
MEUS SONETOS VOLUME 098
Data 20/12/2010 14:17:29 | Tópico: Sonetos
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Não tendo mais sequer qualquer algema Iremos mais libertos pelas ruas, Enquanto tantas vezes já flutuas Distante da mentira e sem problema
Eu faço da alegria o meu emblema Estendo na varanda várias luas, Estrelas vão surgindo belas; nuas Não há nem mais fantasmas que se tema.
Tu és de toda a glória, a responsável No amor que é muito mais que imaginável Sabendo da esperança o seu trejeito.
Feitio deste terno? Desde cedo Guardado sob a forma de segredo: Adoro com certeza esse teu jeito. Marcos Loures
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" Quando teu corpo exausto dorme, o fluídico ruma em paz para o Astral deixando atrás de si o rastro enorme da sua luz brilhante e Divinal! "
CHAPLIN
Não tendo mais saída que conforme Derramas estupenda e magistral Magia que refaz do que disforme Mostrara-se em momento desigual,
Por mais que a realidade vã deforme Tu és a prova mágica e cabal Da luz que em claridade assim se forme, Criada por um Ser fenomenal.
Poeta e companheiro de viagem, A cada verso teu; sublime imagem, Moldada por divina inspiração,
Ousando transmitir felicidade Alio-me tomando a liberdade Sabendo quanto é forte esta união...
3
Não tendo mais paragem nesta vida, Depois de tanta morte, espero a minha Enquanto se prepara a despedida O fim da minha estrada se avizinha.
Vagando sem destino, ganho os matos. Montanhas, descaminhos, onde estou? As cenas tão iguais, mesmos retratos, Apenas o deserto me restou...
Quem sabe o que deseja, sempre sonha, Porém o que fazer se nada sei, Na seca que tomou Jequitinhonha Quem come algum calango vira rei.
Qual gado se perdendo em tanta fome, Minha alma de meu corpo quase some... Marcos Loures
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Não tendo em minha vida urze nem cruz Estendo o coração neste varal, Enfrento qualquer medo ou temporal, Sabendo que contenho imensa luz.
Ao vento da saudade eu já me opus, E desta luta insana, triunfal, Fazendo do teu corpo a catedral Que imensa fantasia reproduz.
Ao ver depois de tudo, um horizonte, A vida vai cessando o seu desmonte Depois de tanto tempo em dura espera
Renasço e vou feliz, sabendo disto. Repito novamente – sempre insisto- Amor fazendo amor, prazeres gera. Marcos Loures
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Não tendo a sobremesa sobre a mesa Nem tendo algum disfarce mais sutil, Num átimo se pego de surpresa Venal eu vejo o vento vindo vil.
Carnais e sensuais, dos sais destreza Sereia se essa areia for gentil. A maga quando amarga tal magreza Aderna a primavera que pariu.
Não tendo mais amêndoa, com certeza A bênção permitida asso no grill. O jeito é disfarça fingir que viu
O que se mostra em ostra sem beleza Assaz o que ora assaste não se preza Se a presa sem ter pressa já caiu...
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Não temos que temer perigo algum Se estamos lado a lado, sigo em frente, Que a vida se promete em claro zoom Forrando em alegria corpo e mente.
Amor sem desespero pacifica, Vivendo tão somente este prazer Tornando a nossa estrada flórea e rica Mudando toda forma de viver.
Baladas escutamos noite afora, Dançando com estrelas e cometas, A fonte que ilumina revigora Cupido sem juízo, tontas setas
Tramando um Eldorado em descoberta Amor em alegria é festa certa
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Não temo, em nosso caso, os teus segredos; Guardados nestes cofres mais sombrios... Traduzem sensações de tantos medos Cortando nossas tramas, traços, fios...
Se vim atrás dos sonhos em dura areia Na praia dos meus versos me embriago. E te quero, te entranhando em minha veia, Em todos os sentidos, capto e trago.
As vozes esquecidas que não cortam Retornam lentamente sem verdades, Os dias que mal nascem já se abortam São simples rachaduras sem saudades...
Eu quero elevação duma maré Trazendo; em nosso amor, destino e fé...
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Não temo tempestades que vierem Sou simples cantador sem emoção, As ondas desses mares se quiserem Que busquem noutro mar um furacão.
Não quero te dizer dessa magia Que sempre foi meu porto de partida Porém a escuridão deste meu dia Transporta minha dor por toda a vida...
Desculpe se não passo triunfante Nem minto o que mais sinto, tanto amor... Viver é um perigo tão constante Mas, lírico, desejo mar e flor...
Amor sendo o meu mote preferido, É manso como um parto, dolorido...
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Não temo tempestades ao teu lado, Carinho e proteção. Desejo intenso.. Deitando meu cansaço e abraçado Em teu corpo, querida; sempre penso
No tempo que passei desconsolado Na busca de um carinho tão imenso Às portas da tristeza e bem cansado Achei que viveria sempre tenso
Na angústia dolorida do vazio. A vida se passava sem surpresas, Vivendo por viver no eterno frio.
Mas quando te senti; amada minha, A sorte revelando outras certezas Meu peito no teu colo, amor, aninha...
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Não temo tal mordaz caricatura Que fazes deste amor que se perdeu. Amando simplesmente encontro cura, No braço que entregaste, um sonho meu.
Amada como o fogo nos consome, Assim como a tristeza nos devora. Matando em nosso amor, a minha fome, Percebo uma alegria sem ter hora.
Desculpas para amar, não necessito, Amar é minha sina e disto gosto. Apaixonadamente sigo o rito Nos braços de quem amo, logo encosto.
E vejo em meu amor, a plenitude; Amor traz alegria e mais saúde...
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Não temo solidão, sempre alivia. A vida na prisão é minha sina... A noite do que fui promete dia Cavalo que montei perdeu a crina
Meus versos é completa fantasia Amor que não me marca pede esquina O tempo que não chega se esvazia. O tanto que te quis, me desatina...
Roubo dessas verdades o sentido. Possuído possuo velhas cruzes. Amor que nunca veio, estou vencido...
O verbo que conjugo não traz rima, Caminhos espinhentos sugam luzes As urzes companheiras, minha estima...
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Não temo sequer dores nem tormentas, Nos laços deste amor que é nosso guia. As luzes de esperança logo aumentas Como toda uma emoção, pura magia.
No sonho venturoso deste amor Debruço meus olhares mais felizes. Fazendo deste canto o meu louvor Preservando a minha alma de deslizes.
Nós somos caminheiros sem descanso, Na busca da total felicidade. Meu corpo no teu corpo, num remanso Num encanto divino, liberdade.
O dia renascendo cor de rosa, Beijando bela estrela tão vaidosa... Marcos Loures
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Não temo o que virá depois, após O tempo em que passamos tão distantes, O rio se perdendo em variantes Diversas do que fora, outrora, a foz.
O pensamento livre é mais veloz, Mas segue por caminhos inconstantes. Alvoreceres vários já garantes, Porém a solidão se torna algoz.
Revendo os erros todos cometidos Vontades vão roçando os meus sentidos E entrego-me na força de teus braços
Sabendo que depois de tanto tempo Encara novamente um contratempo, O coração imerso em belos paços Marcos Loures
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Não temo o que restou de teu veneno Que teima em me beijar e dar prazer. Se longe dos teus medos inda aceno Queimando em teu desejo quero ter.
Se tu és todo o senso dos amores Que cores e clichês não quero mais. No palco desta vida dois atores Buscando a fantasia, sem ter paz.
E vibro em nossas mansas ojerizas Rasgando logo o verbo em nossa teia. Se tenho o que não tens e não precisas Depois a nossa cama se incendeia...
E somos dos venenos que tragamos, Iguais em quase tudo, nos amamos!
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Não temo o funeral dessa esperança... Caminho transbordando meus enfados Os dias já mataram tal criança, Sem bosques, campos, perco os belos prados.
Quem me pedia estranha temperança Prefere perceber seres alados. Nos salões onde, louca, finges dança, Meus olhos se fechando, enfim, cansados.
Anda, levante tuas mãos sangrentas! Não tente sepultar as minhas tardes. As formas de viver já não enfrentas.
Nas luas que queimaram, já não ardes. Os olhos empapuças com mentiras. Nas ondas deste mar, já não me atiras!
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Não temo o chegar cedo ou chegar tarde, Instantes são cometas, mas não voltam... Arredio, buscando a liberdade, Amarras e grilhões, os versos soltam... Amor se recomeça. Traz saudade Que corta e não recorta. Já me escoltam As velhas cicatrizes. Na verdade Depois de certo tempo nem se notam. Meus ideais ainda são faróis, Embora sem o brilho da ilusão. Cerzindo uma esperança, rasgo o cós E deixo esta nudez quase que exposta. Apenso a pedir o seu perdão, A boca desdentada ri, mas gosta...
Marcos Loures
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Não temo nem sequer a própria morte, Lutando contra o medo, dura fera, A solidão que tantas vezes dá meu norte Garanto, não resiste à primavera.
Vergando em alegria, muda a sorte, Do canto em amizade que se espera Na paz que nos redima e nos conforte, A vida em plena paz já se tempera.
O peito em cata-vento sente a brisa Que mansa, em placidez sempre me avisa Que o sonho na verdade é bem possível.
Do quanto uma amizade é necessária Vencendo esta quimera temerária Num elo que se faz incorruptível...
Marcos Loures
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Não temo nem o corte, ou cicatriz Transforma-se em sublime tatuagem. Outrora, simplesmente um aprendiz Aprende a conhecer nesta viagem
O quanto se é possível ser feliz, Vestindo este desejo. E na roupagem Carrego a vida apenas por um triz Negando quaisquer luzes: é miragem.
De nossos corpos nus e sem pudores, Audazes, nossos sonhos tentadores. No qual minha vontade enfim se aninha.
Fazendo desta história quase um hino, O gozo mais sublime eu descortino Pensando em tua pele junto à minha. Marcos Loures
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Não temo nem a dor nem a saudade São pedras principais do meu cantar. As asas preconizam liberdade A liberdade busca o vôo, o ar
Não acredito em medos, veleidade, Espalho meu tormento, intenso amar, Bebendo temerário, a tempestade Soltando a minha voz, vou sem parar...
A fé num novo dia que renasce Em toda a fantasia que tiver Vivendo sem segredo e sem disfarce
Meus olhos refletindo os olhos teus, Tua beleza intensa de mulher É prova sim, que existe um grande Deus...
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Não tenho mais o medo desta estrada Caminho sem sequer olhar p’rá trás. Pois eu trago os olhares da amada Guardados na guaiaca, vivo em paz...
Em todas as jornadas pela vida Guardei as esperanças no bornal. Não lembro de viver da despedida, Meu canto sempre muda qual jornal.
Vivendo tanto amor sem ter saudade Salvando minha pele nas tocaias. A noite traduzindo liberdade, Morena, belas coxas sob as saias...
O meu amor por ti é sempre urgente. Por isso caminhar tocando em frente
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Não tenho mais na vida, quaisquer queixas E cato os meus cavacos espalhados, Carpindo os risos tolos, desfraldados, Encontro em ti, à noite, divas, gueixas.
Soubesse te dizer, faria endechas Em versos tão sutis, transfigurados, Porém ao vislumbrar terríveis prados, Recebo de teus olhos novas deixas.
Havendo o que não tive e sem tempero, Acendes toda noite o meu isqueiro Na chama da fornalha repartida.
Repatriando antigos firmamentos, Eu sinto pelo menos por momentos A sorte derradeira e prometida. Marcos Loures
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Não tenho mais ciúmes te garanto, Seria uma tolice se tu fosses Atrás deste panaca sem encanto Que forja sem pudores falsos doces.
O moço me parece, mas nem sei, Tem pinta de boiola, um velho gay Usando este disfarce mal e mal, Passar neste retrato a pá de cal
Que possa disfarçar cara de pau, Do jegue que tentando ser venal Com rabo muito grande e bem guloso
Não pode ver ninguém aqui feliz, Que mete o seu bedelho, o seu nariz Escroto catarrento e adiposo... Marcos Loures
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Não tenho compromissos com ninguém, A poesia rola em minhas veias Distante do que pensas e incendeias Versando sobre aquilo que convém.
Se nada do que tive ainda tem O coração imerso em várias teias. Não quero ser decerto isto que anseias, Dos versos mais perfeitos, vou aquém...
Meu mundo não caiu nem cairá, Eu morro a cada dia mais um pouco, Não vou ficar gritando feito um louco
E digo esta verdade desde já, Apenas um poeta e nada mais Guardando mil palavras nos bornais...
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Não tenho como ofício, a fantasia, Espectros desfilando pela sala São coisas que fomentam poesia, Porém a voz cansada nada fala.
O amor que engalanando nos abala, Fornalha que depressa tudo esfria, A noite anterior se foi de gala Agora nos traduz melancolia...
Acendo estes luzeiros, porém sei Que a tempestade entorna em minha grei A plúmbea realidade. Não escapo.
Achar a solução? Ah quem me dera, A flor que imaginei na primavera Jogada pelos cantos, virou trapo...
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Não tenhas mais ciúmes, meu amor, Sou teu. De ti jamais me afastarei. Teu beijo carinhoso e sedutor Por certo, tantas vezes me entreguei.
Ao ver o teu sorriso tentador Não sabes quanto tempo imaginei Amor da lua é sempre enganador, Somente o teu amor, sei que terei..
Só peço que tu venhas para cá, Deitar-te do meu lado, ser só minha. Amor igual, jamais encontrará,
E podes ter certeza do que digo, A noite que se chega e se avizinha, Dará ao teu desejo todo abrigo... Marcos Loures
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Não tenha tanto medo de partir, O bem de uma alegria é teu tesouro, E quando vejo um bem imorredouro Nos olhos garantindo um bom porvir
Eu posso acreditar e dividir Contigo a fantasia em que me douro, Sabendo deste encanto duradouro, O melhor; ninguém pode impedir.
Assim nós poderemos perceber Que o tempo se propõe ao bel prazer E vence os temporais tão corriqueiros.
A brisa que balança estes coqueiros Na praia em ondas segue baixos e altos Superando temores, sobressaltos...
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Não tenha tanto medo de chegar Garanto que jamais farei sofrer Aquela que me trouxe este luar Banhando minha vida em bem querer.
Beijando tua boca devagar, Encontro o que eu pensava merecer Não deixo de, querida, te adorar, Somente em teu amor, quero viver.
Distâncias não são nada pra quem ama, Estou perto de ti, a todo instante Acendo bem mansinho a brasa, a chama
E vejo o regozijo do teu gozo. Suores e delícias... Triunfante Amor que a gente faz é tão gostoso...
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Não temo e não entendo por que mentes Sabendo do que sabes já de mim. Desejos de amizade são prementes, Porém triste vazio segue enfim
Os olhos que se foram quais dementes Secando quaisquer flores do jardim, Mentindo-me, decerto crava os dentes Rasgando a minha pele até o fim...
Nas ondas que distinguem a amizade Talvez percebas inda este marulho. Rastejas sobre um frágil pedregulho,
Mas tens um não sei que de qualidade Que faz com que eu perdoe este falsete, Embora não te lance mais confete... Marcos Loures
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Não temo a sorte, corte; quiçá trevas. As neves,tuas preces, nem teu rogo. Espero, espreito, oculto, sei teu jogo... Nos rios, ritos, sinto quando nevas
Nas almas, dores, flores, tudo levas... Teimando em glosas, queimas, cessa o fogo; Embora tão distante, és desafogo.. Na tua mansidão a todos cevas,
Esperando, espreitando, na tocaia, Tocas, retocas, sabes dar o bote... N’hora certa, entoando o velho mote...
De ti, cada momento, que se espraia, É como navegar , teu rumo, norte... Nossa boda infalível... Velha Morte!
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Não teme estupidez que traga o corte Quem sabe dos desígnios de um amor. Palavra abençoada que conforte Carinho que se mostre alentador.
Vibrando em alegria a cada mote, Recebo a bela flor deste canteiro, O amor que se mostrou sublime dote Sincero e com certeza, verdadeiro.
Assíduas esperanças fazem ronda Durante a nossa noite em plenitude. A lua se desnuda e assim redonda Demonstra muito além do que já pude
Com versos, poesias, pensamentos, Argenta com ternura estes momentos... Marcos Loures
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Não temas, minha amada, tal mensagem, Os Deuses já nos amam totalmente, Pressentem a beleza da visagem Que, aos poucos, vai tomando nossa mente...
Na mansidão segura da viagem Um coração que voa nunca mente, E sabe que encontrou melhor paragem No coração que encanta, simplesmente...
Confio em cada verso que me traz O vento benfazejo da esperança. Por isso, em nosso amor, sou bem capaz
De mergulhar tão manso e tão profundo. Envolto nos teus braços, sem tardança; Sou o ser mais feliz que há nesse mundo!
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Não temas velhas curvas nem esquinas Enquanto a caravana segue em frente Os lábios em que cedo determinas Viagem que este sonho nos contente.
Olhando para os lados, outra gente Distante do que sabes e fascinas Em farpas nos provocam de repente, Os cegam as palavras diamantinas.
Talvez ainda creia ser possível Um tempo em que alegria prevaleça, Não tendo uma emoção que me envileça
Apenas usufruo do poder De ter em minhas mãos, por sonho incrível Teus olhos delirantes de prazer... Marcos Loures
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Não temas quando amor chamar teu nome E embora possa às vezes machucar O amor não se permite sonegar, É vela que ilumina e se consome.
Não há quem o domine nem o dome E mesmo quando vem a nos sangrar Mudando cada estrela de lugar Esconde-se, porém o amor não some.
Eternizado a vida, cada filho Permite que se faça o mesmo trilho Num brilho sem igual, expressa a luz
Do Deus que nos criou em tanto amor, De todos os momentos, condutor Que à glória em plenitude nos conduz... Marcos Loures
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Não temas este abismo, tempo/vida. Retorno depois disto, amada minha. Buscando em precipício outra saída Do amor que tão estranho nos aninha.
No poço de ternuras dor perdida Um ave migratória, uma andorinha Vagueia prometendo despedida, Mas logo se calando, vai sozinha.
Então guardo de ti perfume raro Em tantos jasmineiros e roseiras. Persigo cada passo pelo faro
Encontro-te calada; nas estradas, Protegida das dores feiticeiras, Nas mãos as belas flores orvalhadas...
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Não temas essa dor; ela revolta, Machuca, te maltrata, mas passa... Alegria; tentaste, andando solta, As dores se esvaindo na fumaça...
Querida, por que foste tão criança, Amor que tanto tinhas; se perdeu... Agora adormecido na lembrança De um tempo mais feliz que já morreu!
Mas sinto tanta sorte em tua vida, Que nada que passou deixou saudades. A noite brilhará em ti, querida, Decerto tu terás mais claridades...
Não deixe que a quimera te maltrate; Amor que se passou; puro descarte...
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Não tema; meu amor, nada separa As almas dos amantes se sinceras. A sensação divina e que é tão cara Encara as tempestades, duras feras...
A força de teu braço me antepara Mesmo que sejam longas esperas A marcha deste amor ninguém mais pára, Por maiores que sejam as crateras
Abertas nos caminhos de quem ama As asas da emoção superam tudo. Não há vento que apague a forte chama
Que queima no meu peito enamorado. Mas precisa cultivo. Eu não me iludo, Lutando a cada dia, do teu lado...
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Não tema tais transtornos, tantos, trágicos. São temas que traduzem tristes tramas. Por mais que te entristeçam, tornam mágicos, Os dias, harmonias, se bem amas.
Servindo se, bem vindo, quem te serve. Sorvendo sentimentos, sem sofrer. Se fores buscar flores, nessa neve, Em troca, tanto espinho, podes ter...
Amigo, seu castigo passará, Mas tente se entreter sem ter tristeza, O tempo, em seus tentáculos dirá Que morre tempestade em correnteza.
E flui, depois de tanto navegar, Pras ondas tão serenas, manso mar...
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Não tema se caíres, companheiro, A vida nos permite um novo tom Vencer a solidão, é mais que dom, Certeza de um bom dia corriqueiro.
O sol é muito além deste luzeiro, O vento espalha em brisa um doce som Debaixo da coberta, do edredom Tu perdes este encanto alvissareiro.
Não deixe que os caminhos percam rumo, Os erros que cometo logo assumo E bebo deste sumo da amizade.
Sabendo quanto é bom, cabeça erguida, Cumprir várias etapas desta vida Buscando deste sol, a claridade! Marcos Loures
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Não tema os pedregulhos do caminho, Ensinam valorar felicidade A rosa conhecendo cada espinho Perfuma este jardim sem falsidade.
O encanto de saber do burburinho Do rio que em tempestas tudo invade E quando desfilando de mansinho Traduz a plena paz, tranqüilidade...
O dia nascerá. No amanhecer O brilho sempre volta a renascer, Iluminando a estrada de quem crê.
A força que permite que prossiga Existe dentro em nós querida amiga, Só basta olhar pra dentro de você... Marcos Loures
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Não tema o meu cantar, isso eu te peço! Meu verso é manso e calmo como a brisa. Meus erros, todos eles, te confesso Amor vem de surpresa, nunca avisa.
Às vezes nos meus sonhos eu tropeço A base de um amor, por vezes lisa; Jogando-me pr’o chão! Mas eu mereço! A dor que traz prazer é bem concisa!
Mas viver, por si mesmo; é um perigo. Não ligue se me corto... A cicatriz Eu guardo com carinho, aqui; comigo.
Quem quer toda alegria e o bom do gozo, Quem quer, enfim, na vida ser feliz Sabe que o amor é muito perigoso...
Marcos Loures
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Não tema o falatório, é pura inveja Da gente que não sabe o que é o amor. A gente tendo tudo o que deseja, Esquece com certeza este temor.
Jamais te deixarei, por isso veja O quanto é nosso sonho, encantador, Se a vida para outrem só relampeja Decerto encontrarás aqui o ardor
De quem por tanto tempo andou sozinho, Vagando pelas noites, sem ninguém, O amor que nos domina enquanto vem
Aquece nossa vida em tal carinho, A lágrima que traz tanta amargura, Agora em alegrias se depura... Marcos Loures
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Não tema o contratempo desta ausência, Pois sei que logo estaremos unidos. Cada dia distante é penitência Certeza de outros sonos mal dormidos, Porém é necessário a paciência Assim os nossos medos vão vencidos...
Contigo, minha amada, a vida inteira. Não tenha uma incerteza em tua mente. A seta de Cupido é tão certeira Que nada mudará no amor da gente. Paixão que nos devora, verdadeira, Calor de teus abraços, envolvente...
Pois seja pro que der, para onde eu for Sempre estarei contigo, meu amor... Marcos Loures
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Não tema meu amor, o doce vento Que veio desta praia-coração. Na vida é necessário o sentimento Que nos transborda, encharca de emoção...
Não tenho amor assim itinerante, Apenas eu me entrego totalmente, Falena quando vê luz radiante, Ao ver já se encantou. Amar urgente!
Não fico na tocaia nem disfarço, Sou mais revelador do que pareço. Não temo me entregar passo por passo, Viver é necessário, eu não me esqueço...
O sol que brilhará nesta manhã Não deixa que uma vida passe, vã...
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Não tema esta saudade, companheira. Apenas representa o que valeu. Do amor que em nossa vida apareceu Saudade desfraldando esta bandeira
Além de uma promessa corriqueira, O encontro que entre nós, raro se deu Sabendo deste amor que é teu e meu Promete uma emoção mais verdadeira.
Por mais que erremos, saiba que inda quero O amor que se mostrou intensamente, No dia que virá, já se pressente
Um tempo que desejo e agora espero Aonde nosso amor enfim renasça E a sorte que buscamos se refaça... Marcos Loures
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Não tema esta mulher maravilhosa Que sonha e que deseja ser feliz. Estrela que bem sei tão radiosa Do amor e da esperança uma aprendiz
Que tece com carinho e mão fogosa Aquilo que deseja e tanto quis. Porém em seus pudores, vai medrosa, Mas escute este verso que eu te fiz
Falando da vontade de sentir Teus lábios em meus lábios com prazer. A pele te roçando, poder ver
Vulcão em chama intensa a se explodir, Menina, eu te quero uma mulher, Sabendo com firmeza o que mais quer...
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Não tema esse ciúme em tal delírio Não fiques chateada assim querida... De tudo neste mundo, em tal martírio, Maior brilho que temos, nossa vida!
Desejo teu desejo, companheira, A tua companhia me faz falta. Amar é ser feliz a vida inteira, Dançamos em conjunto na ribalta.
Não penses que castigo o meu amor, Não toco nos teus brios, quero os seios... Vivendo nosso caso sem rancor, Não tenha desse amor nenhum receio...
Eu quero tanto amor num manso dia, Em nome dessa amada poesia!!!!!
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Não tema essa má sorte nem quimeras. Nos vasos que se quebram em suores, As horas mais felizes, primaveras, Virão de outros momentos bem melhores...
Nas amplas maravilhas que virão, Os ódios e os temores adormecem, Libere com ternura o coração, Que as musas recatadas sempre tecem...
Não tema essa verdade que se oculta Nas tramas mais doridas deste sonho Silêncio delicado já se ausculta
Envolto num carinho mais risonho... E lembre-se, afinal, minha querida, Que um certo alguém já te adorou na vida...
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Não tema atravessar a ponte estreita Senão tu perderás uma bela ilha. Andando é que se foge de uma espreita Quem pára já sucumbe e nunca brilha. A dor de uma derrota é mais aceita Que o medo de seguir por uma trilha. A trama que se faz, mesmo desfeita, Não deixa que te prendam com anilha. Aliás, se temeres, já perdeste, É dura uma derrota para o nada. Se a vida assim, amiga, percebeste; Terás orgulho em cada cicatriz. Melhor do que o vazio; derrotada. Não tenha medo, então; de ser feliz!
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Não tema a tempestade que vier É dela que se aprende uma lição. No corpo delicado da mulher Às vezes encontrei a perdição.
Mas tendo uma esperança costumeira Encaro com vontade um desafio, Hedônico caminho, uma bandeira Desfraldo e quero sempre até vicio.
Depois da cachoeira vem remanso, O mundo não se mostra assim algoz Enquanto com prazer o mar alcanço
Sabendo deste amor que existe em nós, As águas no oceano calmo e manso Derramam calmaria em cada foz... Marcos Loures
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Não temas, minha amada, tal mensagem, Os Deuses já nos amam totalmente, Pressentem a beleza da visagem Que, aos poucos, vai tomando nossa mente... Na mansidão segura da viagem Um coração que voa nunca mente, E sabe que encontrou melhor paragem No coração que encanta, simplesmente... Confio em cada verso que me traz O vento benfazejo da esperança. Por isso, em nosso amor, sou bem capaz De mergulhar tão manso e tão profundo. Envolto nos teus braços, sem tardança; Sou o ser mais feliz que há nesse mundo!
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Não tem com certeza este veneno, Atrai como se fosse um doce vício De mel e de aguardente. Desd' início Queria te sentir com gozo pleno
De amor e de vontade de viver Na eterna primavera e juventude Que restitui a força e a saúde Com toda a plenitude do prazer...
Nas cores deste amor, caleidoscópio Rodando em minha mente sem parar, Te provo com desejos sei do ópio Que forma toda essência do luar
Que toca nossa boca em pleno mel, Meu sonho de viver-te e ser teu céu...
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Não te vejo, faz tempo, minha amiga. A vida nos levou por outros mares Eu sei quanto é preciso que prossiga, Mesmo que diferentes os lugares A vida em solidão nos desabriga E torna mais difíceis os sonhares.
Mas só em te saber aqui por perto Meu coração se mostra satisfeito, Promessa de um oásis num deserto, Acelerando enfim, o velho peito Que agora se pressente mais aberto A receber o bem que é de direito
Daquele que percebe ser real O que sempre mostrou-se magistral...
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Não te quero cativa, pois sou teu, Meu mundo no teu mundo se encontrou No instante em que me sonho se perdeu, Deitando meu prazer que te buscou,
Rainha que em espasmos me domina, No afã de ter teu corpo junto a mim, Adentro bem voraz a bela mina, E vou com tal volúpia até o fim.
Revelo meu desejo em cada verso, Nadando nos teus mares, oceanos. Rondando com meus beijos universos, Vasculho teus caminhos sem enganos.
E assim somos um só, ninguém separa O que o amor uniu em noite clara... Marcos Loures
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Não te falo em meu nome, sou poeta! As dores eu encaro com sorriso... A minha vida segue mais completa Das trevas vou fazendo o paraíso!
Quando escrevo pensando na miséria, Eu penso em nosso amado brasileiro. A treva que se abate é coisa séria, Orgulho se perdendo num braseiro.
Tendo as filhas vendidas nas estradas, Tendo os filhos morrendo sem remédio! Mulheres tão sofridas do sertão...
Os homens engolidos pela fome. O calor, um incêndio que consome, O sol vai congelado na amplidão! Marcos Loures
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Não te desejo o mal, somente o nada. Não guardo mais rancor sequer protesto. A tarde que chegou, des’perançada; Repete em minha vida, o mesmo gesto.
As mãos que imaginei, eram de fada, Do que tanto quisera, em dor me infesto, A sorte que eu queria, apunhalada. E faço em cada verso um manifesto
Falando deste sonho que morreu, Falando desta luz que se apagou. Falando deste encanto, todo teu
Que dorme numa recanto, esvaecido. Apenas demonstrando o que restou Do amor que se perdeu, sem ter nem sido.
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Não te darei sequer algum motivo, Para que não me mordas, tentadora... Se sei que cada dia novo vivo, Na espera dessa noite redentora...
Nosso caso maltrata, pois lascivo; Nós somos personagens dessa autora, A vida... Tanto amor assim não privo, Nossa felicidade, geradora!
Penetro essas entranhas, sexo, ventre... Não permites sequer que eu me concentre, Me jogas, tresloucada, na parede...
A vida me provoca um histerismo, Mergulho, tão demente o teu abismo... Tu és fonte que mata toda sede... Marcos Loures
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Não te amo por que és bela; o tempo passa E toma o que a natura te entregou. O corpo é simplesmente uma carcaça Que a maviosa tela emoldurou. O dia vai passando e não disfarça Mas o fundamental ele deixou. A corda principal nunca se esgarça Foi ela, meu amor; que nos atou. Não amo-te também pelo prazer Que sempre se arrefeça com o tempo. Depois de tudo, amor para viver Precisa de algo além que uma emoção. Vencendo toda dor e contratempo, Eu te amo. Não precisa explicação!
Marcos Loures
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Não suporto melosas melodias Tampouco lambidelas venenosas. Enquanto toda noite tu fingias Esganava-me usando estas ventosas.
Ao mesmo tempo enquanto me inebrias Fazendo tais promessas venturosas, Com olhos e apetite das harpias Demonstras ironias quando gozas.
Cantando bem airosa no chuveiro, Farsante, transformando num put..iro Aquilo que eu pensara ser um lar.
Figura com certeza, demoníaca, Se bem, disse o doutor: Ninfomaníaca! Depois que morde assim, quer assoprar...
Marcos Loures
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Não temo mais trevas, bebo os breus Nos laços que traçamos, minha amiga. Decerto desconheço um triste adeus Em paz a nossa vida, assim, prossiga.
Os passos que se dão em vento incréu Jamais nos levarão a conhecer A perfeição que existe após o véu Das nuvens que me impedem de saber
Do brilho que percebo deste sol, Que mesmo que se esconda, eu sei virá. O quanto é necessário aqui ou lá
Viver esta amizade qual farol, Um dia mostrará com perfeição A força que demonstra uma união.. Marcos Loures
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Não temo mais os uivos de um cachorro Que teima em desfilar tanto veneno. Não vejo mais estorvo e subo o morro, O coração batendo forte e pleno.
Se às vezes mais esguio ainda escorro Talvez seja algum vício mais ameno. Da briga na verdade eu nunca corro, Mas me socorro em ti, amor sereno.
Se enfrento este sereno na alvorada Eu sei que sol virá em pouco tempo. Vencer com mansidão um contratempo,
Deitando com preguiça na almofada É tudo o que desejo, venha já Que o sol com toda força nascerá...
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Não temo mais invernos nem geadas Apego meu calor, nossa fornalha, Depois de tantas lida, tão cansadas As pernas se descansam da batalha.
A vida que me trouxe tanta neve Agora se promete fruto e flor Minha alma com tua alma fica leve Nas asas do divino e claro amor.
Eu quero me encostar nestes teus braços Deitar minha cabeça de mansinho, Dormir aconchegado em teus abraços, Fazer destes seus seios, o meu ninho.
Amor eu te proponho esse verão Que nunca tenha inverno ou solidão.
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Não temo mais as dores, vis infames Extensões terríveis do passado, Por mais que tantas vezes tu reclames, Eu continuo sempre do teu lado.
Mesquinharias; deixo e vou em frente, Não quero reviver os sofrimentos, Às vezes nosso amor, cedo pressente A tempestade feita em duros ventos.
Abrindo em guarda-sol minha esperança, Tempero com carinho os disparates. A voz em agonia então se lança, Impede que o amor; cedo maltrates.
Um álibi que trago aqui comigo, O meu passado feito em desabrigo...
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Não temo mais a face da quimera Disfarces vou usando pela vida. Eternamente em plena primavera Espero por teus cânticos, querida...
Saudade tão perversa, não me toca, Tocaias que preparo são diversas. Amor mesmo demais, quando sufoca Prefiro que essas dores tão perversas...
Não temo a solidão, inverno e frio, Anseio pelos seios da morena... Não temo um coração triste e vazio, À noite a solução de longe acena...
E mostrando esse amor em claros dentes Sorrisos dessas pernas envolventes...
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Não sinto, minha amiga mais cansaços De ver tantas falácias sem sentido. Estendo, calmamente, os longos braços Percebo que vivi bem distraído...
Amores se quadrúpedes vigoram Se estúpidos verberam no non sense No vácuo dum cérebro se estouram E não há santo algum que o convence...
A vida necrofágica e sem prumo, Em tal alegoria se desmonta. Portanto viva tudo até que o sumo Te deixe de prazer, tão louca e tonta...
Quem sabe assim termine o longo dia E possa conhecer a poesia...
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Não sinto os desenganos da partida Pois sei que bem mais cedo voltarás; Por isso não te falo em despedida, Apenas te direi: vem logo mais...
Se traço meu destino com o teu Se vejo minha vida em novos planos, Se sei que meu destino se perdeu Nos braços mais divinos, soberanos...
A glória de saber tua existência Não deixa-me saber de mais tristezas. A vida não sugere penitência, Transformo minhas dúvidas; certezas...
E sonho, finalmente, em livre ter A força que me ensinas, de viver...
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Não sinto medo, cálice sem vinho, Nem trafego tão trôpego, vacilo. Da morte foste lívido bacilo, Meu Deus porque me deixas tão sozinho!?
Não haverá perguntas sem respostas, Tampouco tenho lúdicas manhãs, Acolho restos, fétidas e vãs, A vida retalhada nessas postas...
Cheguei a crer, estúpido que eu era, Que foste minha métrica, meus versos, Agora sei, restou dos universos,
Um só poema, lúbrica quimera, Matando desde então a primavera Com risos de ironia, tão perversos.. Marcos Loures
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Não sinto mais o frio que sentia Ao ter determinado meu futuro Sabendo, com certeza que viria O tempo mais suave e mais seguro.
O manso sentimento que carrego Amor em placidez, tanta ternura. Sabendo que desejo nunca nego Espero nos teus braços, aventura...
Amada não pressinto desespero Nem dores que me queimam ou maltratem. A vida nos teus braços tem tempero Nos nós que não permito se desatem...
Amada, como é bom saber de ti... Nos braços mais macios, me perdi...
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Não seremos; amigo apenas dois cordeiros Aos quais o medo impõe a cruel agonia A mão que me afagava, a mesma que em sangria Mostrava sem pudor motivos verdadeiros
Matando quem buscava em noite amarga e fria, Alentos mais gentis, talvez os derradeiros Às dores tão cruéis. Pastores trapaceiros Movidos por dinheiro, iludem. Fantasia...
Unidos, caro amigo, o mundo fica leve Todo tormento passa, a dor já não se atreve A fazer moradia; esvai-se num momento.
Estradas, com certeza, as mais belas e flóreas Nos laços da amizade, a luz trazendo as glórias Que enfim permitirão o fim do sofrimento...
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Não serei menestrel, quiçá bufão, Apenas um velhaco trovador Que sabe misturar prazer e dor, Num verso todo feito em perversão.
Se a história se contenta com versão Useira e trapaceira do senhor, Um servo vai fazendo o seu louvor Mesmo que isto inda cause uma aversão.
Tijolo por tijolo, perco a lógica, Mentira sem resposta é antológica, E vira realidade, de repente,
Pacato cidadão; faço das unhas Distante assim, talvez, do que supunhas, As garras de um leão; cego e sem dente...
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Não ser além, no mar, que simples cais, Vagar entre as estrelas, ser teu par. O gozo de momentos magistrais Aonde amor costuma navegar
Fazendo dos meus sonhos; rituais. Ao ver a bela flor desabrochar E mesmo entre os temidos vendavais Aos lânguidos desejos me entregar.
Acaso se vieres não se esqueça Que és mais que simplesmente um grande amor. Talvez, minha querida eu não mereça,
Porém saiba do quanto sou feliz Na eterna maravilha que em louvor Eu agradeço a Deus ter o que eu quis...
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Não sentirás o frio, com certeza. Estarei ao teu lado te aquecendo. Beijando tua boca e com destreza Aos poucos mansamente percebendo
A doce perfeição desta beleza Que em meus braços deita, revertendo Aquela perspectiva de tristeza Que em minha vida estava só crescendo...
Deitar o meu desejo em teu desejo, Amar-te sem ter medo, inteiro... tanto... Delícias de um banquete que prevejo
Nas noites friorentas; minuano? Pode ficar tranqüila que eu espanto, Envolto em nosso amor que é soberano...
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Não sentira essa força da paixão Que bate violenta e nada deixa Avassaladoramente diz não Ao mesmo tempo sangra em cada queixa.
Derruba o sonhador, cria o cativo, Por ela não consigo respirar, Matando me mantém, por tanto, vivo, Prendendo me traz asas, faz voar.
Alenta e desalenta num segundo, Vasculha e nada vê, ou finge bem, Devora o meu passado, invade o mundo, Quer tanto e quase nada d’outro alguém...
Apaixonadamente me perdendo, Não ganha mas jamais segue cedendo...
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Não sendo tão somente uma miragem Que torna este deserto mais ameno, O sonho que deveras concateno Transforma com vigor esta paisagem.
Mudando de repente a velha aragem, Eu sinto este desejo, agora pleno, Tocando a minha pele este sereno, Movendo com paixão tal engrenagem.
Lavando enfim minha alma desairosa, Por mais que a vida seja caprichosa Tu trazes as respostas que procuro,
Em tuas mãos, querida timoneira, Encontra ancoradouro esta praieira Teus olhos um farol em mar escuro...
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Não sendo eunuco, eu gosto de carinho, Delicioso e doce cafuné, Amor, tenho certeza, inda da pé, Por mais que façam tanto burburinho.
No colo da morena eu já me aninho, E gosto e com certeza vou na fé, Mergulho sem defesas indo até O fundo sem temer ficar sozinho.
Tem gente que não gosta, o que fazer? Eu faço deste amor meu talismã, A fruta mesmo sendo temporã
Bateu no paladar, me deu prazer. Fazer amor contigo de manhã. Serpente abençoando esta maçã... Marcos Loures
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Não seja esta saudade enfermidade Que encontre a cura noutra desventura. Preciso de um amor/tranqüilidade Feito tão somente na ternura.
Almejo um sonho feito em liberdade, Que traga para a vida uma brandura, Resumo do que sei felicidade, Iluminando em paz a noite escura.
Eu quero tão somente o bem do amor, Que nada cobra e dá farta alegria. Refaz a mocidade e a fantasia.
Dourando o dia a dia de quem for Seguindo cada flor, vivo jardim Colhendo as esperanças dentro em mim...
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Não seja ambicioso meu amigo,
Às vezes desejar faz muito bem,
Porém numa ambição vive o perigo
De não respeitar nada e mais ninguém.
A sorte que se faz e quer abrigo,
No peito de quem sempre quis alguém
Da forma mais sutil assim prossigo,
Cantando este desejo; é meu também...
Não deixe que esta coisa salutar
Que traz uma esperança dadivosa
Se torne no cruel ambicionar,
Carrasco de quem ama e quer amor,
Matando com tristezas toda rosa
Que quer um bom perfume, em desamor...
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Não sei semente sinto nova poda. Alucinadamente fiz meu verso... O mundo navegante perde a roda, Na queima das esferas do universo...
Morrente não me lega nova aurora, Um demente aspergindo cantochão, Da maneira mais breve me devora, Me restando tão somente a solidão...
Chega de profanar, tantos enganos, Não canso de esperar os teus recados, A vida que me deste nega planos,
Nos partos que não tive, nem reparos... Navios que navego, abalroados, Destinos destruídos são bem caros... Marcos Loures
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Não sei se tu conheces um adágio Que serve como luva ao nosso amor. Vencendo a tempestade com vigor Jamais ele terá qualquer naufrágio.
Embora te pareça mesmo frágil, Resistindo a qualquer provocador Não deixa de buscar o encantador Caminho, e de repente se faz ágil.
Porquanto não se deixe magoar Por quem não vendo um raio de luar, Uivando de manhã em plena praça!
O amor que a gente quer e não se engana, Parece com aquela caravana Que ouvindo os cães ladrando, vai e passa... Marcos Loures
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Não sei se ter terei depois do baile, Nas brumas e nas plumas, falsidade... As cartas que me mandas, não sei braile, No fundo não me queres de verdade...
Teus mares e manteigas são meu tédio. Exportas mesquinhez com fino trato... Veneno em leves doses é remédio. Cuspiste sem saber, no próprio prato...
Agora essas manhãs entardeceram, Não posso sempre estar, de fato, alerta... As luas que mentimos, se perderam,
Os versos que te faço são mixórdia... O pomo da verdade e da discórdia, Naufraga na mentira desoberta... Marcos Loures
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Não sei se te pertenço ou se és de alguém Que nada mais te traz, senão a dor... Vivendo sem saber amor que tem Em vão vais procurando o velho amor...
Não julgue meu amor como ousadia, Amo-te e isso não vale para a sorte. Não peço teu amor, não poderia... Só quero que tu saibas que isto é forte.
Amor que mata a sede, sem ter água, Amor que mata a fome, sem o pão, Não causa nem tristezas, nem quer mágoa, Mas, livre, alimentando o coração...
Amor que não percebes como é belo, Embora não me peças, sempre velo...
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Não sei se na verdade a quem tu chamas Apenas te dirá por que vieste, De estrelas radiantes, bem celeste, O certo é que em calores, longo inflamas.
Na sorte que demonstras, me reveste De toda uma certeza quando clamas Por mundo mais feliz em fortes chamas, A vida não se faz apenas teste.
Sabendo que talvez melancolia Atinja um coração sereno e casto, Espero que perceba a fantasia
Na qual amor engana a quem abriga. Por mais que o mundo seja imenso e vasto, Eu estarei contigo, minha amiga...
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Não sei se me permites ser sensível, Espero essa resposta por e-mail. Amor que não demora , tão incrível, Se encontra desvairado em pleno anseio.
Paixão que sempre estranha, inacessível, Demora nas delícias do teu seio. Eu quero teu amor, pois infalível, Nas ondas deste amor, enfim vagueio...
Meus braços estarão sempre esperando, A moça que não quer se complicar. Não quero essas mentiras, não sou brando.
Eu quero me fartar desta ambrosia, Nos lumes dos teus olhos, vasto mar... A noite que vivi, anseia o dia!
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Não sei se irei dormir longe de ti, Acostumei-me tanto a te esperar. Deitada do meu lado, já senti A vida como um mar a navegar.
Eu quero te sentir em meus delitos, Eu quero receber tanto carinho. Amores e prazeres infinitos Difíceis de sonhar, aqui sozinho...
Nesta vigília insana te procuro, Apalpo toda a cama e não estás; Sabendo que tu vens, amor te juro Que tão sofregamente encontrarás
Aquele que, tu sabes, já te adora Só temo enlouquecer bem antes da hora....
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Não sei se inda consigo te esquecer Depois de tantos anos pareados, Momentos de discórdia e de prazer, Delitos em delírios semeados.
Meandros deste rio a percorrer Nas curvas, nos declives vislumbrados Imensas cachoeiras; posso ver Além de arquibancadas e alambrados
Sem jugo, escravidão, nossas batalhas Que tanto me ensinaram a sonhar, Nos fios afiados das navalhas,
Os cortes cicatrizam e não podam, Assim ao cultivar nosso pomar As ternas ilusões inda me açodam...
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Não sei se fomos mar ou clara lua, Não sei se fomos luz ou só reflexo, Minha alma na tua alma continua Neste desenho mágico e complexo.
Fantasmas de nós mesmos, meras sombras? Se posso em ti me ver, especular, Se tudo que te faço não te assombras Não posso nem desejo te mostrar
Além do que em mim vejo, somos um, Os passos caminhados são distintos, Caminho p’ro futuro, eu sei, comum, Passados que tivemos, ‘stão extintos...
E quero-te não mais do que me queres, Unidos nestes mesmos caracteres...
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Não sei se ela te quer ainda, amigo. Mas sinto que isso em ti, tem importância... O canto que trouxera, nem te digo, No fundo tanta vida em discrepância.
Confesso que pergunto sem respostas; Não posso responder assim, por ela. Eu sei que dela ainda, tanto gostas, Por isso não consegue saber dela.
Escondida no mundo que querias Vivendo a viuvez desta saudade. As noites em que passas; todas frias, Sem braços, sem mulher, sem claridade..
Amigo; nada mais posso dizer, Apenas conseguir sobreviver...
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Não sei puxar o saco dos boçais Que assaltam a cultura nacional. Não vou elogiar os ancestrais Paspalhos. Jogo até a pá de cal.
Fornalha não assando nunca mais, Medonho mascarado, é carnaval, Embaralhando as cartas meus postais Misturam mel, jiló, poeira e sal.
Da minha catacumba, rumba e frevo, O quanto que decerto ainda escrevo É parte com demônios que carrego.
Se sôfrego respiro, sem revolta. Não quero estes fantasmas como escolta, Fazendo nos meus versos um nó cego.. Marcos Loures
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Não sei porque demonstras tanto medo de se entregar e ser, assim feliz. Parece que o passado triste e ledo impede todo o sonho em que se quis
ser mais do que um canto de degredo, curando e não deixando cicatriz. A vida pode ter, num outro enredo destino diferente do que diz
teu coração tristonho e solitário, as noites te darei em festa e gozo. Meu peito que já foi um andarilho
agora, se oferece solidário propondo num conjunto mais gostoso seguirmos, com certeza um belo trilho... Marcos Loures
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Não suporto ignorância sempre audaz Tampouco este esnobismo do idiota, Abrindo dos esgotos a compota O cheiro do teu cérebro, o ar me traz
Velhacaria estúpida e voraz, Em todos os recantos, isto lota, Ultrapassando agora qualquer cota Tentando ser, com classe, enfim mordaz
Tropeça nos engodos que professa, A vida vai pregando cada peça E a besta já tropeça em seus arreios.
Do coice do imbecil, já vacinado, Um verme que se “achando”; destroçado Chafurda noutros pântanos alheios...
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Não sou tão perigoso como dizes, Apenas um eterno vagabundo Que traz dentro do peito; cicatrizes Colhidas pelas dores deste mundo.
Perpetuamente envolto nos deslizes Nos ermos dos engodos me aprofundo, Concebo uma aquarela em mil matizes, De cores tão diversas; eu me inundo
E morro a cada dia, sem poder Vivenciar a glória mais sublime, Sem ter quem tanto queira ou que me estime
No abismo entre a alegria e o desprazer, Funâmbulo; vagueio entre as estrelas Sem ter sequer o gozo de contê-las...
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Não sou penduricalho nem enfeite Não sou bijuteria ou bibelô Te peço meu amor assim aceite No Rio, lá em Sampa ou em Belô;
Simplesmente é por ter uma esperança De não ser um satélite sem rumo. De compor contigo uma aliança Que trame nosso amor no mesmo prumo.
Nem mais e muito menos, nem demais. Somente uma igualdade de valores. Onde as cores se misturem e jamais Uma rebrilhe mais que as outras cores.
Anseio teus desejos e teus seios. Equivalentemente , sem receios...
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Não sou e nem serei de alguém o gado, Disposto a rasgar o teu retrato, Das contas já não pego mais extrato, O amor de maltratado, extraviado.
Nas dívidas sem dúvida, o passado Mostrou este futuro tão ingrato, Quebrando sem banquete cada prato, Praguejas e me deixas desarmado.
Pardal quis imitar um curió Deixando o coração gemente só Demente fantasia que vesti.
Agora que eu percebo a realidade, Apenas um desejo inda me invade Cobrar todo este tempo que perdi... Marcos Loures
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“Não sou canalha em querer teu querer...” Apenas te desejo e nada mais. Amor quando se faz ao bel prazer Invade totalmente qualquer cais.
Permita tão somente, conceber Em toques mais sutis e sensuais Amar, querida eu posso perceber Traduz mil sentimentos, naturais...
Amor nunca precisa de disputa. Não faça disso um campo de batalha Amar não pode ser jamais ofensa.
Perdoe se eu te adoro. Vê se pensa Não quero desfraldar nenhuma luta, Apenas por te amar, serei canalha?
SOBRE VERSO DE MAKOTOSAN
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Não sou bom nem sou mau, meu bem, meu mal! Todos pecados e malícias sei. No subterrâneos vivo, vou astral. Nas carceragens defendendo a lei,
Nas madrugadas traço o carnaval. Em redondilhas, versos te farei. Mas onde atuas sempre sou boçal. Quem não conhece amor pode ser rei?
Nos nossos risos convulsão sublime. Na nossa cama procurei castigo. Amar passou a ser tortura e crime.
Meus sentimentos tensos são pecados. A dor que te deixei guardo comigo... Várias obscenas cenas rumos fados...
Me perpetuo como fora demo. Jardins que não plantei dão crisantemo. Amor que não conheço quero e temo! Marcos Loures
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Não sou ateu, porém muito ao contrário, Neste cristianismo radical, Entendo ser o Pai e o Filho, o sal Que enfrenta em placidez um adversário.
No canto engalanado de um canário, Ao acasalamento sensual, Presença da beleza divinal, Que não se esconde nunca num armário.
Na mão insaciada a clave forte, No perdão, na justiça o firme Norte O imensurável gozo de um afeto,
Fecundidade expressa na amizade, Igualitária irmã da liberdade, Cada filho, decerto é o predileto...
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Não somos nem mais sócios, mesmo bolo... Não temos nem descanso nem a valsa... Não resta nem discórdia ou desconsolo.. A vida se perdeu, quedou sem alça...
Não somos mais hermanos, pois sou tolo... A noite que brindamos foi tão falsa... Não quero essa mentira, teu consolo... A deusa dos meus sonhos vai descalça...
Não somos tempestades nem remansos, Quem fora furacão virou só brisa... Dormíamos colchões, penas de gansos..
A vida se demonstra mais precisa... Por onde começamos, sem descansos, A noite se evapora bate e alisa...
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Não solta nem sequer algum gemido, Aquele que se fez homem brioso, Por mais que o mundo seja belicoso, O tempo já faz tudo resolvido.
No passo bem mais firme e decidido Não teme o mar e o vento caprichoso. No peito o coração mais revoltoso, Já sabe nas batalhas, ser vencido.
A sorte é tantas vezes tão ingrata, A água que nos salva também mata, Sertão virando mar é tentação
O mar vira sertão são tão iguais, O tempo de viver traz temporais E o verde talvez volte – solução.
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Não sofra, minha amada; eu não parti, Apenas esperava pela noite Se sei que tenho amor demais aqui, Não me permitirei o duro açoite.
Escuto este teu canto agonizante Trazendo uma ternura tão intensa, Prometo; meu amor, d'ora em diante Jamais te deixarei. És recompensa
Que tive no final deste jornada Passando por incríveis tempestades, A vida no teu colo, mais amada, Nas lágrimas que correm, as verdades
Parecem estampadas no teu rosto, Perdoe, meu amor, pelo desgosto... Marcos Loures
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Não sobra nem o sonho, atroz morada. Das doces sensações mais valorosas, A vida que em promessa foi dourada, Salvando os seus espinhos, mata as rosas.
Não deixa na verdade sobrar nada, Senão as sombras frias, belicosas. Matando em negras nuvens a alvorada As horas se esvaindo, caprichosas.
Assim vai descartando a eternidade, Cegando a luz em plena claridade Cevando amanhecer mais torporoso
Relega à própria sorte o seu porvir Cansado de sonhar e de pedir Um dia que em promessas, luminoso. Marcos Loures
9800
Não sei melancolia nem tristeza, Cantando com os bardos sonhadores. Vivendo neste mundo uma certeza Das luas que trouxeram meus amores.
Dos pingos desta chuva que caía, As gotas orvalhadas, matinais... Amor que tanto amor já se sabia, Nas nossas bocas doces, sensuais...
Te quero cada vez mais, sempre e tanto... Envolta nessas luzes faiscantes. Trazendo, com ternura teu encanto. Nascendo dos meus braços, nos rompantes.
Eu quero ter certeza de encontrar Amor que te traduz, meu versejar...
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