Desabafos de uma alma cansada!

Data 22/03/2011 02:12:57 | Tópico: Poemas

Leiam com os olhos espirituais!


A minha alma derrama na simplicidade das minhas palavras,
são partículas de mim, que se soltam comprimem
e me dilatam o coração.

Estes meus sentidos preenchem-me, eles arrancam de mim,
neste silêncio contido as lágrimas que derramo pela tua/vossa,
arrogante prepotência, que cai e morre na humildade apregoada
a qual desconhecem o paradeiro.

Nesta paz com que visto os meus dias, de vida a transbordar,
neste ser de firmeza a lutar onde a vida valorizo,
neste céu que me cobre com o azul dos teus olhos.

Oh testemunha, de todos os meus momentos,
sepulto nas palavras o que a poesia
me devolve, nesta escrita por onde jorra a verdade
que grita e asfixia dentro de mim.

Silencio o que não quero nem devo falar,
não gosto de conversas paralelas,
nem de tomar partidos, abomino a confusão
porque quebrados e partidos serão os dias
da tua vida se não ouvires os sussurros do espírito.

Podia escancarar-te tudo o que sei, mas a minha luta
não é contra a carne, e vais ter que crescer,
de que me adianta falar, se continuas cega
e outras também que como tu foram vítimas,
e cegaram pelas emoções frustraram-se nas mentiras
que para ele são as verdades com que veste a sua vida torta,
também elas acordaram e o teu tempo também chegará.

A vida estendeu-me o tapete do espírito,
roubou-me a sensibilidade da carne,
as emoções transformaram-se em superação.

Entra agora dentro do meu corpo e vê cada dor,
sente-a e não me enterres flechas
aonde tenho laços de cetim
pendurados nos vasos de violetas.

Sou à prova de sismos, enterrei em mim
no chão da minha alma-coração todos os vasos
de violetas de todas as cores com que durante a vida
presenteei a minha filha e é neles que caiem
as flechas que me atiras e sem força perecem.

Exalas-me nestas violetas, que são o perfume
do mais cândido amor, enquanto te ignoro
e choro as catástrofes, ouço os gritos dilacerantes,
as buscas são incessantes, entre as ruínas e os corpos moribundos,
a alma dilacerada chora sem rumo, pessoas caminham sem direcção,
em busca dos entes queridos e nada senão escombros se vêem.

Enquanto tu brincas de maldizer, brincas com a minha
e com a vida dos outros, nessa trama diabólica e insólita
de tantos teatros, de tantas histórias recambulescas
para te livrares das tuas safadezas e de menino mau,
passas a querubim que desce do céu nesse tecer de palavras
angelicais e mais uma vez caiem todas a teus pés.


E eu antes tua amiga, de menina Santa, menina violetinha,
menina pura, com o branco a cobrir-me a alma alva e nua,
onde nada mais seguro, senão as dores que me parem a vida
e aquelas que também tu lhe acrescentaste, pela tua malidicência
e me sepultas a mim que sempre te ajudei e apoiei
e para te ilibares estendes-me o teu arco a matar,
para poderes passar.


Acreditam no amor-amizade?

Amor e amizade passaram a ser pó e nada mais?

Acreditam ou não, nesta pureza de alma que sempre vos doei?

Não acredito em mais nada, a não ser que sinta o toque do espírito
vão ficar aí sem nada dizer?

A vida é amor, também é dor... Ela deu-me uma filha que tanto amo,
deu-me um amor e também o levou para no céu habitar.

Dos transplantes levou-me ao coma, das múltiplas cirurgias
devolveu-me a vida e tantas foram as vezes que Deus o milagre operou.

Deu-me um amor que jorra do trono, que se despiu da carne para viver
no espírito, ele cuida de mim, umas vezes cansa-se e sofre por me ver assim,
outras sou eu que me canso desta vida, porque imploro sempre por mais sentidos,
mais verdade e transparência e como tudo na vida, nem só de atenção
e doação se vive, choro e curvo-me diante da minha insignificância
e Ele reina e eu descanso e celebro os meus dias com um sorriso,
porque viver ainda preciso.

Não me sujes o meu céu, não tenho paciência para turbulências,
leva a vida que quiseres, não me responsabilizes pelos teus actos,
não precisas ter vergonha de mim, por teres voltado atrás
eu mesma te disse para o fazeres e nunca me ouviste,
sê honesto e vai viver não me cruxifiques a alma
porque a vida já me cruxificou o corpo e a alma é tudo o que me resta
para eu poder viver.

Despe-te de ti, veste-te de céu e vive,
porque na vida apenas conto e somo almas
e as vossas estão entre elas,
vivam e deixem-me em paz!

Alice Barros








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