DORMIR OU ACORDAR

Data 25/09/2007 15:15:24 | Tópico: Prosas Poéticas

Os dias vagueiam na ponta da alma enquanto o lápis divaga no contorno do corpo de uma emoção. Peça única, multifacetada mas que se oferece, sem preço, no mercado da multidão. A regra de não se ter regra é regra em si mesma, e condiciona todo o brilho que de si emana. Questiona-se o valor das coisas, por tudo e por nada e por aqueles que se esquecem de que esse mesmo valor serve vontades e objectivos diferentes. Ao sabor do Tempo, vagas sucessivas e intermináveis de horas, minutos, segundos – meros rótulos que descrevem a passagem do tempo – a indiferença dá as mãos à superficialidade e cai-se no centro voraz da sensação deveras sentida de que esse eterno Tempo passa a correr. E somos nós que corremos. Na antevisão inquieta do fim do nosso próprio mundo. Carregamos bagagem demasiado pesada dentro da nossa alma e a consciência ainda vai ao colo dela – aprendiz na primeira idade do mundo.
Compramos memórias ao Presente no catálogo do Futuro. O troco vem sempre em fragmentos do Passado que teimam em nunca desaparecer da carteira. Pesam, confundem, amontoam-se no espaço livre da razão e conduzem-nos pela Vida como se fossemos marionetas suspensas por fios pretéritos.
-“Daqui não se leva nada!” – dizem os que estão “acordados”.
Mas como os poetas não conseguem compreender o conceito de “nada”…ainda estão a dormir!

Silêncio. Apaguem as palavras…?!



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=18437