A minha alma derrama na simplicidade das minhas palavras, são partículas de mim, que se soltam comprimem e me dilatam o coração.
Estes meus sentidos preenchem-me, eles arrancam de mim, neste silêncio contido as lágrimas que derramo pela tua/vossa, arrogante prepotência, que cai e morre na humildade apregoada a qual desconhecem o paradeiro.
Nesta paz com que visto os meus dias, de vida a transbordar, neste ser de firmeza a lutar onde a vida valorizo, neste céu que me cobre com o azul dos teus olhos.
Oh testemunha, de todos os meus momentos, sepulto nas palavras o que a poesia me devolve, nesta escrita por onde jorra a verdade que grita e asfixia dentro de mim.
Silencio o que não quero nem devo falar, não gosto de conversas paralelas, nem de tomar partidos, abomino a confusão porque quebrados e partidos serão os dias da tua vida se não ouvires os sussurros do espírito.
Podia escancarar-te tudo o que sei, mas a minha luta não é contra a carne, e vais ter que crescer, de que me adianta falar, se continuas cega e outras também que como tu foram vítimas, e cegaram pelas emoções frustraram-se nas mentiras que para ele são as verdades com que veste a sua vida torta, também elas acordaram e o teu tempo também chegará.
A vida estendeu-me o tapete do espírito, roubou-me a sensibilidade da carne, as emoções transformaram-se em superação.
Entra agora dentro do meu corpo e vê cada dor, sente-a e não me enterres flechas aonde tenho laços de cetim pendurados nos vasos de violetas.
Sou à prova de sismos, enterrei em mim no chão da minha alma-coração todos os vasos de violetas de todas as cores com que durante a vida presenteei a minha filha e é neles que caiem as flechas que me atiras e sem força perecem.
Exalas-me nestas violetas, que são o perfume do mais cândido amor, enquanto te ignoro e choro as catástrofes, ouço os gritos dilacerantes, as buscas são incessantes, entre as ruínas e os corpos moribundos, a alma dilacerada chora sem rumo, pessoas caminham sem direcção, em busca dos entes queridos e nada senão escombros se vêem.
Enquanto tu brincas de maldizer, brincas com a minha e com a vida dos outros, nessa trama diabólica e insólita de tantos teatros, de tantas histórias recambulescas para te livrares das tuas safadezas e de menino mau, passas a querubim que desce do céu nesse tecer de palavras angelicais e mais uma vez caiem todas a teus pés.
E eu antes tua amiga, de menina Santa, menina violetinha, menina pura, com o branco a cobrir-me a alma alva e nua, onde nada mais seguro, senão as dores que me parem a vida e aquelas que também tu lhe acrescentaste, pela tua malidicência e me sepultas a mim que sempre te ajudei e apoiei e para te ilibares estendes-me o teu arco a matar, para poderes passar.
Acreditam no amor-amizade?
Amor e amizade passaram a ser pó e nada mais?
Acreditam ou não, nesta pureza de alma que sempre vos doei?
Não acredito em mais nada, a não ser que sinta o toque do espírito vão ficar aí sem nada dizer?
A vida é amor, também é dor... Ela deu-me uma filha que tanto amo, deu-me um amor e também o levou para no céu habitar.
Dos transplantes levou-me ao coma, das múltiplas cirurgias devolveu-me a vida e tantas foram as vezes que Deus o milagre operou.
Deu-me um amor que jorra do trono, que se despiu da carne para viver no espírito, ele cuida de mim, umas vezes cansa-se e sofre por me ver assim, outras sou eu que me canso desta vida, porque imploro sempre por mais sentidos, mais verdade e transparência e como tudo na vida, nem só de atenção e doação se vive, choro e curvo-me diante da minha insignificância e Ele reina e eu descanso e celebro os meus dias com um sorriso, porque viver ainda preciso.
Não me sujes o meu céu, não tenho paciência para turbulências, leva a vida que quiseres, não me responsabilizes pelos teus actos, não precisas ter vergonha de mim, por teres voltado atrás eu mesma te disse para o fazeres e nunca me ouviste, sê honesto e vai viver não me cruxifiques a alma porque a vida já me cruxificou o corpo e a alma é tudo o que me resta para eu poder viver.
Despe-te de ti, veste-te de céu e vive, porque na vida apenas conto e somo almas e as vossas estão entre elas, vivam e deixem-me em paz!