NADA MAIS NÍTIDO DO QUE O VAZIO. NADA...

Data 07/02/2011 00:05:34 | Tópico: Poemas

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NADA MAIS NÍTIDO DO QUE O VAZIO. NADA...


Nada mais nítido do que o vazio
Nada...

Nada mais translúcido
Do que o elemento ácido
A corroer a pilastra do aço
(Aço, matéria motriz de todas as guerras)

Sangra, baço, pelas artérias do Paço
Ultrapassa o olhar sobre a rua
Com seus carros imbecis
Que o trespassam
Que se equivalem

Dia após dia
Racham o estuque dos tetos
Ao tremerem o asfalto
Sob seus pneus e buzinas

Ninguém percebe
Que é o movimento inútil
Do vai e vem dos corpos
Que convulsiona a eles próprios

E o teto, como as pernas
[Que vão e voltam (ou não)],
Cairá sobre nossas caveiras quase-pó
No transitar d’um derradeiro auto
Que pés jovens e renascidos,
Nas avenidas, acelerarão





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