
MEUS SONETOS VOLUME 089
Data 17/12/2010 14:08:50 | Tópico: Sonetos
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1
Moreno carpinteiro, meu amigo. Tantas vezes perdido em meu caminho, Na busca por um colo, um bom abrigo, Julgara-me tristonho e tão sozinho.
Às vezes nem sei mesmo se prossigo, Por outras, me sentindo um passarinho Contando tão somente, aqui, contigo, Recebo o Teu abraço, o Teu carinho...
Quando as carnes cortadas, chagas puras, Quando os olhos perdidos, sem ter rumo. Nas esquinas da sorte, só torturas,
O sangue se esvaindo, pobres sumos. Te percebo companheiro e camarada, A vida se transforma, abençoada....
2
Monopolizaste Deus, Teu escravo e teu Senhor. Os meus pecados são meus Nunca foste protetor.
Meus dias não são ateus Não conheces minha dor Tais poderes não são teus Nem é luz sequer calor!
Queres traficar perdão! Impossível te conter Queres ter a primazia!
Não quero essa comunhão Sou do Pai, um qualquer ser. Me dás noite e quero o dia! Marcos Loures
3
Monólito. É assim que vejo o amor Que nada pode ao menos arranhar. Tomado por encanto e por torpor Indestrutível sonho a nos tocar
Num sentimento imenso eu acredito Sabendo que jamais se romperá, Distante da frieza de um granito, Eu quero a intensa chama desde já
Vulcânica explosão que nos aquece Derrama incandescências sobre nós Mosaico de emoções nos enternece Vencendo a tempestade mais atroz,
Fertilidade espalha sobre a terra Na força insuperável que ele encerra... Marcos Loures
4
Montado em meu cavalo ganho o céu Levando na algibeira o teu retrato. Quem dera galopasses teu corcel Mostrando este sorriso, nosso trato.
Da boca desejosa escorre o mel Que beija e que lambuza, raspa o prato. Deitada em minha cama, tiro o véu Morena sertaneja lá do Crato
Eu quero o teu desejo, rente ao chão, Trotando teu cavalo sem parar, Embola teu prazer neste alazão
Depois de ter matado toda a sede, Mais gostoso é poder recomeçar Toda essa montaria numa rede!
Marcos Loures
5
Montada num cavalo e seminua, Em todos os meus sonhos, tu estás; A mão ao me tocar, logo recua, O desejo transtorna minha paz... Donde vens? Amazona mais bonita, Tua pele morena, olhos morenos... A crina e o cabelo, tudo agita Nos campos e nas relvas, mais serenos... Ao seguir o teu perfume já me perco, E penso que encontrei felicidade De toda esta beleza que me acerco Encontro profusão de claridade... Porém o teu perfume me alucina, E já te denuncia, m’a menina...
6
Momentos de prazer e de loucura, Caminhos percorridos noite afora Na rara plenitude da ternura Meu corpo em tua pele se decora.
Depois de tanto tempo em vã procura Vivemos cada gozo que se aflora, Agradecendo sempre esta ventura De ter quem tanto eu quero, sem demora.
Sabemos da magia deste instante Que torna a nossa vida bem melhor. O olhar que se debruça, fascinante
Acendendo o farol das emoções. Num cenário divino, o bem maior Explode, dominando os corações... Marcos Loures
7
Momentos de grandeza em meio à lama, Viscosas emoções entre louvores, Assim ao proclamar nossos amores Fortuna mais diversa, uma alma trama.
Ao encarar surpresas, o ser que ama, Cultua sem saber frágeis andores, E embarca em tais caminhos tentadores, E, tolo, quer a paz, cultiva dores.
Desarmonias forjam falsos lumes Que, opacos, se perdendo em tais estrumes, Confundem este estúpido andarilho.
Na Gênese do encanto, um disparate, Vendendo flores rudes, se combate A imensa e rara luz com fátuo brilho...
8
Molhando, acende o fogo da paixão E faz tal reboliço em minha vida Que aos pouco vou perdendo a direção A colisão se mostra divertida.
Perguntas sem respostas ou saída, O mar em que embrenhando imensidão Às vezes numa farpa recebida, Vazio vai secando todo o chão.
Eu vejo o teu retrato no meu rosto, Embora tantas vezes mal exposto Amplia uma verdade que não sinto.
De todo bem que tenho em meu caminho, Cedendo a força imensa de um carinho, Inundo de desejo o teu recinto... Marcos Loures
9
Moleque, mal sabia das proezas Dessa moça escondida no quintal. Seus olhos me comiam feito presas De uma arapuca assim, fenomenal.
Depois fui perceber as tais belezas Das pernas revirando o matagal. As tardes se passavam mais acesas Debaixo deste sol, suor e sal...
A moça disfarçada em clara estrela Pulando uma janela já sabia Que a noite iria ser louca e vadia.
Sem pejos de tentar ir convencê-la, Um assobio simples bastaria Dos grilos e dos sapos, cantoria...
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Moleque tão travesso nas calçadas Olhando as pernas belas que passavam. Desejos e vontades alcançadas Nas noites que gentis se enluaravam.
Rasgando destemido, estas estradas, As ruas sem limites se mostravam, As carnes nas janelas desnudadas Segredos infalíveis se contavam.
Namoros escondidos no jardim, As ruas eram feitas de balão. O mundo era pequeno para mim,
Tão grande, com certeza, o coração. Agora a vida vem chegando ao fim, Traz-me este gosto bom: recordação..
11
Moleque que se fez em desperdício Bebendo a tempestade e rindo tanto. Ladrando a noite inteira como um vício, Morrendo em ironia, cada canto.
Beijando a moça bela, um precipício. Salgando o velho mar lambendo o pranto. No viço das morenas, meu ofício. Meu karma se perdendo em desencanto.
Alcanço uma manhã como quem neva Deixando o meu prazer na doce treva Que ronda e não descansa a vida inteira.
Noctâmbulo fantasma; eu me alucino, Uma alma vadia, meu destino, Na bela meretriz, a companheira...
12
Moleque quando andava nas calçadas Bem reparava a bela que subia, As saias pelos ventos levantadas Deixando a molecada em euforia.
As frutas dos vizinhos, se roubadas Traziam para a turma uma alegria, Depois nos campos- várzeas, as peladas A gente foi feliz, disso eu sabia.
Agora uma barriga que é burguesa Se lembra das lombrigas e cupins. A mãe chamando a turma para a mesa,
Café com broa, pão, doce de leite. Bermudas de Tergal, nada de jeans. Viver era tão bom: doce deleite...
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Moleque mais travesso e tão traquinas, Criado em liberdade, sem juízo. Olhando para as pernas das meninas, Promessas de encantados paraísos.
Cavalo no galope, soltas crinas, Na boca iluminando um bom sorriso, Debaixo dos lençóis as mãos tão finas No toque mais gostoso, assim, preciso.
Menino que cresceu em águas claras, Morrendo na velhice sem remédio. Feridas se transformam em escaras,
As horas de prazer, amigo, raras, De noite a mocidade faz assédio, A vida em contraponto é puro tédio...
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Moleque atrás de um sonho segue arisco, E beija fartas luas sertanejas. Na boca da manhã, maçãs, cerejas O amor inda se esconde: é bom petisco,
E quando em saltos tolos, eu me arrisco, Distante tu gargalhas, mas desejas A queda insofismável e lampejas Quebrando sem ouvir tal tosco disco.
Chispando pelos céus do interior, Riscando em frágeis tons, matizes vários, O canto persistente dos canários
O joio valoriza o plantador. Colheitas no futuro? Não me importa, Apenas adivinho atrás da porta...
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Moldura em que minha alma se encontrou, Criada pelas mãos de um ser supremo, Ao lado de teus passos nada temo, Caminho que esperança vislumbrou.
O Céu que em fantasias se desnuda Persegue com seus brilhos as pegadas Deixadas pela deusa nas estradas E a natureza, pasma queda muda
Ouvindo a tua voz que me apascenta, Paixão mesmo feroz e violenta Amansa-se em teus olhos tão serenos.
Mergulho meus anseios em teu colo, Semeio as alegrias em teu solo E durmo em braços fartos e morenos... Marcos Loures
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Moldando um dia claro; enlanguescente Uma alvorada em rara magnitude Trazendo; ao nosso amor, plena saúde Belezas deste prisma iridescente.
Carinho que se pede é o que se sente Buscando ao fim da tarde, a juventude. Amando, com certeza mais que pude É certo que andarei sempre contente.
Sem medo de mortalha, véu ou luto, A voz desse desejo; agora escuto, O coração batendo em disparada.
Buscando conhecer cada fronteira, Desbravador fincando uma bandeira, Exploro cada ponto de chegada... Marcos Loures
17
Moldando o nosso amor em vários ritos Palavras já traduzem as vontades Distante de ilusões, temíveis mitos Aplaco nos teus braços, as saudades.
Amor com suas setas me atingindo, Um alvo muito fácil, isso eu não nego, No espelho de minha alma refletindo Promessa em ventanias, de sossego.
Por vezes me pegando distraído Amor se mostra audaz, noutras sereno. Em calmaria acende uma libido No gozo mais suave eu me enveneno.
Em meio a fartas trevas radiantes, Perfaz Amor, caminhos intrigantes. Marcos Loures
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Moldando nossa vida em bons desejos Quedando sobre nós carnais anseios. No frêmito infinito, sigo os veios E esqueço que já tive ou tenho pejos.
Ouvindo maravilhas em arpejos Seguindo minha mão sobre teus seios Eu deixo-me encantar pelos enleios Num mundo mais sereno, nos cortejos
De estrelas que entrelaçam-se nos céus Alvíssaras previstas, altaneiras. Retiro de teu corpo os alvos véus
Em frágeis emoções tão verdadeiras, Aqueço-me em teus lábios doces méis E loucos, galopamos mil corcéis... Marcos Loures
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Moldando em maravilha todo astral Aquela que se fez perfeita amiga, Deixando bem distante todo o mal Tramando a nossa sorte em forte viga.
Teu braço sempre forte e sem igual Toda a felicidade enfim abriga Permite que se faça triunfal Unindo nossos sonhos rara liga.
Ao aniversariares companheira A terra se colore por inteira E faz do brilho intenso, seu matiz.
Pois saiba que decerto estou contente Assim como bem sei que toda a gente Encanta-se e se mostra mais feliz. Marcos Loures
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Moldando em glória o rumo que eu mais quero Estendes os teus braços. Num mergulho Esqueço do passado um ledo orgulho Descubro a sensação que tanto espero
Sorvendo em tua pele, o bom tempero Deixando para trás o pedregulho, A solidão não passa de um entulho, Cuidando deste amor com tanto esmero...
Estendo as minhas mãos buscando as tuas Enquanto nesse sonho tu flutuas Levito de prazer, e quero mais.
Estrelas coletadas no caminho, Cevadas com palavras de carinho Iluminando assim nossos bornais... Marcos Loures
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Moldando amor perfeito que declaro Nos versos que eu te faço a cada dia, Tomado pela luz da poesia Encontro nos teus braços meu amparo.
O mundo que se fez outrora amaro, Num apogeu promete esta alegria Que há tempos esperança já dizia, O espelho – mais tranqüilo- agora encaro.
Esplendidas manhãs que assim prometes, Numa ilusão coberta de confetes Estendes os tapetes da emoção.
E vivo tão somente por sonhar Com o raro brilho expresso em teu olhar, Na dádiva sublime da paixão.
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Moldando a mais divina liberdade Em meio a tantas pedras no caminho, O canto de um amor em amizade, Demonstra o caminhar ledo e sozinho Daquele que sedento de vaidade Esquece quão importa um bom carinho.
O amor na plenitude do perdão, Permite uma amizade que se cante, Deixando para trás a solidão, O medo de viver queda distante, Encontra a mais sublime perfeição Vivendo lado a lado a cada instante.
Amiga, meu amor eu te ofereço, Apoio mais seguro num tropeço... Marcos Loures
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Moldada por esparsos sentimentos A poesia unindo corações Exposta à profusão dos vários ventos Trafega por diversas direções.
Às vezes calmaria, outras tormentos Ao traduzir assim as emoções Enquanto fere mostra bons ungüentos Apascentando em plenos turbilhões.
Gerando e destruindo; reproduz A escuridão disforme ou plena luz, Mosaico indescritível e prismático.
A mão que a quem tropeça, cedo apóia, Lapida tanto o podre quanto a jóia, Por isso ser poeta é ser lunático...
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Moldada em maravilha, sonho e estima Vontade de chegar perto de ti, Amor é muito além de simples rima, É tudo o que sonhei, e quero aqui.
Atando nossos corpos, mãos além, Roçando em fantasia cada poro, Guiando o pensamento, o gozo vem, No corpo que vasculho e já decoro.
Intenso fervilhar, dança febril, Partilha que se busca sem demora, O lábio mais audaz segue sutil, Meu corpo flutuando nega escora
E vaga no infinito de teus seios, Descobre em tuas sendas, ricos veios...
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Molambo de minha alma andando pelos becos Rosnando em cada esquina, investe contra todos. Movida ao nada tenho; apenas traz engodos. Em outras almas busca a ressonância em ecos.
Andando sem destino, entre bares, botecos Minha alma se embriaga e nunca tomo modos! Depois numa sarjeta esfrega-se nos lodos Jogada em algum canto, uma alma em cacarecos!
Alma destrambelha e bebe da saudade Recebe em fogaréu o vento da lembrança Que queima devagar e aborta uma esperança.
Depois de ter caído em festa, gozo e dança, Minha alma inda persegue alguma claridade Posso contar então com a tua amizade?
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Modéstia à parte, eu sei fazer soneto E disso me envergonho ultimamente. A poesia morre infelizmente Nos braços sem calor de um poemeto.
Existem resistentes, frágil gueto, Porém esta visão tão infreqüente Traduz o amargo fim que se pressente, Perdoe se algum erro; aqui, cometo,
Talvez seja somente teimosia De um velho ultrapassado e sem talento. Recolho algumas flores – heresia.
Convites para o féretro virão, Ao fim da tarde o seu sepultamento, Soneto – antes que emane podridão... Marcos Loures
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Mocidade, distante, leva o vento... Um pálido retrato na parede... Exponho toda a dor do pensamento, Procuro meus amores, tenho sede...
Distante, vai ao vento a mocidade... Ardendo nas fogueiras da beleza, De um tempo que jamais será verdade. Dos cantos de esperança, viva presa...
Fecho meus olhos! Nada mais terei... O gosto deste orvalho, nunca mais... Rocio de minha alma foi a lei.
Porém essa implacável, fria fera; Responde: mocidade? Não, jamais! Inverno destronando a primavera!
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Mocidade vibrante, me estonteia... Audácias e desejos são constantes. Nas luas e nas ruas tece teia, Viaja por planetas mais distantes.
A noite, nas delícias, incendeia, Os raios do luar, simples amantes... Nos cantos e motéis, noturna ceia, Os corpos se entrelaçam, delirantes.
Mocidade... Faz tempo que não vejo... Meus carinhos dormitam na incerteza, O peito, démodé qual realejo,
Na visão de teu corpo se alucina... És manto de pureza e de beleza. Por que tu demoraste, Catarina?
29
Mocidade terrível fantasia, Que nos leva a loucuras e delírios! Dores e fantasmas numa orgia Misturando cegueiras e colírios.
Vagando entre mistérios forja o dia Amiga iluminada dos martírios. Vencida nunca morre a maestria Saber que podres águas brotam lírios...
Nascente de fantásticas canções, Trazendo chocolate tão amargo; Multiplica temores, aversões.
Se ri do que jamais soube enfrentar E chora, do que sempre passa ao largo, É noite que promete seu luar... Marcos Loures
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Mocidade perdida nestes bares, Nas lamparinas, tontas borboletas... Voando livremente, buscam ares... Nos céus vão navegando meus cometas...
A mocidade morta, velhos mares, Nas bocas que beijaste, prediletas... Estrelas e galáxias, constelares Transcendem as cantigas dos poetas...
Quem dera a juventude desse bis, Os medos não seriam companheiros... À noite mariposas mais gentis,
Nos templos da saudade, meus parceiros. No corpo da fogosa meretriz, Amores que se foram, verdadeiros... Marcos Loures
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Moça num faça comigo O que vancê qué fazê; Meu amô num é castigo Pois ele é tudim procê;
Sô sujeto que trabáio E gosto de trabaiá Nesses forró eu num cáio. Pois nem prindi a dançá;
Mas eu quero seu amô Eu quero tudim prá mim, Venha cá faiz o favô Eu pércizo di carim.
Tanta dô qui tem se cura, Só na tua fermosura...
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Moça bonita, quero o teu desejo Te vejo a cada instante dentro em mim, Se perco meu caminho, tanto pejo, Vivendo por viver, te quero sim...
Tua pele que cheira igual jasmim, Nau perdida, me encontro dentro em ti. Achando esta esperança vou enfim, Afim desta emoção que já perdi.
A cereja da boca da morena, Açucena gostosa posso ver, Amor vem devagar, vê se tem pena, Apenas do teu lado vou viver.
Eu quero lambuzar tua boca, Vem logo que a vontade é muito louca...
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Moça bonita há tanto quero ter O gosto destes lábios junto aos meus A jardineira sem camélia? Adeus. Não mais suporto a vida sem prazer.
Sem ter sequer motivos para crer Meus olhos morrem sem teus céus, ateus. Me afasto pouco a pouco deste Deus Que cisma toda noite em te esconder
Entre as estrelas tão distantes; vago Buscando tão somente algum afago E nada encontro no horizonte frio.
Moça bonita; aonde posso, enfim, Se o amor transborda e vai pesando em mim Negando a luz; tornando o sol sombrio...
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Momentos que sonhei. Somente o pó... Sementes que joguei sobre os penhascos, Vazios, encontrei seguindo só; Quebrando sem cuidado, os velhos frascos.
Alheio ao que talvez fosse colheita, Mecânica expressão de rima e verso, A lua tão distante se deleita Rondando sem descanso este universo.
Joguetes de nós mesmos. Nada temos Sequer a solução, somente enganos. Os barcos soçobrando sem os remos, Os dias que vierem; desumanos,
Trarão esta resposta que buscamos, O fogo irá queimando folhas, ramos... 35
Momentos que passamos lado a lado, Certeza de ternura e de carinho, Arando uma esperança, firme ancinho, Premissa de um jardim tão bem tratado.
Primaveril cenário, belo prado, As mãos cultivam flores, de mansinho, Da glória em absoluto eu me avizinho, Diamantino amor, dourado Fado.
Na intensa eternidade de um segundo, Delírio abençoado; eu me aprofundo, E vejo o tão sonhado Paraíso.
Minha alma de delícias já se inunda, Certeza de uma senda que, fecunda, Permite um caminhar claro e preciso... Marcos Loures
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Momentos nossos. Sobraram lembranças De um tempo tão feliz. Eu não sabia Que a vida nos permite a fantasia Imersa em luzes calmas, doces, mansas;
Mal pude acreditar que estas bonanças, Morressem sem cuidado, dia-a-dia, E quando percebi: noite vazia, Deitando solitário sobre lanças...
Não vejo mais saída e; assim, perdido, O amor que eu encontrei quase esquecido, Apenas no perfume de uma flor
Deixada nalgum canto do jardim, Invade derramando sobre mim Os últimos tentáculos do amor...
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Momentos maviosos e diversos Tornando uma emoção mais corriqueira Meu canto contemplando os belos versos Que fazes; minha amada e companheira.
Depois de tantos passos mais dispersos, Razão para viver se mostra inteira. Os dias não serão jamais perversos, Na lua deste amor, mais verdadeira
Razão para seguir em noite imensa, Depois de tanta treva, a recompensa Dizendo bem mais forte para mim
O quanto é necessário poder ter Felicidade em forma de prazer Gritando em nosso amor, eterno sim... Marcos Loures
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Momentos fascinantes, sem medida, Desejos e delírios desfrutados. Distantes dos castigos e pecados, Seguimos pareados pela vida.
Tristeza há tanto tempo já se olvida, Vislumbre de floradas, belos prados, Por gozos e prazeres, irmanados, No amor que tão constante, não duvida.
E vejo nos teus olhos a alegria Que emana de minha alma sonhadora, E enquanto se destila a fantasia
Bebemos a fartar desta aguardente Te quero sem perguntas, nem demora, Tomando num segundo o corpo e a mente...
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Na mansidão serena em que tu dormes, Às vezes um momento faz lembrar Os velhos sentimentos, que disformes, Não deixam de ferir e de tocar. Amores que se foram, tão enormes, Qual fossem uma força elementar
Não deixam em sossego quem sofreu. Assim como um cometa mais errante Em ciclos retornando em treva e breu Por mais que a vida siga pra adiante As dores ancestrais num sonho teu Retornam e ferindo a cada instante
Não deixam que caminhe e que prossiga. Liberte-se; eu te peço, minha amiga...
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Na maga sensação de ser feliz, Nesta entrega sem medo e sem temor, De cada novo dia quero bis Em cada novo sonho, mais amor.
Prevejo em meu futuro amor que fiz Certezas deste sonho tentador. Minha alma, pele, corpo sempre quis Brotar em rosa, lírios, beija flor.
No que pudera ser sou mais inteiro, No que quisera ter sou companheiro, Vivenciando em êxtase divino
O bem de ser contigo sem fronteiras. As almas se entregando vão inteiras, Decoram a menina em que me nino..
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Na madrugada loucos em desfile... Um procurando bar, leva a certeza Que por mais que sua alma destile Nunca mais viverá vital beleza.
Mas, tresloucadamente verte bile Atacando qualquer que seja a presa. Outro pensando estar em pleno Chile, Declamando Neruda sobe à mesa...
A noite festival dessas loucuras, Premeditadamente manda a lua... Um pastor prometendo santas curas.
Os olhos vão brilhando são fanáticos.. Os cães estão ladrando em plena rua... A mãe lua observando esses lunáticos...
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Na madrugada fria, abro a janela, Procuro teu amor que tanto acalma. A lua me responde que é só dela, Amor que tanto quis de corpo e de alma...
Vê que bela noite que se apronta Estrelas e desejos se disfarçam. A boca desta noite está bem pronta Pr’a receber dois seres que se abraçam...
Mas o rigor da vida não se cala, Janela mesmo aberta nada traz, Espero neste quarto, nossa sala A noite tão vazia, perco a paz...
Eu quero teu amor tão docemente, Te espero meu amor, amar urgente!
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Na luz que tão fantástica irradias, Percebo uma emoção que já me afaga, Trazendo para a vida melodias E o brilho que jamais alguém apaga.
Nas mãos maravilhosas, alegrias Cicatrizando em paz a antiga chaga Espalhas pelo mundo as fantasias Numa palavra mansa, calma e maga.
No teu aniversário, minha amiga O coração em festa comemora, A luz que nos tocando já decora
O mundo com pacífica ternura. Que a sorte em tua vida assim prossiga Proliferando a paz, amor, ternura...
44 Na luz que nos guiou até agora Teu brilho foi mais forte que tu pensas. A vida se passando sem demora Tem na tua amizade, recompensas.
Na glória da existência, tu és anjo Que Deus nos deu em forma de amizade. Trazendo para nós em novo arranjo O gosto tão sutil da liberdade.
Amiga, nada impeça teu caminho Repleto de louvores e de luz. Quem traz assim pra todos um carinho Não sabe, mas à sorte nos conduz.
Por isso, minha amiga, tantos bens Pedimos para ti. Meus parabéns!
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Na luta pela paz mais verdadeira À beira deste abismo que criaste, Eu sou o que chamaste outrora, traste Deitando o meu cansaço em tua esteira.
Sujeito que na sarjeta diz sujeira A ter este destino que tramaste, No fim sem serventia que me abaste, Meus braços serão teus, queira ou não queira...
Mas sempre jogo limpo, não sou teu. Nem quero ser teu ápice, apogeu, Agente desta farsa que te basta.
Nasci para ser pária, nada além, E quando a noite chega e o gozo vem, Cadê a moça pura, ingênua e casta? Marcos Loures
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Na luta dos amargos pensamentos Que volta e meia cercam meu destino. Mudando a direção de tantos ventos Eu quero o teu amor desde menino.
O tempo foi passando e nada veio, Casada com alhures eu bulhufas. Sem ter sequer destino, sem receio, Plantei os meus amores nas estufas...
Nasceram deformadas criaturas Que quase me assustaram de verdade. Misturas de doçuras amarguras, São puras sensações de fealdade.
Mas quero ter direito ao tonto amor, Disforme ou bem conforme o que se for
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Na louca sacanagem que nos doma, Vontade de ficar a noite inteira Até que desmaiando ou mesmo em coma Perceba que esta história é verdadeira
Ouvindo o teu pedido: vem, me coma, O mastro vai se erguendo e na fogueira Desejo sem limite já nos toma Do jeito que imagino que se queira.
Só peço, meu amor já não demores, Eu quero em minha língua o teu clitóris Chapado de alegria e de prazer
Roçando tua toca pequenina Delícia que me encharca e me domina, Eu quero, meu tesão, teu ponto G...
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Na louca putaria em sedução, Comendo a tua xana tão gostosa Tomado por loucura e por tesão, Fudendo esta mulher maravilhosa. Botando em teu rabinho, tentação, A gente, toda a noite em foda, goza.
Te quero bem tarada, uma cadela, Lambendo o teu grelinho no chuveiro, Caralho no teu rabo já se atrela, A cama se transforma num puteiro, Na foda desejada a minha estrela No gozo que bem sabes, verdadeiro.
Sentindo da buceta se escorrendo O mel enquanto sigo te fudendo...
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Na louca fudelança, a bacanal Que tanto desejei, safada orgia, Tu chupas com vontade, lambe o pau, E assim começa a nossa putaria
A tua bunda empinas,bem sacana, Mostrando a tentação que é feita em gruta, Metendo o meu caralho em tua xana, Te quero uma rainha santa e puta.
Sorvendo minha pica com vontade Teu grelo em minha boca, traz o gozo, Que posso traduzir saciedade, Assim o nosso amor, sempre gostoso,
Não deixa um só espaço assim vazio, Queimando neste fogo feito em cio...
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Na louca embriaguez de teu perfume Que inalo cada vez que nos tocamos Nos ápices tocando, vou ao cume Roçando as cordilheiras. Nos amamos... Atravessando os vales de costume Chegando ao mar, num êxtase sangramos... Esqueça minha amada, o teu ciúme Se lembre quando juntos, levitamos... Ausência de teu cheiro me sufoca, Vontade de te ter pra sempre aqui O vento tão suave que te toca É o mesmo que me trouxe até teus braços. Sem teu cantar, querida me perdi. Meus olhos vão ficando cegos, baços...
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Na lira em que me inspiro e me declaro As notas musicais do coração. Amor, um sentimento nobre e raro, Precisa dos acordes da canção.
Total eclipse forma nosso enredo Que enreda e nos concebe mil desejos. Não quero em nosso amor nenhum segredo, Nem quero que se quebrem azulejos
Desta emoção criada a cada dia, Aguada com ternura e com carinho. Decerto nos trará tanta alegria No dia em que for nosso esse meu ninho...
Amor corre ligeiro no meu peito, Nesta taquicardia, satisfeito...
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Na lipo-aspiração da fantasia, Sobraram algumas páginas em branco, Quem sabe uma vergonha estamparia Se ao menos coração fosse mais franco.
Raízes dos meus sonhos; eu arranco, E escuto sempre a mesma cantoria, No passo quase trôpego, sou manco Desfiladeiro a cada fim de dia.
Dedico uma oração; espero à toa, Naufrágio é corriqueiro se a canoa Há tanto está furada, isto eu garanto.
Chegar de manhã cedo e perceber Que a noite se perdeu ao sol romper Deixando tão somente o desencanto.
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Na limpidez das almas que se tocam Em clareiras divinas e sagradas As almas que se tocam vão, aladas, Distante dos temores que as deslocam
Para longe do prumo. Desembocam Seus sonhos e desejos, perfumadas, Em sendas de ternura, delicadas. Pacíficas, amores sempre alocam
Sem sacrifícios torpes que destrua Nem medos, fantasias, que a ofusquem. Por mais que nossas almas não se busquem
Se encontram navegantes, mar ou lua. Concebo, sendo assim, amor sincero Além de vida e morte, assim espero.. Marcos Loures
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Na lembrança do beijo que me deste, O pensamento aos poucos se entregando. Felicidade enorme que se ateste No vento que nos toca, extasiando.
Olhares te procuram no infinito, Alçando mil estrelas, clara lua. No amor que a gente sente, tão bonito Uma alegria imensa, continua.
Delícias que tu guardas no teu peito, Decerto são as mesmas que carrego. No gozo deste sonho, satisfeito,
Adentro as maravilhas desta vida. O quanto te desejo e não sossego, Explica a fantasia em paz, sentida... Marcos Loures
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Na lança que preparo em contra ataque Por certo tu terás muita alegria Eu não resisto enfim a teu achaque E deixo-me levar com euforia...
Prometo não causar-te nenhum baque Além do quem ama já queria Não uso meu amor, nem penso em fraque Um trovador caipira em rebeldia.
Mas posso te fazer tanto carinho Que logo tu verás a tentação Que emana com certeza de meu ninho
E rola a noite inteira na amplidão, Chegando devagar, bem de mansinho, Explode num luar qual do sertão... Marcos Loures
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Na insânia que se dá em lucidez Tomando esta aguardente inebriante, Do quanto em nosso amor, a luz se fez Estampa delicada e fascinante.
Desejo num prazer manifestado Amor que se faz grão, semente e luz, Em paz e maravilha germinado Num círculo infindável reproduz.
Do amor que gera amor e se alimenta Do sonho, da alegria, e liberdade A cada novo dia mais aumenta E nele mesmo, amor, amor invade.
Assim perpetuamos fantasia, O sentimento brota e se recria...
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Na insânia e na loucura é mais capaz O tempo de colheita se aproxima, Amor que tantas vezes satisfaz Mudando a velha trilha em farta estima.
Transformação dos ventos noutro clima Especiarias várias o amor traz, Ao mesmo tempo cega enquanto esgrima, De um tímido ressurge a voz audaz.
Mestiços sentimentos, amor/ódio. Vencidos, em lauréis, subindo ao pódio, Das mágoas e das dores, nem sinal.
Um cântico louvando uma esperança, Amor em passos trôpegos já trança Um novo amanhecer em ritual... Marcos Loures
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Na imensidão do céu, voando uma ave Liberta das misérias deste mundo... No coração reflito branca nave Na qual sem perceber vou mais profundo, Soltando essas amarras, sem entrave Circulo a liberdade num segundo...
Expando cada verso, em fogo, em facho, Na luz que recebi dos olhos teus.... Ao ver uma ave livre, aqui de baixo, Espero que jamais ouça um adeus De quem amo demais e que não acho Cansados nesta busca, os olhos meus...
Amada, por favor, volte pra casa, Que a lua sem te ter, decerto atrasa...
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Na imensa divindade de um desejo Que cumpre a sua sina e nos fascina, Eterna juventude que ora almejo Encontro nos encantos da menina
Meu coração qual fora um realejo Adivinhando a dor que me destina Amor que sendo apenas um lampejo Meu sonho – ser feliz, cedo extermina...
Não sei com escapar sem arranhões Às garras afiadas das paixões, Mas teimo em persistir buscando o encanto
Que doura a minha pele, e assim me queima, Na insana persistência desta teima, Apenas um estúpido helianto...
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Na hipocrisia estúpida e boçal Aonde se expressar é quase um crime. Desértica cultura universal Qual haste feita em junco, frágil vime.
Desfila-se ignorância sem igual, Nem mesmo a fantasia mais redime, Mediocridade reina, triunfal, O sol sem ter sequer mais que o estime,
Deitando num sol-pôr que não se finda, Não posso imaginar aurora ou luz. Quem dera percebesse ao fim, ainda,
Um raio que trouxesse algum alento. Às trevas dia-a-dia nos conduz A agônica expressão do pensamento.
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Na guerra que travei eu quis a morte Não venha discutir mas estou triste Porém que sempre sonha não desiste E a força que me move hoje é meu norte...
Tentei nessa batalha ter o corte Profundo ao qual jamais alguém resiste Para minha tristeza a morte assiste E não veio. Vontade foi tão forte
Mas trago meu destino malfadado. O tempo se passou, tudo acabado Não pude desfrutar desta certeza.
Agora que estou velho, nunca mais. O resto dos meus dias, vou sem paz Pois não verei Valquíra e nem beleza... Marcos Loures
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Na greta mais gostosa avanço o falo, E nada me contendo, já disparo Enquanto a língua usando assim me calo E sinto teu tesão, desejo e faro.
Na festa prometida tanto embalo, Embalo meu prazer em gozo raro Nas mãos deste moleque tanto calo Na coxa da menina, o meu amparo.
Tu sorves teu sorvete e vou sorver-te Ao mesmo tempo insano que devoras O rio que se mostra em quente lava,
Prazer que me encharcando se converte Em mares onde em gozos logo afloras Nas águas e no leite amor se lava... Marcos Loures
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Na glória imaginada e tão querida Meu mundo se mostrando verdadeiro. A sorte que se busca concebida No toque da alegria, mais ligeiro.
Sentindo todo o bem de nossa vida No canto mais amigo e companheiro, Curando em alegria uma ferida Pressinto da esperança o doce cheiro.
Festejo o teu aniversário assim Florido amanhecer em meu jardim, Marcado por perfumes e por cores.
Contigo caminhando lado a lado Percebo o meu destino iluminado No mais sublime e belo dos amores. Marcos Loures
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Na gélida paisagem dos meus dias, A solidão tomando toda a cena. As horas que passamos, ermas, frias. Apenas o vazio ainda acena
Coberto pela neve da tristeza O vento da saudade me castiga. Minha alma sucumbindo como a presa Que a vida, amarga fera, desabriga.
Buscando neste inverno algum alento, Exponho-me ao furor de um frio vento, Mas tento respirar, neste arrebol.
E vejo como fosse fantasia Uma última esperança; em claro dia, O raio derradeiro deste sol..
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Na mira de um trabuco até confesso O que jamais pensei em cometer, Se a moça já desdenha do prazer Nas cordas e cadarços eu tropeço;
Distâncias entre nós querida, meço, E sei que no final nada irei ter Sequer o que mais quer insano ser Sem fios nem meadas, nada peço.
Apreço é na verdade coisa boa, Que mexe com brotinho e com coroa Sem dolo sem pecado e sem juízo.
A saia levantada pelo vento, Durando a maravilha um só momento, É tudo que mais quero e mais preciso...
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Na minha mocidade imaginava Amor como um presente merecido Portanto a cada dia mais amava Amor passou depressa, foi vencido...
Depois recompensava a ilusão Sonhando com amor que nunca vinha Perdendo meu caminho, em solidão A tarde se passava tão sozinha...
Nas curvas deste rio, mergulhei Sabendo que não pude nem nadar. Vencido pelos medos eu passei A mocidade inteira sem amar...
Agora que o outono bate a porta, Percebo essa emoção quase que morta!
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Na minha escura sorte procurara Durante tanto tempo, sem ter sorte A jóia que eu sabia cara e rara Do amor que fosse guia e fosse norte.
Pois vindo deste peito já sangrante O medo de saber-te mais calada, Desmascarado o medo deste instante Encontro-me contigo, minha amada.
Neste ansiado encontro o meu futuro, A sorte se lançando num segundo, Aguardo uma ilusão que negue escuro E trague a sensação de sentir fundo
O gosto do prazer correspondido, Que me deixou assim; tonto, aturdido...
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Na mina em que se emana água potável Não deixo de beber toda semana Amor quando se mostra inesgotável É fonte que se basta, soberana. No quanto o nosso amor é invejável Jamais a vida amarga e desengana.
Cacimba da esperança nunca seca, A cada novo sonho, sempre aumenta. Quem vive amor profano já não peca A vida sem desejos segue lenta, Menina que te quero mais sapeca, No jogo que domina, tanto inventa.
Eu quero o que tu queres, nada mais, Desejos e loucuras sem iguais... Marcos Loures
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Na mesma ventania que vieste No mesmo fogo lento em que me queimas Amor assim feroz, quase que agreste, Em tantas tempestades, duras teimas...
Na copa deste amor, tão agridoce, Carinhos e maus tratos se revezam; Se veio ou se não veio pensei que fosse As bocas que se mordem também prezam.
Eu quero nosso amor de qualquer jeito Envolto em mansidão ou em tormenta. Depois de te sentir rasgando o peito, Barragem que em loucura se arrebenta.
Eu quero nosso amor sem poesia, Que sangra e que me cura, todo dia...
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Na mesma mão, andores, rezas, círios, Enquanto em arma oculta se esbraveja. Num ácido veneno, seus colírios, Matando pouco a pouco, inda deseja.
O sangue se imiscui, lentos martírios Embora uma esperança se preveja. Na morte se confundem risos, lírios E goles de conhaque e de cerveja.
De resto carregando para o túmulo, A mão que acaricia e me maltrata. Talvez a sensação, chegar ao cúmulo
De total lucidez, insanidade... A fome que escarrando já retrata Sucumbe à placidez de uma amizade...
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Na menina dos olhos de quem amo, Eu vejo minha imagem refletida Ecoa minha voz quando te chamo Minha alma na tua alma vai perdida... Nós somos mesmo galho e um só ramo, Atadas nossas luzes, mesma vida.
Nascemos um para outro, não duvido, Juntando nossos corpos, somos um. Vivemos deste sonho repartido Não nos afastaremos, modo algum. Meu passo sem teu passo, desvalido, Tu sabes que sem ti eu sou nenhum...
E vamos, mundo afora em mesmo prisma, Jamais em nossos dias, qualquer cisma...
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Na margem deste rio onde me deito, Ouvindo a cachoeira no seu canto. Sentindo esse frescor, tão satisfeito, Sabendo desta vida, puro encanto...
Nas águas deste rio em que mergulho, Nadando uma esperança sem final. Amor que tanto quero quanto orgulho, Por certo é;nosso amor, celestial...
Eu quero o teu amor, mais verdadeiro, Nas danças e promessas, tanta luz. Amor que quando vem, é sempre inteiro. E em meio a tantos brilhos, se produz...
As águas, as cascatas, este véu... Só falta o meu amor pr’estar no céu!
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Na mão que doce afaga aquiescente Caminhos que apascentam minha vida, A sorte já lançada e assim cumprida Mostrando-se melhor na paz que sente
Um coração que um dia enfim pressente Um mundo bem tranqüilo em que se olvida A dor que maltratara e desvalida Se perde em outra senda, de repente.
Deitando, meu amor, em teu regaço, Depois de amor imenso, meu cansaço Encontra lenitivo no carinho
Que sei ser inerente de quem ama Professando alegria em bela trama, Chegando com a noite, de mansinho... Marcos Loures
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Na mão que acaricia e me treslouca, A sorte do viver vai decidida, Se a dor já se anuncia audaz e louca, Apenas vislumbrando uma saída;
Depois de uma ventura rara e pouca Amor muda o sentido em minha vida, Bebendo todo o mel de tua boca Concebo esta alegria recebida
Nos olhos de quem amo, luz intensa, Sabendo ser possível recompensa De um dia mais feliz, manso e perfeito.
Quem tem amor por glória e redenção Levado pelo gozo em sedução Já sente o fogo ardente no seu leito. Marcos Loures
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Na frágil sensação da realidade Quem vive em desamor não pode crer Que a vida tão cruel em falsidade A outrem possa dizer de algum prazer.
Lamento quem se fez iniqüidade E nunca aceitaria que outro ser Pudesse ser feliz, pois na verdade Não tem por que sonhar; a padecer.
Sinceridade? Escusa-me se eu tenho O coração aberto à fantasia. Enquanto houver a luz e a poesia
Suave manterei, decerto o cenho, Uma alma sonhadora não se alinha Com outra solitária e tão mesquinha... Marcos Loures
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Na frágil sensação da eternidade Que apenas um momento em paz nos dá, O amor que se traduz numa verdade, É tudo o que desejo antes e já.
Quem sabe como é bom serenidade Transporta a luz que sempre brilhará, Na farta claridade que o invade A sua realidade mudará.
E vendo que o futuro só depende Do grão que se cevou no dia-a-dia, Espalha sobre todos; a alegria,
Mesmo que num instante a vida pende Pelas sombrias sendas do pecado, Consegue iluminar a sebe, o prado...
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Na foz de nossos sonhos, porto e cais, Os seixos permanecem neste rio. O quanto que enfrentamos vendavais Em magistrais viagens fantasio.
Se eu crio o que deveras acredito, Repito em cada verso o mesmo plano Quebrando em maciez duro granito Ao infinito chego e não me engano.
Arcano pensamento em realejo Tentando adivinhar o meu futuro, Apenas o que agora inda prevejo O céu em que das trevas eu depuro.
Parede que se dá, cores, afrescos, Mosaico feito em braços, arabescos...
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Na força redentora da alegria Botões de rosa expostos na nudez. Sabendo o quanto amor traz poesia, Espero ansiosamente a nossa vez.
Minha cabeça errando no seu mundo, Aguarda uma resposta mais direta. Eu quero ser feliz e já me inundo Neste meu sonho, invejo-te poeta...
Quem dera poder ter a tua verve Cantar assim a quem desejo bem, Minha alma, na bandeja, amor já serve, Procuro a noite inteira... Espero... Vem!
Pressinto que ela sabe quanto amor Existe no meu peito sonhador...
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Na força que me faz um sonhador Não temo nem tempesta malfazeja. A cada novo verso, o trovador Moldura o que mais quer, o que deseja.
Meus versos vão pingando sem temor Falando de um amor que já se almeja. Sou simples e por ser um cantador A lua enamorada já me beija.
Quem tem uma esperança companheira Percebe que esta curva já tem fim. A pedra se mostrando corriqueira
Permite que se salte, calmamente. A rosa que plantei no meu jardim, De espinhos se despindo totalmente.
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Na força que domina e não se mede O tempo vai mudando a minha história, Carinho que se pede e se concede Legado que carrego na memória.
Relembro o teu olhar que em mansidão, Mostrara qual sentido prosseguir, Pois, o vento mudando a direção Não deixa nem mais rastros pra seguir.
À noite ou na temível madrugada, A solidão reflete este vazio Do quanto eu tivera sobrou nada, Somente o desespero amargo e frio.
Saudades vão roubando toda a cena, Lembrança deste amor, cura e envenena...
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Na força libertária da Verdade A intensa proteção contra os tufões. Gerando com firmeza, a terna grade Que impede a queda em meio aos turbilhões.
Negar tal fato, irmão; não sei quem há de, Porquanto nas mentiras, alçapões, Aos quatro cantos; tolo, aquel que brade Guardando em vão sua alma nos porões.
A areia movediça dos falsários Na qual; castelos frágeis são inúteis. Os passos sempre trôpegos e fúteis
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Na força feita amor que nos domina, Eu tenho esta certeza dentro em mim Da luz que se aproxima e traz, enfim O brilho que decerto me alucina.
No rosto bronzeado da menina A flor que desejei em meu jardim, A boca delicada e carmesim Mudando a cada beijo a triste sina
De quem pensara sempre em ser feliz, Porém o dia-a-dia que desdiz Deixara tão somente uma esperança.
Agora que te tenho aqui, comigo, Encontro todo o sonho que persigo, Em teus braços desejo e temperança... Marcos Loures
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Na força desta luz que nos invade Encanto feito em glória se assomou Meu corpo te buscando e na vontade Que um dia em fantasia me tomou,
Entorno sem limites, saciedade, De tudo o que aprendi, e agora sou, Descubro- até que enfim – felicidade, Na pele que em loucuras me tocou.
Do gozo mais perfeito que persigo, Apenas junto a ti – amor – consigo Saber que é bem possível a alegria
Atrelo cada verso ao paraíso Que sinto no teu toque mais preciso Além de simplesmente fantasia... Marcos Loures
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Na força de Teus braços meu alento Na dura tempestade, ancoradouro, Vislumbro sempre em Ti, maior tesouro, Sentindo o meu sorriso e o meu lamento.
Das dores de minha alma, meu ungüento, Amor que se mostrando duradouro Eternidade traz do nascedouro Cevando com amor cada rebento.
Erguendo o meu olhar, encontro os Teus Trazendo a paz suprema, em glórias tantas, No frio me acolhendo em Tuas mantas
A luz que guia, eterna em plenos breus. Do amor inigualável, Tu me encantas A perfeição encontro em Ti, meu Deus... Marcos Loures
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Na força da mistura esta beleza Tão rara e indescritível desta raça, Trazendo na plebéia tal nobreza Que encanta a todo mundo quando passa.
Os olhos de esperança esmeraldinos, A pele bronzeada, melanina, Tomando logo as rédeas dos destinos, O jambo desta tez cedo domina
E faz bater mais forte o coração, Deixando toda a pele arrepiada, Abençoando a miscigenação Natura se mostrando extasiada
Desfila esta fantástica alquimia Que enquanto encanta tanto, sonhos cria...
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Na força da amizade verdadeira Encontro o meu caminho sempre aberto, Depois de conhecer duro deserto Percebo uma esperança alvissareira.
Minha alma tendo a luz como bandeira Andando com teu passo aqui por perto Meu mundo não será jamais incerto, Tua presença sempre companheira
Permite que eu conceba em passo forte Um novo amanhecer, mudando o norte, Tecendo um horizonte mais sereno.
Um passo quando é dado com firmeza Ajuda a vislumbrar esta beleza Do mundo que se mostra, agora, pleno...
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Na força da amizade eu passo a crer Sabendo quanto quero ser feliz. O vento da alegria me faz ver O quanto que tivera em cores cris
O mundo tão diverso dos meus sonhos, Em quedas nos penhascos da existência Abismos que encontrara tão medonhos Criando e recriando a penitência
Quebrando pouco a pouco uma esperança Trazendo a solidão depois de tudo, O medo que me toma, vil herança Deixando o coração cego e miúdo
Agora que eu percebo, finalmente À luz desta amizade eu vou contente... Marcos Loures
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Na força da amizade é que percebo O quanto é necessário caminhar, Além deste universo que concebo, Encontro uma esperança a navegar
Em sendas tão perfeitas que permitam Voar pelo infinito sem fronteiras, Que os erros cometidos não repitam, Palavras devem ser as verdadeiras.
Amigo, rara estirpe em extinção, Extirpe as falas falsas do caminho, Nem deixe-se levar por ilusão, Senão é bem melhor andar sozinho.
Mas se encontrares, cuide da amizade Como quem conheceu preciosidade...
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Na fonte tão gostosa de beber Mergulho a minha sede e me inebrio Derramas sobre mim teu bem querer Realizando assim, divino cio.
O vício de deitar amor insano Cobertas e lençóis vão pelo chão O tempo se mostrando soberano Na cama esta divina inundação.
Eu sinto que o poder do amor transgride Por ser tão libertário nada teme, Decerto minha amada não duvide A vida nos teus braços, remo e leme
Desejo feito amor, é força incrível, Tornando o coração quase invencível. Marcos Loures
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Na fonte que não cessa e não se esgota Mergulho sem limites, vou bem fundo. Perdendo nos teus braços rumo e rota Amor vai me tomando num segundo.
Amar é não saber se existe cota Vivendo sem temor eu me aprofundo E sorvo com vontade cada gota Espalho o sentimento em todo o mundo.
Amor que não me farta e não me cansa É tudo o que eu queria, e nada mais. Voltando novamente a ser criança
Encontro em teu retrato sedução Invado mansamente o belo cais No porto dos amores, coração. Marcos Loures
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Na fonte dos desejos eu te vi, No espelho; refletida nos meus olhos, De tanto amar demais eu me perdi, A solidão colhida quase em molhos. Mas veio um vento doce que me disse Se todo grande amor termina assim, Qual fosse triste sina que cumprisse; -Resista amor imenso, até no fim! Meu canto no teu canto se propaga A chama que nos queima não termina, Apenas determina; não se apaga, Acende no teu fogo. Uma menina Que sabe muito bem o que bem quer, Na cama me fascina: Que mulher!
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Na fonte da amizade me inebrio E bebo gota a gota até o fim, Vencendo o que vivera mais sombrio Agora o sol renasce dentro em mim.
Um mundo alucinante; fantasio E vejo renascer em meu jardim A flor desta amizade neste estio Que aquece o que foi neve; num festim
Aonde ser feliz é o que me importa Abrindo da alegria sala e porta Aporto cada verso neste cais
Vivendo neste belo ancoradouro Sabendo que encontrei raro tesouro, Nos braços da amizade, eu quero mais!
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Na fome que se espalha Em grandes plantações No corte da navalha Escravos, borbotões
Futuro se avacalha Esquecem-se lições A vida vira tralha Emergem podridões;
A morte na tocaia Espreita cada presa, Cavalo que sem baia
Levado em correnteza, A vida não ensaia Sequer uma surpresa...
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Na fome que se espalha pela terra Na violência estúpida, sem nexo. Em cada uma esperança que se encerra, Num torpe emaranhado tão complexo.
Na mão dos poderosos que desaba Esmagando os famintos, flagelados, Na vida que mal nasce e já se acaba, Nos sonhos que se morrem, desgraçados.
No parque da miséria exposto a todos, Nas trevas que insistimos em não ver, Nos mangues, nas charnecas, podres lodos, Na fonte tão injusta do poder.
Amor tão verdadeiro é claridade, Na qualidade imensa da amizade...
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Na fome que se espalha no sertão, Nos lábios ressequidos da criança. Em meio a tão terrível procissão Na busca insaciável, esperança...
Naqueles que comandam, coronéis As facas, as tocaias miseráveis. Amarras nestas pernas são cordéis, O gosto destas lamas intragáveis.
O resto deste pão que vai cuspido, As moscas que te beijam, camarada... Depois deste cenário, ser carpido, Da fome noutra fome escancarada...
Eu vejo este destino a se cumprir, Enquanto um miserável existir!
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Na flor que trouxe espinhos, a distância. Não quero me ferir nem magoar. Amor não se permite em discrepância Fazendo do carinho seu penar...
Eu sinto que te quero a cada dia, Espero que não queiras mais batalhas. Vivendo nosso amor em poesia, Não quero estar no fio da navalha.
Vivendo celebrando o nosso canto, Que, espanto, nunca foi de maltratar. Assim talvez encontres tal encanto Que sempre me impeliu, tanto, a te amar...
Não quero ter ternura que conforte, Eu quero teu amor, até a morte!
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Na flor mais olorosa amor mais que perfeito... Na dança, uma promessa, a tal felicidade! Amor quando sincero, escusa-se de alarde. Espero por teu colo, aguardo no meu leito...
Embora verdadeiro, escondo meu defeito. Não venha me dizer que é pura falsidade. É que paixão não deixa a tal sinceridade Ser plena como quero. Amor é desse jeito!
Mas eu posso dizer que te amo plenamente, Pois em todo esse jogo, a gente sempre mente! Em toda a minha vida eu quis essa morena.
Agora, a primavera explode num verão A dor, antiga fera, em plena solidão! Total felicidade: abraço-te Lorena!
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Na flama que se entorna, verdadeira De um jeito mais audaz eu vejo a vida, Serena e tantas vezes feiticeira Pegando a solidão desprevenida.
Distante das pendengas e litígios Agora vamos juntos noite afora. Do quanto que sofremos, nem vestígios A força feita amor nos revigora.
Quasares e pulsares, luz intensa Nas vias siderais, nossos caminhos. Amor já prometendo a recompensa Encharca de desejos, camas, ninhos.
No todo se mostrando em vibração, Trazendo para a vida a sensação. Marcos Loures
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Na festa prometida em noite bela O tempo em que se faz felicidade Aos poucos, fantasia nos revela Sublime sensação de claridade.
Eu tenho esta certeza de poder Sentir tua presença benfazeja Amor que nos permite agora crer Na paz que se procura e se deseja
Após a tempestade que tivemos, Vencidas as quimeras, vamos nessa No barco de meus sonhos nossos remos Além de simplesmente uma promessa
Ou mesmo o que se quer feito conquista, Traduz esta esperança tão benquista... Marcos Loures
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Na festa em que completas mais um ano, As danças que teremos de alegria, Deixando o que se fora em desengano Prometem nos trazer em fantasia
O quanto nosso canto já dizia Fartura de presentes. Quando explano Meu sonho de tentar, talvez um dia Amor que sei em ti, mais soberano
Percebo ser audaz meu pensamento E calo-me num canto desta sala. Porém ao ver chegar neste momento
Beleza sem igual meu peito fala E chama para a dança essa donzela De todas as que vi, és a mais bela!
Marcos Loures
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