,
Vem correndo: essa boca te deseja!


91


Amor que se fizera lusco-fusco,
Em plena calmaria se rebela.
Não creio em sentimento pobre, fusco,
Que sempre que se acende pede vela.

Nas sombras deste amor eu não me ofusco,
A vida pintaria nova tela...
Nos horas mais difíceis eu me enfusco
Cavalo que não trota, perde sela...

Vivendo nessa espreita, nas ruelas,
Amores que pensei, não mais retornam...
Firmando os parafusos, arruelas,

Firmando o pensamento, trago o sonho,
As horas mais difíceis se contornam,
Meu medo deste amor se faz medonho!


92

Amor que se maltrata, traz comprida
Estrada que percorre, sem festim.
Morrendo, vai matando tudo enfim,
É lástima e mentira vã, cumprida...

Amor que não respeita, olhar que vidra,
Nas portas das saudades, seu clarim,
Nos versos que forjei, velho pasquim,
Invade devorando, uma podre hidra...

Amor que dilacera e nega beijos,
Revira trafegando vãos desejos...
Os pórticos e salas não refutam...

O canto da saudade traz desordem,
Os lábios não se beijam, já se mordem,
Os corpos abraçados, loucos lutam...


93

Amor que se mostrando docemente
Portando em esperanças, namorados,
Meus passos que já foram descuidados
Refazem alegrias novamente.

Tocando bem mais fundo um ser vivente
Em fartas ilusões, traz delicados
Sentidos em que estamos demarcados,
Singrando meus caminhos, minha mente.

Tu és minha senhora, eu sou teu par,
Neste bailado louco que se espera,
Amar é dominar terrível fera

E milagrosamente se encontrar
Debaixo destas garras da quimera
E depois disto tudo; festejar...

94

Amor que se mostrou ser tão fogoso
Não pode sossegar um só momento,
Um fogo que nos queima mais violento
Ardendo sem limite e bem gostoso

Num toque mais sutil e prazeroso
Desvendo com certeza o sentimento;
E todos os temores; apascento
Trazendo um bom futuro, venturoso...

Amor que se faz forte, em profusão
Uma avassaladora sensação
Que nos domina e toma os meus sentidos.

Os sonhos devem ser sempre vividos
Amor que não permite ter fronteiras
Palavras proferidas, verdadeiras...


95


Amor que se permite essa emoção
De ser o menestrel do sentimento,
Receba esse meu canto em oração,
Palavras que não são soltas ao vento...

São mansos como a noite, estes meus versos,
Pois sabem dos amores que mais sinto,
Vividos pelas noites, vão dispersos,
Bebendo nosso amor, que é doce e tinto.

As rimas que produzo sempre falam
De tudo que se vive, sendo puro.
Amores que no peito nunca calam,
A cada novo canto, novo apuro...

Amor tão perolado que rebrilha,
Em cada novo sonho, maravilha...

96



Amor que se proclama
Sem medos, verdadeiro,
Contigo, amor inteiro
Acende sempre a chama,

A vida que nos chama
Num toque feiticeiro,
No nosso amor primeiro
Já tece a sua trama

E mostra alucinada,
A sorte desejada
De quem tanto se quer,

Contigo nesta estrada,
Vem logo, minha amada,
Vem ser minha mulher!


97


Amor que se produz dum outro amor,
É lume que incandesce em luz composta.
Trazendo inda resquícios e temor
Perguntas que te faço sem resposta.

Te quero mas não queres meu querer,
Da forma que queria se pudesse.
Envolta noutros tempos de viver,
O tempo que passou, já não esquece.

Mas quero o teu amor, assim, contudo,
Me inundo de esperanças de que venhas
Eu penso, tantas vezes, que me iludo,
Pois sinto que caminhas outras brenhas.

Mas teimo em insistir que te terei,
Por todo meu viver, esperarei...


98

Amor que se promete, amigo, amante
É feito em raridade desejável.
A mão que acaricia num instante
Apóia quando o mundo é mais instável.

Fazemos de nós mesmos este espelho
No qual somos imagens em mosaico.
O sangue dos amantes; mais vermelho
Às vezes se perdendo até prosaico.

Porém numa amizade benfazeja
Os passos são mais firmes e bem sólidos.
Quem sabe, reconhece e assim deseja
Enquanto na paixão explodem bólidos

Nos braços de uma amiga, mais seguros
Trespassa com firmeza os altos muros...


99

Amor que se resplende e maravilha,
Flameja no horizonte um novo sol.
Seguindo nosso amor, encontro a trilha
De todas as belezas do arrebol...

Teu coração em pérolas tão ricas,
Deseja o meu desejo sem pensar.
Nas mãos tão delicadas, as pelicas
Pelúcias mais macias de tocar.

Eu sinto esta beleza que floreja
Da rosa que cultivo em meu jardim.
Sabendo meu amor que amor deseja
De tudo que se espera dentro em mim...

Sem ter temor mergulho nos teus braços.
E sinto em teu amor estreitos laços...


2500

Amor que se resulta em gozos vem
Depois do jogo feito, guardo os dados.
Meus medos; não confesso pra ninguém.
Os passos pelos sonhos, amparados.

Quem sabe deste jogo não arrisca,
E mesmo ao perceber algum perigo
Seguindo a velha regra, sempre à risca
No colo da ilusão, eu já me abrigo.

Mentiras e verdades, mil facetas
Às vezes é preciso disfarçar.
Prazeres e desejos são cometas
A vida segue eterno circular.

Se o tempo serenou na madrugada
A noite, com certeza foi nublada...
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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