Crónicas da Ti Alzira «« Luso escarrapachado ««
Data 26/11/2010 17:23:41 | Tópico: Poemas
| Eu, até ando aparvalhada, vejam lá vocês, com a parvalheira que me atacou até perdi o meu sotaque alentejano, O meu Manel nem já quer que dormir comigo, diz que estou possessa que foi macumba que me fizeram, bem que eu lhe digo.
- Ó homem essas coisas lá existem.
Nem vale a pena perder o meu latim, o pior de tudo é o meu burrito, o pobre do animal estava habituado ao sotaque, e agora nem me deixa passar a mão po pelo, quanto mais enfiar-lhe a canga, para ir ao mercado vender a hortaliça.
Mas como eu ia dizendo, vocês sabem que eu tenho a mania que sou poeta, e que até já sou famosa, desde que entrei naquele site de escrita que achei na net, o Luso Poemas, pois é, não imaginam a quantidade de admiradores e admiradoras que arranjei, uns simpáticos, outros nem por isso, farto-me de lhe deixar comentários e nem resposta me dão, malcriados é o que são.
As meninas são uns amores, mandam-me rosas, dizem que se vêem nas minhas quadras, bem que viro o texto de pernas para o ar, e nunca vi a carantonha de nenhuma, mas se elas dizem que se vêem é porque se vêem, e pronto.
Depois, tem aqueles cavalheiros que são uns docinhos, ai meninas ele é cada um, musculados, vê-se mesmo que fazem ginástica, apresentam umas fotografias tão lindas, esses mandam-me uns comentários tão giros, cheios de palavras bonitas, meu bem para cá, meu bem para lá, beijinhos, e abracinhos, ás vezes aqui que ninguém nos ouve, mandam-me umas coisas chamadas pms com umas palavras que nem sei o que significam, nunca que o meu Manel me disse algo parecido.
Os piores de todos, são aqueles que tem a mania que são intelectuais, eles dão com cada lição de gramática, que nem a dona Henriqueta a minha professora primária, em quatro anos de escola fora aqueles que não passei, alguma vez me deu, que é que eles pensam que são, doutores, de meia leca.
Ah, mas agora descobri que tenho o delete. Eu explico, existe um sujeito qualquer que se intitula dono do site, então, como o coitado nem de férias podia ir, porque eram tantas as queixas, sobre abusos à integridade moral dos poetas, que resolveu o problema de uma assentada, deu-nos o delete.
Agora ando meia aparvalhada, porque não sei como fazer, não sei se deleto ou não deleto, é que, se deletar todos os piropos que me mandam, aqueles que o meu Manel nem sonha o que são, mas que me fazem sentir uns calorzinhos por mim acima, fico com a minha página muito pobre, e se deletar as reprimendas por causa dos meus erros de Português, nunca mais aprendo nada, pois, é que a minha memória já não é o que era, e sempre que tenho uma dúvida, ou quero sentir-me bonita, abro a minha página do Luso e está lá, Luso escarrapachado.
Ando mesmo aparvalhada, deleto ou não deleto?
Desta Alzira que vos ama, beijinhos e abracinhos.
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