
MEU SAGRADO JÁ MORREU DE SAUDADE (E Nota de Rodapé: Soneto Inútil)
Data 02/12/2010 21:00:37 | Tópico: Poemas
| MEU SAGRADO JÁ MORREU DE SAUDADE
Não ando A acender velas; A pagar novenas; A beijar o manto Da santíssima mais bela No dia consagrado à ela
Deus Não me faz cenas Não mais relampeia Não, não... Deus não me acena Ou me sacaneia...
Ele apenas despeja em meu oceano O estrondo relâmpago do próprio âmago Que cai, saltimbanco, na terra... (Retumbo comum de acidente estanco Que tanto incendeia as árvores secas...)
Meu sagrado já morreu de saudade Deus não é mais ele por inteiro, Anda perfeitamente “oniausente” (Reticências d’um sapatinho de cristal Do pequenino pé descalço da Cinderela)
E Deus é indulgente com minhas mazelas Enriquece-me com mil futilidades Pelas coerentes colunas das minhas tabelas De cálculo estatístico de probabilidades
Do texto acima, de imediato, me veio o seguinte:
SONETO INÚTIL
Um dedo da mente me apontava, em riste: - Vai lá e fala na lata uma coisa boa... Eu fui com a cara e a coragem... E disse... Saiu-me essa coisa chata, assim... À toa...
Quem leu, de mim, riu-se... Triste... Esse riso debochado ainda ecoa Meu olho vazado, incrédulo, assiste... Arrependimento? Ah, isso me amaldiçoa...
Caro leitor... Como é que isso pode? Eu só queria escrever algo útil... Mas aprendi... Quem não pode se sacode...
Quer saber? O discurso era mesmo fútil E idéia que não vinga inteira... Não eclode... Pior: agora me demove este ignóbil soneto inútil...
(Hoje, escrever não fazia sentido para mim... Por que diabos assim mesmo escrevo? "Há algo de podre no reino da Dinamarca")
|
|