POEMA DA NOITE VAZIA

Data 06/02/2011 04:20:53 | Tópico: Poemas -> Introspecção

Depois de algum tempo
pensando o poema,
queda, a um suspiro,
inerte, a caneta -
leve instrumento
que a mão do poeta
mal soube tocar...

Noite asfixiante.
A saúde precária.
A casa deserta.
À janela, entreaberta,
nuvens espessas
cobrindo o luar.

Exausto, cerro a cortina.
Dispo-me, agora, me deito.
Não quero, esta noite,
nem ler, nem rezar.

Sou - tal me sinto - um ser ectoplásmico -
vulto sem cor, crença ou pátria,
duplo etéreo, extemporâneo,
de um homem que se desconhece
e deixa a vida o levar.

Um outro e melhor poema
não me daria esta noite
com suas nuvens espessas
a recobrir o luar...
(Do livro "Estado de Espírito", de Sersank)



Imagem:

O poeta Mario Quintana em seu quarto no Hotel Majestik
(hoje Casa de Cultura Mario Quintana - PA)



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