
CARTA À DESILUSÃO
Data 08/01/2011 00:16:38 | Tópico: Poemas -> Desilusão
| Não te temo! Faz tempo que deixei de te temer! Mesmo quando me entras pela porta dentro Como um espinho Como uma cuspideira E me encontras sentado à lareira do desassossego Sem lágrimas para chorar o desatino De uma desilusão maior que eu!
Se abri as portas ao vento… Ele fustigou-me o rosto Com a violência de um ciclone de sofrimento feito… Se abri as janelas ao sol… Ele queimou-me a pele Com o ardor de um vulcão em erupção… Sim, estou aqui, mais uma vez só, como sempre o fui Navegando nas águas agitadas de um desespero Que a nenhum porto me conduz… Levanto a cabeça e não tenho mar…!? Houvesse alguém que entendesse a minha alma?
Se quero atravessar uma ponte, partem-se as tábuas… Se quero aninhar-me num galho de árvore, quebra-se a pernada… Neste descaminho que tem sido o meu destino Contento-me com a sorte de já não querer mais nada!
Às vezes, entre uma esperança e outra, encontro fôlego Para dar mais um passo na distância e no tempo, Então acredito que a felicidade me aguarda num jardim Sentada num banco de orvalhos e relento…
Engano-me! Simplesmente me engano! Não há fôlego! O que há são martírios e ilusões cansadas de o serem Promessas de alguma coisa que jamais se concretizará… Já lá vai o tempo em que acreditava no amor…
Faço um pacto com a solidão: Em troca de apenas uma lágrima Ela não me fere mais o coração!
antónio casado
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