O que sou Nem eu sei Quando me perco Em pensamentos Tantas vezes desconexos...
Nada fui Nada serei Tudo se resume Ao que de mim sei Que sendo tão pouco É toda a fortuna que tenho Pois sei das raízes De onde venho!
O que hoje sou Nem eu o sei Serei um fôlego Do meu desejo Insatisfeito Ou Quem sabe Um leve sopro de alma Que do meu corpo Se esgueirou...
Invento-me Em cada esquina De ruas improváveis Procurando-me em cada palavra Com as quais vou compondo Estes versos Onde me reinvento Peneirando-os aos ventos Que me sopram Luares de Outono...
Vivo-me e morro-me Nestas terras do esquecimento Em desassossegos Constantes Pela busca incessante Deste eu Que por vezes De mim se esconde
São inquietantes Estas sombras que me rodeiam Que me perseguem Que nem lobos esfaimados!
E é delas que fujo Quando me adentro Neste delírio Deste limbo Onde me encontro Onde me penso Me castigo Me vivo E tantas vezes me morro...
Ao abandono De mim mesmo...

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