
Abismo
Data 08/01/2011 19:57:26 | Tópico: Poemas
| De mim e de nós... Vício... “Entorpecente, substância que devasta.” Lança sem dó o coração... Rasga... E faz, em jorro, derramar toda a minha alegria... Sem nada, de mim, sobrar. Intacto nada, nada fica... Sangrento veio escorre, Sinto-me assim: esvaindo-me toda... Lutar não luto. Fico de luto; Alma sucumbida... O olhar no nada,buscando distraída o lugar.. Lugar incomum... Onde sei que mora a vida. ... E assim: cambaleante... Bebo todos os sabores deste vinho que não me dá prazer. De um lado para o outro, na escuridão do descontentamento... Sigo-te, persigo-te... Vício... Levas-me ao fundo do mais escuro poço. Arrastas-me contigo neste abismo e eu me perco... ... E peço socorro... Nenhuma voz, nenhum simples sinal... Meu deserto; morrestes comigo? Fiquei eu, de ti, no total desabrigo, onde vaga, vagueio... "Num soluçar perdido..." Aguço-me, aguço-te, sem resposta em completo perigo A vida fica tarde, o Sol desmaia nos ponteiros do nosso tempo... O calendário me diz que caminho e tropeço nas mortas horas de mim e de nós... Meu ópio... Droga "BENDITA" que inalo e por ela choro... Meu calvário, minha dolorosa cruz. Meu contraditório santuário, onde, só em ti, encontro perdida a paz que busco. Neste penar, inalo-te ofegante até os fragmentos que de nós sobraram... Minha fonte de ar inconfundível. Meu cálice de misto e raro sabor... Degusto... Sorves e esbanjas em teu silenciar um aroma que só sinto quando é primavera em mim... E das "orquídeas que cultivo és a mais bela" imagem que guardo nos olhos do meu silente amparo... Me desamparas... Minha capela secreta feita de pedras no deserto de mim... Rezo.... Uma oração que a natureza escuta e apenas, "cala"... Meu caminhar nas sombras ... Meus pés cravejados de espinhos doem... Como doem... GEMO... Estou cansada, sinto- me mal... INVADO A FRESTA... E pela janela da minha paz sem calma, saio a te buscar em vão... Não me dás paz... Nem abrigo... Nenhum compasso para meu perdido destino... És o naufragar onde velejo e morro... Meu inseguro porto, onde sem saber mudar os ventos não velejo... AGUARDO... Insaciada, Insana, Apática, o Sol que me queimará esta ferida... E resumirá a cinzas como um santo bálsamo este meu, de ti, vício...
(Ednar Andrade).
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