
AMOR SEM FIM
Data 17/03/2011 11:57:27 | Tópico: Sonetos
| Há tanto que meu tempo se perdera Levado pelos erros de um passado Nos ermos da esperança maltratado Deixando para trás pavio e cera,
O tempo que deveras se envolvera Nas tramas de outro sonho revelado E o vento se mostrasse noutro lado Enquanto este vazio se tecera,
Mal pude suportar a solitária Presença desta luta temerária Em cada curva nova barricada,
Anseio pelos passos que não vêm E quando me percebo sem ninguém A vida se desenha em quase nada.
Não pude e não tivera qualquer chance O tanto que se esvai a cada instante Somente este vazio ora garante O nada quando o sonho ao vão se lance,
E vejo sempre fora deste alcance O sonho mais feliz e deslumbrante E nada do que possa me adiante O prazo aonde o nada ora me lance,
Resulto de um tormento e esvaecer É como no final sobreviver Ousando tão somente em tal crepúsculo,
A sorte se anuncia de tal forma Que cada passo em vão que me deforma Aumenta do sofrer o imenso músculo.
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Jargões que ultrapassasse noutra rota, A luta se apresenta e se batalho Apenas procurando algum atalho Deveras adivinho esta derrota,
A sorte no passado ora denota Um rumo sem saber decerto falho, E sei do quanto viva e me atrapalho Com toda esta ilusão além da cota,
Vestindo a fantasia de quem sonha, A face da verdade eu sei medonha E o tanto que me entregue nada diz,
Somente o meu anseio se perdendo Aonde se aproxima e me envolvendo Expressa tão somente a cicatriz.
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De que me adianta crer no dia Que nunca mais viria e com certeza Jogado sobre as tramas desta mesa Apenas noutro tom entranharia
A incerta sedução que poderia Tramar apenas luta e da franqueza A vida se aproxima e a correnteza Expressa esta verdade mais sombria,
Não tento acreditar noutro cenário E sei do dia amargo e temerário E nele itinerários mais diversos,
Tentando apaziguar o quanto em guerra Fortuna de tal forma agora encerra Matando com firmeza velhos versos.
Não mais se aproximasse qualquer luz De quem ora perdendo o velho rumo Ainda quando muito o que ora assumo Resume este vazio em contraluz,
Somente o já não ser ora conduz O passo sem certeza e se eu resumo O mundo noutro tanto e me consumo Apresentando a queda bebo a cruz.
Premeditando a sorte mais atroz Já nada mais contendo a velha voz Alvoroçado instante nega o quanto
A vida sempre fora de tal forma Pousando aonde o nada me transforma E apenas o final em dor garanto.
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Negar qualquer alento e crer apenas Nas tramas mais doridas que se vêm, Sabendo que em verdade sou ninguém Enquanto com firmeza me condenas,
As tramas onde tanto vejo cenas Diversas e no fim nada convém Somente a mesma face em tal desdém Marcando com terror angústias plenas,
Restauro do passado vez em quando Momento aonde tudo transformando Pudesse pelo menos me trazer
Depois da tempestade uma alegria E sei quanto no fim não poderia O meu anseio vago ora perder.
Negar o que viera em noites tais Aonde com brumosos tons eu vejo A sombra mais atroz de algum desejo E nele outros anseios sempre iguais,
Restando dentro da alma os funerais E deles o caminho onde prevejo O tanto que pudera e neste ensejo Expressam sonhos calmos, magistrais.
Cansado de lutar inutilmente O fim que na verdade se pressente Apresentando mais que solução
Expressaria ao fim esta verdade E nela cada corte que me invade Causasse sem temor, transformação.
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Fazer do verso quase um desabafo, Analisando erráticos caminhos Saber das minhas pedras, velhos ninhos, Os ermos de minha alma eu não abafo,
E tanto quanto possa simplesmente Viver cada momento como fora A sorte mais audaz, transformadora Tornando mais aberta a minha mente,
Porém o que se vê não mais anima E vejo sem certeza a minha estima Jogada pelos ermos desta estrada
Depois de tanto tempo sem descanso Agora no final o que inda alcanço Tramando no vazio dita o nada.
Restauro dos meus prédios da esperança Portais que o próprio tempo destruíra Nas ânsias mais audazes em mentira O passo sem proveito ora se lança
E tento acreditar que em tal pujança A vida noutra senda permitira Somente o que se errando em tom e mira Já não trouxesse mais a confiança
Traçando no vazio outro cenário O verso se mostrara necessário, Mas nada do que eu vejo traduzisse,
O tempo sem sentido e noutro engodo O passo se assumindo em medo e lodo, Amor já não seria uma crendice?
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Vestígios de litígios sem igual, O verso se desenha sem cadência A vida se moldando em ingerência Permita o quanto possa em ritual,
Navego este caminho em passo tal Ainda que se veja em coincidência A luta se mostrara em penitência E o verso não seria a pá de cal
E nego qualquer brilho ou mesmo sonho E quando no final nada componho Enfrento os meus anseios sem saber
Do quanto poderia e nada fiz, Somente o meu anseio, este infeliz, Transcende ao que pudera o bem querer.
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Acreditar até que se consiga Vencer a mais atroz adversidade E conhecer assim felicidade Depois do quanto a vida desabriga,
Não tento imaginar, a face antiga Que tanto na verdade nos degrade E busco mesmo a falsa claridade Tentando imaginar imensa viga,
Batalho contra as tramas desta sorte E sei que no final nada comporte O velho coração aventureiro,
E bêbado de sono adentro o fim Gerado pelo ocaso dentro em mim E mato meu jardim, o meu canteiro.
Negar qualquer momento aonde possa Ainda acreditar no que não veio E tento imaginar num ledo anseio A sorte desvendada além da fossa,
E nisto o quanto creio e nos apossa Marcando com terror e devaneio O vasto caminhar em mundo alheio Ao que pudera ser em luta nossa,
Vestíbulos dos sonhos, da esperança Os ermos de minha alma nada vêm Somente a mesma face de um desdém
Funâmbulo aprendiz que tenta e avança A queda se anuncia a qualquer erro E sei que me condeno ao vão desterro.
Negar o que viesse em tom sublime E mesmo acreditar insanamente Nos erros costumeiros de quem mente E sabe que afinal nada o redime,
Vivendo a sensação do quanto estime Vagar pelas tormentas e demente Seguir o quanto possa; inconsequente Sem prazo que deveras nunca oprime,
Vacante coração em tom atroz E ninguém saberia minha voz Imerso nos vazios da esperança
E quando noutro caos a vida traça Além do sonho feito em tal fumaça A vida sem sentido algum avança.
No tanto que se fez e não viera Sondando alguma luz que nos guiasse Vivendo da esperança este repasse E nele toda a sorte mais austera,
Apresentar tocaia sendo a fera E noutro caminhar nada moldasse Senão a mesma dor em nova face Ou mesmo o que decerto desespera.
Abraço o meu cadáver e procuro Apenas no que possa sempre escuro Vagando qual fantoche sem destino,
E quando me anuncias outro engano, A vida modifica o velho plano E sem sentido algum eu me alucino.
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Não pude e talvez seja de tal forma A vida de quem busca tão somente Ousar acreditar em grão, semente Vagando sem saber o que transforma,
A senda mais audaz nada me informa E sei do quanto mesmo ora se tente Vencer outro momento impertinente Nas tramas onde a luta nos deforma,
Das traças que carrego dentro em mim Apenas anuncio o ledo fim E vivo sem sentido e sem razão,
Os dias em idéias mais diversas Gestando na verdade aonde versas Marcando com temor tal dimensão.
Negar o que inda venha após a sorte Dispersa de quem tenta acreditar Nos ermos deste mundo a se moldar E nisto todo o passo não comporte
O vento que anuncie novo aporte Do sonho aonde pude me encontrar E sei da imensidão deste luar Vivendo de tal forma o que conforte,
Restauro com firmeza o dia a dia E tento aonde o tanto poderia Marcar com sincronia cada passo,
Depois do meu anseio mais suave, O tanto que pudera agora entrave E mesmo assim futuro na alma eu traço.
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No pranto consumido após o medo Esbarro nos enganos de quem clama Ousando acreditar no velho drama Enquanto este vazio a ti concedo,
Jamais me caberia outro segredo O marco desenhado em velha trama O manto já puído a velha rama Matando sem querer este arvoredo,
Presumo dos meus erros o fatídico Momento aonde o caos que sei ofídico Apenas na tocaia me esperando
E o verso sem saber desta aversão Adentra os dias tolos que virão, Acreditando em passo calmo e brando.
No tanto que se fez ou mais queria, A lenta e mais diversa mutação Gerando no final a imensidão Do mundo sem ternura onde se esgueira
A sorte mais atroz e derradeira, Os dias entre enganos me trarão Apenas do vazio a solução E noutra luta vejo a corredeira
Perdendo a direção do que se visse Ainda superando tal mesmice Restando tão somente o que não fiz,
O verso sem proveito e sem o brilho Ditame sem ternura aonde eu trilho E tento imprevidente ser feliz.
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No canto sem saber de qualquer fato Que possa me trazer algum alento Ainda quando o sonho audaz eu tento Apenas o vazio ora constato,
Resumo o que deveras mal retrato Nos templos onde morto o pensamento Somente o desespero eu alimento E bebo este não ser que ora resgato.
Um vivo caminheiro poderia Apenas perceber na noite fria A lúbrica vontade em sexo e gozo,
Mas tendo este momento caprichoso Do tanto que deveras se queria Cultiva inutilmente a fantasia.
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Melancolia é pouco e na verdade O fato se resume em solidão Vivendo com certeza a negação Desvio da ilusão que ora me invade,
E tanto quanto possa busque e brade Ousando acreditar na dimensão Diversa dos momentos que trarão Ausência mais completa em liberdade.
No prazo onde estipulo o fim de tudo O canto sem igual onde me iludo Invade o dia a dia e traça a sorte,
Sem ter sequer um canto aonde beba O brilho que deveras se conceba Encontro o quanto possa e me conforte.
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A vida se desenha de tal forma Que nada quanto quero se desenha E vendo a solidão e nela tenha Apenas o caminho, dura norma,
O passo no vazio se transforma E vendo o delirar em torpe senha O quanto do passado me convenha Nem mesmo uma ilusão dita a reforma
E sinto o quanto resta disto tudo E tendo o meu anseio onde me iludo Transcorro contra o vento e nada faço,
Meu verso meu encanto sem promessa O tempo sem proveito recomeça E o todo perde aos poucos cada espaço.
Os dias que assinalo com meus erros E neles outros tais se repetindo Ousando acreditar no tempo findo Jogado sem sentido em tais desterros
Os olhos procurando além dos cerros O dia que pudesse ser mais lindo E vejo o temporal da alma caindo E sigo sem saber os meus enterros,
Não pude e não tentara novo rumo E quando no final eu me resumo Somente neste anseio sem descanso,
Aonde se vislumbre qualquer cais Adentro os erros torpes e fatais, E noutro delirar sempre me lanço.
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A via que se fez acidental Depois de tantas curvas e tormentas, E quando no final tanto me enfrentas Sabendo do tormento ritual,
O verso que se quis consensual Apenas com delírios desalentas E marcas com as garras mais sangrentas O tempo noutro anseio desigual,
Insânia dominando a nossa vida E sei do quanto possa em despedida Arcando com meus erros costumeiros,
E mesmo que se trace novo passo Aonde o meu anseio descompasso Matando sem cuidados tais canteiros.
Navego pelos erros do passado E vejo tão somente o que se faz E nisto o meu caminho ora mordaz Expressa outro momento desolado,
E busco acreditar, ou enganado Vencido pelo encanto contumaz De quem se disfarçando, Satanás Caminha o tempo inteiro lado a lado,
Ousado delirar em noite escusa, O vento que deveras entrecruza Arcando com enganos mais sutis,
E sendo de tal forma o meu momento Ainda quando em luzes me alimento Tentara acreditar no que não fiz.
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Passando pelos cais aonde um dia O verso enveredasse sem descanso O olhar que desejara ser mais manso Agora noutro tom demonstraria,
A noite inesperada e mais sombria O tempo enquanto além ainda avanço E tento caminhar e nada alcanço Somente o que se fez em fantasia,
A luta não cessara e desta lenda Amor velha contenda não desvenda Sequer a menor sombra de esperança
E tanto se mostrara inconsequente Meu mundo aonde o todo que se tente No nada sem sentido ora me lança.
As guerras são diversas e o perigo A cada nova esquina se adivinha E sei do quanto a sorte é mais daninha Embora rumo claro; ouso e persigo,
Ainda que buscasse algum amigo A luta do final não se avizinha E sinto quanto a dor ora adivinha O prazo desenhado em desabrigo,
O vento inusitado nos tocando E sinto o desenhar em fogo brando Do medo contumaz e sem respaldo,
E quando no final em vão me escaldo O verso se anuncia em louca chama E o tanto que se quer volve e reclama.
A força desumana da saudade Não deixa que se veja apenas mais Que meros e diversos temporais E nisto o dia a dia nos degrade,
O verso se anuncia e na verdade Ousando acreditar em desiguais Anseios que pudessem, pois mortais Traçar qualquer anseio além da grade,
No vandalismo traço o meu cenário E bebo deste sonho solitário Após acreditar no que viria
Tentando apascentar o quanto resta Da sorte mais atroz, mesmo funesta Matando o quanto sobra em agonia.
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Edificar um sonho e acreditar No quanto a vida trame ou mesmo traga Depois de desenhada a velha plaga E nela permaneço sem lugar,
O verso se tentando desvendar O quanto do momento não me afaga E vejo a sensação da sorte maga Ousando noutra luta caminhar,
Não posso e nem tentara novo dia E sei da minha voz em rebeldia Traçando sem temor cada detalhe
E vejo muito bem o que me sobra, A luta se desenha em cada dobra E nisto outro momento me retalhe.
Procuro inutilmente reino afora Um dia mais feliz e iridescente Aonde este sombrio se apresente Apenas o grisalho nos decora,
O resto quando muito em vão se aflora E marca com terror o quanto sente E nada do cenário que envolvente O coração quisera sem demora,
Restando muito pouco ou quase nada A luta sem sentido desvendada Marcada por temores mais sutis,
E quando imaginasse alguma luz Apenas o que possa e reproduz O sonho sem tal brilho contradiz.
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Das gloriosas noites do passado Sequer a menor sombra, mas procuro Ainda quando o tempo é mais escuro O sonho noutro encanto iluminado,
Olhando para os erros vou ao lado Do tanto que se quer e salto o muro Depositando a luz onde perduro Tentando reviver o destroçado
Anseio de quem fora e não tivera Senão a mesma angústia em tal espera E sabe do prazer que se veria,
Após a noite insana em luz e brilho E quando no vazio agora eu trilho A sorte noutro ocaso mata o dia.
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Dilata-se esperança enquanto o verso Ousasse mais um pouco ou mesmo assim Pousando dentro da alma vejo em mim Caminho com certeza mais diverso,
Mudando outro cenário onde disperso Meu tanto acreditando ter enfim O tempo sem ter tempo e sei que ao fim O mundo não seria este universo,
Dicotomias vejo e busco além Do tanto quanto a vida sempre tem Marcando com ternura o que se fez,
Depositando o sonho em cada esquina A sorte no final já termina Apenas a total insensatez.
Presumo qualquer sonho e nada veio Apresentar a peça aonde eu possa Trazer esta esperança outrora nossa E nela ser talvez um tanto alheio,
Vestindo o quanto tente e se receio Meu verso no vazio ora se endossa E vejo ultrapassando a velha fossa A fonte do completo devaneio,
Angustiadamente tento agora O canto que deveras quando aflora Expresse muito mais que mero sonho,
E quantas vezes pude em tal rudeza Beber a luta amarga em incerteza E o tanto quanto resta decomponho.
Melancolia em forma de ilusão O tempo renegasse algum espaço E quando na verdade o quanto traço No fim não causa mais a comoção
De quem se desejasse desde então Vencendo este cenário mesmo lasso Depois do que pudera noutro laço Trazer os dias calmos que virão,
Versando sobre o nada aonde escondo Meu mundo sem saber ou não repondo As perdas tão sutis; e quem se fez
Agora após o nada noutro ocaso E sei do quanto possa e se me atraso A luta perde cedo a sensatez.
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Já não soubera mais a dimensão Dos meus tormentos soltos pela vida E a luta que pudera desprovida Da luz em mais diversa direção
Apresentando o caos e deste vão A morte noutro passo decidida Enquanto a solidão invade e acida Os ermos se refletem desde então,
Marcando com meu sonho o fim do jogo E nada do que possa mesmo em rogo Incautamente trague novo brilho,
Aonde se perdera meu caminho, Eu sigo e sei do mundo mais daninho E nele sem defesa alguma eu trilho.
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Já não comportaria uma mentira Aonde tantas vezes foste não, E o peso do passado em solidão Apenas cada sonho ora retira,
E mesmo que se tente em nova mira A luta se aproxima em dimensão Maior que imaginara na amplidão E nela cada engodo ora interfira,
Não posso permitir qualquer desvio E mesmo quando venha o desafio Em desvario atroz nada se veja,
Somente o que decerto ora não seja Resquício de um alento sem temor Marcando com angústia insano amor.
Rescaldos dos escombros da esperança Não trazem mais sequer uma estrutura Do quanto se buscara ou se procura Ausente do caminho nada avança,
O marco desenhando em temperança Ousando até fugir desta Escritura O prazo no final só me tortura E o manto se desenha sem pujança.
Não pude acreditar em luz e glória Aonde no final, torpe memória A sorte sem tal brilho não teria
Sequer o quanto possa ter no olhar E neste mais diverso caminhar A luta se transforma em tez sombria.
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Refaço o que puder, mas sou escória E quando se escoria a liberdade O passo noutro espaço se degrade E nada redimisse a velha história
Ousando acreditar na luta inglória E neste caminhar tanto se evade A senda mais atroz, felicidade Jogada nalgum canto da memória,
Incauto passageiro da ilusão Os erros se repetem desde então E o vício em precipício se transforma
No prazo sem acordo, acordo só E volto ao mesmo instante feito em pó Traçando no vazio a leda forma.
Não pude e nem tivera a menor chance De crer no que pudera ter no olhar, Ainda quando possa demonstrar A vida sem sentido nada alcance,
Olhando para trás vejo em nuance O mundo a se perder ou se podar A lenta caminhada a divagar Deveras ao vazio ora me lance,
Não tento perceber qual a razão Os erros em tamanha dimensão Negando o quanto tenha dentro da alma,
A luta se desvenda após o lodo E cada vez que vejo o velho engodo Nem mesmo uma ilusão além me acalma.
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Não tendo outro momento senão isto E sei do que falasse sem temor Expresso com ternura o desamor E sinto quanto possa e já desisto,
Aonde na verdade ora consisto No farto desvendar em medo e dor, A vida não traduz o sonhador Na pérfida ilusão e não resisto,
Emirjo do que fora no passado E volto a me encontrar tão desolado Ao lado do que eu quis e nada vinha,
Apresentar o caos e ser assim Principiando agora o que no fim, Demonstre esta verdade atroz, mas minha.
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No pântano das almas sem segredos E os ventos consonantes do passado, O templo há tanto tempo desabado Os dias entre vagos desenredos,
E nada do que possa em ermos ledos Ou mesmo o meu anseio degradado, E sobre a mesa rola cada dado Em noites que conduzem erros, medos,
Pressinto o fim do jogo e sei do quanto Ainda sem sentido desencanto E bebo em sortilégio este cenário,
E nele me inundando do vazio Apenas o que possa não recrio E sigo mesmo em rumo solitário.
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Fazer do meu caminho outro momento E nada se desfila sob olhar De quem pudesse mesmo imaginar Outro cenário em paz, e bem que tento,
Vestindo o quanto possa em elemento Diverso do que pude acreditar O tempo se perdendo sem lugar A solidão expressa o forte vento
E quanto mais o sonho enfim eu veto O tanto desejado e predileto Agora sem afeto se perdendo,
Meu mundo noutro engodo se anuncia E deixa para trás a fantasia E o tanto que se quis vira remendo.
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Apenas o que possa em vã matéria A luta não anseia qualquer paz E sei do que deveras sempre traz Não deixa para trás sequer a féria
E vejo a solidão em tal miséria Sem nada que se mostre mais capaz De ter onde o meu mundo seja audaz, E no final a luta é bem mais séria,
Revejo cada passo e bebo a sorte, Depois do que pudera e não suporte Sequer o quanto houvera de esperança
Jogado sobre os ermos de outro engano E quando no final se me profano Apenas o vazio enfim me alcança.
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Porosa noite encharca em sonho e medo Não pude apresentar após a espreita Sequer o quanto toque e se deleita Quem sabe do caminho onde concedo,
Vislumbro o meu anseio e desde cedo O manto se reduz e nada aceita Somente a solidão, dura maleita E nela qualquer tom muda o segredo,
Ansiosamente vivo em tal fastio E sigo o quanto possa em desvario E desafio mesmo o que viria,
Não tento acreditar em multiforme Caminho sendo o trauma agora enorme Deixando tão somente esta agonia.
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Perfumes do Oriente, sonhos tais Ainda que se vejam no passado Os termos deste canto inusitado Pousando noutros ermos desiguais,
E quando poderiam ser cristais Os dias num caminho desolado O tanto se apresenta e sigo ao lado Do enredo que deveras demonstrais,
Não pude e nem decerto inda teria Nas mãos a marca alegre em fantasia Do verso sem temor ou mesmo além
Do quanto se presume noutro engano E mesmo quando fora soberano Apenas o vazio agora vem.
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Reclino-me e te vejo noutro canto Deixando como rastro o teu olhar E nele me sentindo a navegar Esbarro no que possa em raro encanto,
Ainda quando muito não garanto Sequer o que tentasse abençoar O amor quando demais a se entregar, Exagerando o sonho, traça o pranto,
Não tendo qualquer luz ou mesmo chance Apenas o vazio ora se alcance E avance pela noite sem ter cais,
Do quanto poderia e nada houvera Somente a solidão vaga quimera E nela outros momentos sempre iguais.
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Guardando esta esperança num armário Jogando fora as chaves tento crer No quanto poderia perceber Se ainda fosse mesmo necessário,
A sorte traduzindo em inventário O risco de talvez amanhecer E mesmo noutro engano esmorecer Marcando o meu caminho solitário,
Expresso o que confesso não soubera E sei da solidão diversa fera Ausento dos teus braços, infeliz,
E o canto sem proveito e dimensão Diversa da que houvera desde então Não traz e mesmo em dor tanto desdiz.
Desertos que carrego em meu caminho E vejo nesta estrada a queda e o fim, Ainda que vivesse mesmo assim O tempo se mostrara mais daninho,
Rosal se anunciando em pleno espinho E o quanto desvendasse em tal jardim Matando o que inda vivo existe em mim, O tanto se desenha mais mesquinho.
E bebo em goles fartos a esperança Jogado sobre o fim onde se lança A sorte sem proveito em tempestade,
Do quanto em cada canto quis bem mais O mundo em ritos tétricos, banais E o todo noutro rumo ora se evade.
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Não pude e não tivera esta intenção De acreditar no quanto a vida traça E sei do que se faz mera fumaça E nisto outros momentos saberão
Ousar e mesmo até na dimensão Diversa da que tanto ora desgraça Jogando sobre os ermos desta praça A luta sem saber da precisão,
Enforco os meus demônios? Nada disto, Apenas ao meu fim agora assisto E vejo na platéia esta esperança
Que sutilmente invade e me abandona E no final se faz tal qual a dona Que ao nada sem proveito ora se lança.
Um tempo mais diverso poderia Depois de tantos dias solitários Os olhos entre tons mais solidários E nada se traduz em harmonia,
O vento se transforma e da sombria Verdade meus anseios temerários Ou noutro caminhar itinerários Diversos do que tanto rondem dia.
O barco naufragado e o vento traz Apenas a verdade que mordaz Amordaçando o passo ora me impede
De crer e perceber após o sonho Somente o quanto quero e não componho Enquanto o meu caminho nada cede.
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Enquanto me disperso do que fui O canto em discordância não trouxera Sequer o que deveras já se espera E o marco do passado não influi
O verso solitário quando rui Castelo da ilusão leda quimera, Deixando para trás a mesma fera E nela o que se mostra não me inclui.
O tempo se desvenda noutro rumo E quando sem saber enfim assumo Os erros costumeiros; mesmo assim,
O verso se anuncia sem segredo E tanto quanto possa em vão concedo Ousando acreditar no amor sem fim.
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