Haraquiri

Data 10/01/2011 22:58:10 | Tópico: Sonetos

Dulcíssima prisão ou vil castigo?
Não sei dizer ao certo. Eu lhe juro.
De vez em quando, claro. Outra, escuro;
Impávido relento, cálido abrigo.

Perfeita emoção, razão insana.
Grilhão que me tortura, mão que carinha
Por hora, leve, solta, comezinha,
Por outra, colossal e sobre-humana.

O tênue fio onde se caminha;
O divisor de águas, ínfimo muro
Por onde, andar ligeiro, aprendi.

No fruto cobiçado dessa vinha
Encontro o veneno ou me curo.
Insano e imperfeito haraquiri.


Frederico Salvo


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=169966