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O meu infanticídio

 
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O quanto há de piegas na dor
Na rima tola de amor
Na insistente e psíquica
Ligação de tormento e prazer
Como se o preço pago pela satisfação
Seja o sangue de alguém
Ou somente um ferimento
Pulsante e invisível
Uma chaga
Incurável e indizível
Uma insolúvel canção
De amor.

O que há de mais imprestável do que meus pertences?
È sempre o que diz meus olhos infames
Fincando o punhal incandescente do desejo
A perfurar fundo até minhas entranhas pueris
Onde sou eu
O eu puro
E toma-me sem defesas
Sem habilidade de curar minhas enfermidades
Carente menino de colo

Acho que sobreviverei
Quando matar este menino
Desejoso dos eternos carinhos maternos
E servi-lo à mesa do homem de mármore
Que querem me tornar
Em um mundo que o amor dói
Porque não tivemos a coragem suficiente
De matar nossas crianças.


"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros

 
Autor
Cleber
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Enviado por Tópico
drisph
Publicado: 25/03/2011 16:41  Atualizado: 25/03/2011 16:41
Super Participativo
Usuário desde: 19/03/2011
Localidade: Campo Grande, MS
Mensagens: 177
 Re: O meu infanticídio
MARAVILHOSO, QUERIDO, PARABENS.


Enviado por Tópico
Egéria
Publicado: 25/03/2011 17:38  Atualizado: 25/03/2011 17:38
Usuário desde: 28/09/2009
Localidade:
Mensagens: 947
 Re: O meu infanticídio
Você é um dos meus poetas favoritos... embora tenha andado ausente...
Beijo e parabéns por mais este, adorei.