Sonetos : 

AMOR SEM FIM

 
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Há tanto que meu tempo se perdera
Levado pelos erros de um passado
Nos ermos da esperança maltratado
Deixando para trás pavio e cera,

O tempo que deveras se envolvera
Nas tramas de outro sonho revelado
E o vento se mostrasse noutro lado
Enquanto este vazio se tecera,

Mal pude suportar a solitária
Presença desta luta temerária
Em cada curva nova barricada,

Anseio pelos passos que não vêm
E quando me percebo sem ninguém
A vida se desenha em quase nada.


Não pude e não tivera qualquer chance
O tanto que se esvai a cada instante
Somente este vazio ora garante
O nada quando o sonho ao vão se lance,

E vejo sempre fora deste alcance
O sonho mais feliz e deslumbrante
E nada do que possa me adiante
O prazo aonde o nada ora me lance,

Resulto de um tormento e esvaecer
É como no final sobreviver
Ousando tão somente em tal crepúsculo,

A sorte se anuncia de tal forma
Que cada passo em vão que me deforma
Aumenta do sofrer o imenso músculo.

3

Jargões que ultrapassasse noutra rota,
A luta se apresenta e se batalho
Apenas procurando algum atalho
Deveras adivinho esta derrota,

A sorte no passado ora denota
Um rumo sem saber decerto falho,
E sei do quanto viva e me atrapalho
Com toda esta ilusão além da cota,

Vestindo a fantasia de quem sonha,
A face da verdade eu sei medonha
E o tanto que me entregue nada diz,

Somente o meu anseio se perdendo
Aonde se aproxima e me envolvendo
Expressa tão somente a cicatriz.

4

De que me adianta crer no dia
Que nunca mais viria e com certeza
Jogado sobre as tramas desta mesa
Apenas noutro tom entranharia

A incerta sedução que poderia
Tramar apenas luta e da franqueza
A vida se aproxima e a correnteza
Expressa esta verdade mais sombria,

Não tento acreditar noutro cenário
E sei do dia amargo e temerário
E nele itinerários mais diversos,

Tentando apaziguar o quanto em guerra
Fortuna de tal forma agora encerra
Matando com firmeza velhos versos.

Não mais se aproximasse qualquer luz
De quem ora perdendo o velho rumo
Ainda quando muito o que ora assumo
Resume este vazio em contraluz,

Somente o já não ser ora conduz
O passo sem certeza e se eu resumo
O mundo noutro tanto e me consumo
Apresentando a queda bebo a cruz.

Premeditando a sorte mais atroz
Já nada mais contendo a velha voz
Alvoroçado instante nega o quanto

A vida sempre fora de tal forma
Pousando aonde o nada me transforma
E apenas o final em dor garanto.

6

Negar qualquer alento e crer apenas
Nas tramas mais doridas que se vêm,
Sabendo que em verdade sou ninguém
Enquanto com firmeza me condenas,

As tramas onde tanto vejo cenas
Diversas e no fim nada convém
Somente a mesma face em tal desdém
Marcando com terror angústias plenas,

Restauro do passado vez em quando
Momento aonde tudo transformando
Pudesse pelo menos me trazer

Depois da tempestade uma alegria
E sei quanto no fim não poderia
O meu anseio vago ora perder.

Negar o que viera em noites tais
Aonde com brumosos tons eu vejo
A sombra mais atroz de algum desejo
E nele outros anseios sempre iguais,

Restando dentro da alma os funerais
E deles o caminho onde prevejo
O tanto que pudera e neste ensejo
Expressam sonhos calmos, magistrais.

Cansado de lutar inutilmente
O fim que na verdade se pressente
Apresentando mais que solução

Expressaria ao fim esta verdade
E nela cada corte que me invade
Causasse sem temor, transformação.

8


Fazer do verso quase um desabafo,
Analisando erráticos caminhos
Saber das minhas pedras, velhos ninhos,
Os ermos de minha alma eu não abafo,

E tanto quanto possa simplesmente
Viver cada momento como fora
A sorte mais audaz, transformadora
Tornando mais aberta a minha mente,

Porém o que se vê não mais anima
E vejo sem certeza a minha estima
Jogada pelos ermos desta estrada

Depois de tanto tempo sem descanso
Agora no final o que inda alcanço
Tramando no vazio dita o nada.


Restauro dos meus prédios da esperança
Portais que o próprio tempo destruíra
Nas ânsias mais audazes em mentira
O passo sem proveito ora se lança

E tento acreditar que em tal pujança
A vida noutra senda permitira
Somente o que se errando em tom e mira
Já não trouxesse mais a confiança

Traçando no vazio outro cenário
O verso se mostrara necessário,
Mas nada do que eu vejo traduzisse,

O tempo sem sentido e noutro engodo
O passo se assumindo em medo e lodo,
Amor já não seria uma crendice?

10

Vestígios de litígios sem igual,
O verso se desenha sem cadência
A vida se moldando em ingerência
Permita o quanto possa em ritual,

Navego este caminho em passo tal
Ainda que se veja em coincidência
A luta se mostrara em penitência
E o verso não seria a pá de cal

E nego qualquer brilho ou mesmo sonho
E quando no final nada componho
Enfrento os meus anseios sem saber

Do quanto poderia e nada fiz,
Somente o meu anseio, este infeliz,
Transcende ao que pudera o bem querer.


11

Acreditar até que se consiga
Vencer a mais atroz adversidade
E conhecer assim felicidade
Depois do quanto a vida desabriga,

Não tento imaginar, a face antiga
Que tanto na verdade nos degrade
E busco mesmo a falsa claridade
Tentando imaginar imensa viga,

Batalho contra as tramas desta sorte
E sei que no final nada comporte
O velho coração aventureiro,

E bêbado de sono adentro o fim
Gerado pelo ocaso dentro em mim
E mato meu jardim, o meu canteiro.

Negar qualquer momento aonde possa
Ainda acreditar no que não veio
E tento imaginar num ledo anseio
A sorte desvendada além da fossa,

E nisto o quanto creio e nos apossa
Marcando com terror e devaneio
O vasto caminhar em mundo alheio
Ao que pudera ser em luta nossa,

Vestíbulos dos sonhos, da esperança
Os ermos de minha alma nada vêm
Somente a mesma face de um desdém

Funâmbulo aprendiz que tenta e avança
A queda se anuncia a qualquer erro
E sei que me condeno ao vão desterro.


Negar o que viesse em tom sublime
E mesmo acreditar insanamente
Nos erros costumeiros de quem mente
E sabe que afinal nada o redime,

Vivendo a sensação do quanto estime
Vagar pelas tormentas e demente
Seguir o quanto possa; inconsequente
Sem prazo que deveras nunca oprime,

Vacante coração em tom atroz
E ninguém saberia minha voz
Imerso nos vazios da esperança

E quando noutro caos a vida traça
Além do sonho feito em tal fumaça
A vida sem sentido algum avança.

No tanto que se fez e não viera
Sondando alguma luz que nos guiasse
Vivendo da esperança este repasse
E nele toda a sorte mais austera,

Apresentar tocaia sendo a fera
E noutro caminhar nada moldasse
Senão a mesma dor em nova face
Ou mesmo o que decerto desespera.

Abraço o meu cadáver e procuro
Apenas no que possa sempre escuro
Vagando qual fantoche sem destino,

E quando me anuncias outro engano,
A vida modifica o velho plano
E sem sentido algum eu me alucino.

15

Não pude e talvez seja de tal forma
A vida de quem busca tão somente
Ousar acreditar em grão, semente
Vagando sem saber o que transforma,

A senda mais audaz nada me informa
E sei do quanto mesmo ora se tente
Vencer outro momento impertinente
Nas tramas onde a luta nos deforma,

Das traças que carrego dentro em mim
Apenas anuncio o ledo fim
E vivo sem sentido e sem razão,

Os dias em idéias mais diversas
Gestando na verdade aonde versas
Marcando com temor tal dimensão.


Negar o que inda venha após a sorte
Dispersa de quem tenta acreditar
Nos ermos deste mundo a se moldar
E nisto todo o passo não comporte

O vento que anuncie novo aporte
Do sonho aonde pude me encontrar
E sei da imensidão deste luar
Vivendo de tal forma o que conforte,

Restauro com firmeza o dia a dia
E tento aonde o tanto poderia
Marcar com sincronia cada passo,

Depois do meu anseio mais suave,
O tanto que pudera agora entrave
E mesmo assim futuro na alma eu traço.

17

No pranto consumido após o medo
Esbarro nos enganos de quem clama
Ousando acreditar no velho drama
Enquanto este vazio a ti concedo,

Jamais me caberia outro segredo
O marco desenhado em velha trama
O manto já puído a velha rama
Matando sem querer este arvoredo,

Presumo dos meus erros o fatídico
Momento aonde o caos que sei ofídico
Apenas na tocaia me esperando

E o verso sem saber desta aversão
Adentra os dias tolos que virão,
Acreditando em passo calmo e brando.


No tanto que se fez ou mais queria,
A lenta e mais diversa mutação
Gerando no final a imensidão
Do mundo sem ternura onde se esgueira

A sorte mais atroz e derradeira,
Os dias entre enganos me trarão
Apenas do vazio a solução
E noutra luta vejo a corredeira

Perdendo a direção do que se visse
Ainda superando tal mesmice
Restando tão somente o que não fiz,

O verso sem proveito e sem o brilho
Ditame sem ternura aonde eu trilho
E tento imprevidente ser feliz.

19


No canto sem saber de qualquer fato
Que possa me trazer algum alento
Ainda quando o sonho audaz eu tento
Apenas o vazio ora constato,

Resumo o que deveras mal retrato
Nos templos onde morto o pensamento
Somente o desespero eu alimento
E bebo este não ser que ora resgato.

Um vivo caminheiro poderia
Apenas perceber na noite fria
A lúbrica vontade em sexo e gozo,

Mas tendo este momento caprichoso
Do tanto que deveras se queria
Cultiva inutilmente a fantasia.

20


Melancolia é pouco e na verdade
O fato se resume em solidão
Vivendo com certeza a negação
Desvio da ilusão que ora me invade,

E tanto quanto possa busque e brade
Ousando acreditar na dimensão
Diversa dos momentos que trarão
Ausência mais completa em liberdade.

No prazo onde estipulo o fim de tudo
O canto sem igual onde me iludo
Invade o dia a dia e traça a sorte,

Sem ter sequer um canto aonde beba
O brilho que deveras se conceba
Encontro o quanto possa e me conforte.


21

A vida se desenha de tal forma
Que nada quanto quero se desenha
E vendo a solidão e nela tenha
Apenas o caminho, dura norma,

O passo no vazio se transforma
E vendo o delirar em torpe senha
O quanto do passado me convenha
Nem mesmo uma ilusão dita a reforma

E sinto o quanto resta disto tudo
E tendo o meu anseio onde me iludo
Transcorro contra o vento e nada faço,

Meu verso meu encanto sem promessa
O tempo sem proveito recomeça
E o todo perde aos poucos cada espaço.


Os dias que assinalo com meus erros
E neles outros tais se repetindo
Ousando acreditar no tempo findo
Jogado sem sentido em tais desterros

Os olhos procurando além dos cerros
O dia que pudesse ser mais lindo
E vejo o temporal da alma caindo
E sigo sem saber os meus enterros,

Não pude e não tentara novo rumo
E quando no final eu me resumo
Somente neste anseio sem descanso,

Aonde se vislumbre qualquer cais
Adentro os erros torpes e fatais,
E noutro delirar sempre me lanço.

23


A via que se fez acidental
Depois de tantas curvas e tormentas,
E quando no final tanto me enfrentas
Sabendo do tormento ritual,

O verso que se quis consensual
Apenas com delírios desalentas
E marcas com as garras mais sangrentas
O tempo noutro anseio desigual,

Insânia dominando a nossa vida
E sei do quanto possa em despedida
Arcando com meus erros costumeiros,

E mesmo que se trace novo passo
Aonde o meu anseio descompasso
Matando sem cuidados tais canteiros.

Navego pelos erros do passado
E vejo tão somente o que se faz
E nisto o meu caminho ora mordaz
Expressa outro momento desolado,

E busco acreditar, ou enganado
Vencido pelo encanto contumaz
De quem se disfarçando, Satanás
Caminha o tempo inteiro lado a lado,

Ousado delirar em noite escusa,
O vento que deveras entrecruza
Arcando com enganos mais sutis,

E sendo de tal forma o meu momento
Ainda quando em luzes me alimento
Tentara acreditar no que não fiz.


25


Passando pelos cais aonde um dia
O verso enveredasse sem descanso
O olhar que desejara ser mais manso
Agora noutro tom demonstraria,

A noite inesperada e mais sombria
O tempo enquanto além ainda avanço
E tento caminhar e nada alcanço
Somente o que se fez em fantasia,

A luta não cessara e desta lenda
Amor velha contenda não desvenda
Sequer a menor sombra de esperança

E tanto se mostrara inconsequente
Meu mundo aonde o todo que se tente
No nada sem sentido ora me lança.



As guerras são diversas e o perigo
A cada nova esquina se adivinha
E sei do quanto a sorte é mais daninha
Embora rumo claro; ouso e persigo,

Ainda que buscasse algum amigo
A luta do final não se avizinha
E sinto quanto a dor ora adivinha
O prazo desenhado em desabrigo,

O vento inusitado nos tocando
E sinto o desenhar em fogo brando
Do medo contumaz e sem respaldo,

E quando no final em vão me escaldo
O verso se anuncia em louca chama
E o tanto que se quer volve e reclama.


A força desumana da saudade
Não deixa que se veja apenas mais
Que meros e diversos temporais
E nisto o dia a dia nos degrade,

O verso se anuncia e na verdade
Ousando acreditar em desiguais
Anseios que pudessem, pois mortais
Traçar qualquer anseio além da grade,

No vandalismo traço o meu cenário
E bebo deste sonho solitário
Após acreditar no que viria

Tentando apascentar o quanto resta
Da sorte mais atroz, mesmo funesta
Matando o quanto sobra em agonia.


28

Edificar um sonho e acreditar
No quanto a vida trame ou mesmo traga
Depois de desenhada a velha plaga
E nela permaneço sem lugar,

O verso se tentando desvendar
O quanto do momento não me afaga
E vejo a sensação da sorte maga
Ousando noutra luta caminhar,

Não posso e nem tentara novo dia
E sei da minha voz em rebeldia
Traçando sem temor cada detalhe

E vejo muito bem o que me sobra,
A luta se desenha em cada dobra
E nisto outro momento me retalhe.


Procuro inutilmente reino afora
Um dia mais feliz e iridescente
Aonde este sombrio se apresente
Apenas o grisalho nos decora,

O resto quando muito em vão se aflora
E marca com terror o quanto sente
E nada do cenário que envolvente
O coração quisera sem demora,

Restando muito pouco ou quase nada
A luta sem sentido desvendada
Marcada por temores mais sutis,

E quando imaginasse alguma luz
Apenas o que possa e reproduz
O sonho sem tal brilho contradiz.

30

Das gloriosas noites do passado
Sequer a menor sombra, mas procuro
Ainda quando o tempo é mais escuro
O sonho noutro encanto iluminado,

Olhando para os erros vou ao lado
Do tanto que se quer e salto o muro
Depositando a luz onde perduro
Tentando reviver o destroçado

Anseio de quem fora e não tivera
Senão a mesma angústia em tal espera
E sabe do prazer que se veria,

Após a noite insana em luz e brilho
E quando no vazio agora eu trilho
A sorte noutro ocaso mata o dia.


31

Dilata-se esperança enquanto o verso
Ousasse mais um pouco ou mesmo assim
Pousando dentro da alma vejo em mim
Caminho com certeza mais diverso,

Mudando outro cenário onde disperso
Meu tanto acreditando ter enfim
O tempo sem ter tempo e sei que ao fim
O mundo não seria este universo,

Dicotomias vejo e busco além
Do tanto quanto a vida sempre tem
Marcando com ternura o que se fez,

Depositando o sonho em cada esquina
A sorte no final já termina
Apenas a total insensatez.

Presumo qualquer sonho e nada veio
Apresentar a peça aonde eu possa
Trazer esta esperança outrora nossa
E nela ser talvez um tanto alheio,

Vestindo o quanto tente e se receio
Meu verso no vazio ora se endossa
E vejo ultrapassando a velha fossa
A fonte do completo devaneio,

Angustiadamente tento agora
O canto que deveras quando aflora
Expresse muito mais que mero sonho,

E quantas vezes pude em tal rudeza
Beber a luta amarga em incerteza
E o tanto quanto resta decomponho.


Melancolia em forma de ilusão
O tempo renegasse algum espaço
E quando na verdade o quanto traço
No fim não causa mais a comoção

De quem se desejasse desde então
Vencendo este cenário mesmo lasso
Depois do que pudera noutro laço
Trazer os dias calmos que virão,

Versando sobre o nada aonde escondo
Meu mundo sem saber ou não repondo
As perdas tão sutis; e quem se fez

Agora após o nada noutro ocaso
E sei do quanto possa e se me atraso
A luta perde cedo a sensatez.

4

Já não soubera mais a dimensão
Dos meus tormentos soltos pela vida
E a luta que pudera desprovida
Da luz em mais diversa direção

Apresentando o caos e deste vão
A morte noutro passo decidida
Enquanto a solidão invade e acida
Os ermos se refletem desde então,

Marcando com meu sonho o fim do jogo
E nada do que possa mesmo em rogo
Incautamente trague novo brilho,

Aonde se perdera meu caminho,
Eu sigo e sei do mundo mais daninho
E nele sem defesa alguma eu trilho.

5


Já não comportaria uma mentira
Aonde tantas vezes foste não,
E o peso do passado em solidão
Apenas cada sonho ora retira,

E mesmo que se tente em nova mira
A luta se aproxima em dimensão
Maior que imaginara na amplidão
E nela cada engodo ora interfira,

Não posso permitir qualquer desvio
E mesmo quando venha o desafio
Em desvario atroz nada se veja,

Somente o que decerto ora não seja
Resquício de um alento sem temor
Marcando com angústia insano amor.

Rescaldos dos escombros da esperança
Não trazem mais sequer uma estrutura
Do quanto se buscara ou se procura
Ausente do caminho nada avança,

O marco desenhando em temperança
Ousando até fugir desta Escritura
O prazo no final só me tortura
E o manto se desenha sem pujança.

Não pude acreditar em luz e glória
Aonde no final, torpe memória
A sorte sem tal brilho não teria

Sequer o quanto possa ter no olhar
E neste mais diverso caminhar
A luta se transforma em tez sombria.


7

Refaço o que puder, mas sou escória
E quando se escoria a liberdade
O passo noutro espaço se degrade
E nada redimisse a velha história

Ousando acreditar na luta inglória
E neste caminhar tanto se evade
A senda mais atroz, felicidade
Jogada nalgum canto da memória,

Incauto passageiro da ilusão
Os erros se repetem desde então
E o vício em precipício se transforma

No prazo sem acordo, acordo só
E volto ao mesmo instante feito em pó
Traçando no vazio a leda forma.

Não pude e nem tivera a menor chance
De crer no que pudera ter no olhar,
Ainda quando possa demonstrar
A vida sem sentido nada alcance,

Olhando para trás vejo em nuance
O mundo a se perder ou se podar
A lenta caminhada a divagar
Deveras ao vazio ora me lance,

Não tento perceber qual a razão
Os erros em tamanha dimensão
Negando o quanto tenha dentro da alma,

A luta se desvenda após o lodo
E cada vez que vejo o velho engodo
Nem mesmo uma ilusão além me acalma.


9

Não tendo outro momento senão isto
E sei do que falasse sem temor
Expresso com ternura o desamor
E sinto quanto possa e já desisto,

Aonde na verdade ora consisto
No farto desvendar em medo e dor,
A vida não traduz o sonhador
Na pérfida ilusão e não resisto,

Emirjo do que fora no passado
E volto a me encontrar tão desolado
Ao lado do que eu quis e nada vinha,

Apresentar o caos e ser assim
Principiando agora o que no fim,
Demonstre esta verdade atroz, mas minha.


40


No pântano das almas sem segredos
E os ventos consonantes do passado,
O templo há tanto tempo desabado
Os dias entre vagos desenredos,

E nada do que possa em ermos ledos
Ou mesmo o meu anseio degradado,
E sobre a mesa rola cada dado
Em noites que conduzem erros, medos,

Pressinto o fim do jogo e sei do quanto
Ainda sem sentido desencanto
E bebo em sortilégio este cenário,

E nele me inundando do vazio
Apenas o que possa não recrio
E sigo mesmo em rumo solitário.


41

Fazer do meu caminho outro momento
E nada se desfila sob olhar
De quem pudesse mesmo imaginar
Outro cenário em paz, e bem que tento,

Vestindo o quanto possa em elemento
Diverso do que pude acreditar
O tempo se perdendo sem lugar
A solidão expressa o forte vento

E quanto mais o sonho enfim eu veto
O tanto desejado e predileto
Agora sem afeto se perdendo,

Meu mundo noutro engodo se anuncia
E deixa para trás a fantasia
E o tanto que se quis vira remendo.


2

Apenas o que possa em vã matéria
A luta não anseia qualquer paz
E sei do que deveras sempre traz
Não deixa para trás sequer a féria

E vejo a solidão em tal miséria
Sem nada que se mostre mais capaz
De ter onde o meu mundo seja audaz,
E no final a luta é bem mais séria,

Revejo cada passo e bebo a sorte,
Depois do que pudera e não suporte
Sequer o quanto houvera de esperança

Jogado sobre os ermos de outro engano
E quando no final se me profano
Apenas o vazio enfim me alcança.


3


Porosa noite encharca em sonho e medo
Não pude apresentar após a espreita
Sequer o quanto toque e se deleita
Quem sabe do caminho onde concedo,

Vislumbro o meu anseio e desde cedo
O manto se reduz e nada aceita
Somente a solidão, dura maleita
E nela qualquer tom muda o segredo,

Ansiosamente vivo em tal fastio
E sigo o quanto possa em desvario
E desafio mesmo o que viria,

Não tento acreditar em multiforme
Caminho sendo o trauma agora enorme
Deixando tão somente esta agonia.


4

Perfumes do Oriente, sonhos tais
Ainda que se vejam no passado
Os termos deste canto inusitado
Pousando noutros ermos desiguais,

E quando poderiam ser cristais
Os dias num caminho desolado
O tanto se apresenta e sigo ao lado
Do enredo que deveras demonstrais,

Não pude e nem decerto inda teria
Nas mãos a marca alegre em fantasia
Do verso sem temor ou mesmo além

Do quanto se presume noutro engano
E mesmo quando fora soberano
Apenas o vazio agora vem.

5


Reclino-me e te vejo noutro canto
Deixando como rastro o teu olhar
E nele me sentindo a navegar
Esbarro no que possa em raro encanto,

Ainda quando muito não garanto
Sequer o que tentasse abençoar
O amor quando demais a se entregar,
Exagerando o sonho, traça o pranto,

Não tendo qualquer luz ou mesmo chance
Apenas o vazio ora se alcance
E avance pela noite sem ter cais,

Do quanto poderia e nada houvera
Somente a solidão vaga quimera
E nela outros momentos sempre iguais.

6

Guardando esta esperança num armário
Jogando fora as chaves tento crer
No quanto poderia perceber
Se ainda fosse mesmo necessário,

A sorte traduzindo em inventário
O risco de talvez amanhecer
E mesmo noutro engano esmorecer
Marcando o meu caminho solitário,

Expresso o que confesso não soubera
E sei da solidão diversa fera
Ausento dos teus braços, infeliz,

E o canto sem proveito e dimensão
Diversa da que houvera desde então
Não traz e mesmo em dor tanto desdiz.

Desertos que carrego em meu caminho
E vejo nesta estrada a queda e o fim,
Ainda que vivesse mesmo assim
O tempo se mostrara mais daninho,

Rosal se anunciando em pleno espinho
E o quanto desvendasse em tal jardim
Matando o que inda vivo existe em mim,
O tanto se desenha mais mesquinho.

E bebo em goles fartos a esperança
Jogado sobre o fim onde se lança
A sorte sem proveito em tempestade,

Do quanto em cada canto quis bem mais
O mundo em ritos tétricos, banais
E o todo noutro rumo ora se evade.


8

Não pude e não tivera esta intenção
De acreditar no quanto a vida traça
E sei do que se faz mera fumaça
E nisto outros momentos saberão

Ousar e mesmo até na dimensão
Diversa da que tanto ora desgraça
Jogando sobre os ermos desta praça
A luta sem saber da precisão,

Enforco os meus demônios? Nada disto,
Apenas ao meu fim agora assisto
E vejo na platéia esta esperança

Que sutilmente invade e me abandona
E no final se faz tal qual a dona
Que ao nada sem proveito ora se lança.


Um tempo mais diverso poderia
Depois de tantos dias solitários
Os olhos entre tons mais solidários
E nada se traduz em harmonia,

O vento se transforma e da sombria
Verdade meus anseios temerários
Ou noutro caminhar itinerários
Diversos do que tanto rondem dia.

O barco naufragado e o vento traz
Apenas a verdade que mordaz
Amordaçando o passo ora me impede

De crer e perceber após o sonho
Somente o quanto quero e não componho
Enquanto o meu caminho nada cede.

50


Enquanto me disperso do que fui
O canto em discordância não trouxera
Sequer o que deveras já se espera
E o marco do passado não influi

O verso solitário quando rui
Castelo da ilusão leda quimera,
Deixando para trás a mesma fera
E nela o que se mostra não me inclui.

O tempo se desvenda noutro rumo
E quando sem saber enfim assumo
Os erros costumeiros; mesmo assim,

O verso se anuncia sem segredo
E tanto quanto possa em vão concedo
Ousando acreditar no amor sem fim.
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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