À noite a luz É mais luz Cai o céu na escuridão E a estrela grávida É um círculo imaginário A perder-se nos dias E nos momentos Que nascem Sem hora Sem nora Sem sim E sem não
Luzes pendulares Dourados os gestos Meticulosas arestas Ao encontro De todos os desencontros Pontos tornados vivos Na escuridão
Súmulas de todos Os encaixes tumulares Ao relento Sempre ao relento Dos olhares Que tombam Nos arabescos Registo nas palmas Das minhas mãos
Gotículas em cascata Fantasmas sem olhos Corpos sem braços Mãos sem dedos Para escrever Só para descrever O cansaço Este cansaço
E as dornas cheias E as uvas E o vinho E o mosto É rei posto É vasto O calafrio nos pés Dos cantantes
Mutantes sem unhas Sem dedos Sem pele E o mosto É na boca Ao desafio Pelos cantos De uma película Que s’estranha Tão estranha Quanto a dor Que se infiltra Na minha pele
São medonhos Os travestidos Na escuridão
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