O meu infanticídio

Data 25/03/2011 16:22:20 | Tópico: Poemas -> Introspecção

O quanto há de piegas na dor
Na rima tola de amor
Na insistente e psíquica
Ligação de tormento e prazer
Como se o preço pago pela satisfação
Seja o sangue de alguém
Ou somente um ferimento
Pulsante e invisível
Uma chaga
Incurável e indizível
Uma insolúvel canção
De amor.

O que há de mais imprestável do que meus pertences?
È sempre o que diz meus olhos infames
Fincando o punhal incandescente do desejo
A perfurar fundo até minhas entranhas pueris
Onde sou eu
O eu puro
E toma-me sem defesas
Sem habilidade de curar minhas enfermidades
Carente menino de colo

Acho que sobreviverei
Quando matar este menino
Desejoso dos eternos carinhos maternos
E servi-lo à mesa do homem de mármore
Que querem me tornar
Em um mundo que o amor dói
Porque não tivemos a coragem suficiente
De matar nossas crianças.



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