Défice geométrico

Data 30/04/2011 00:17:07 | Tópico: Poemas




Tubérculo surge.
A planta do lábio evasivo
na pofundidade da terra
debaixo da pele -
preciso,
fixa-se.

No perímetro de um grito
o despiste das palavras,
a folhagem que berra,
o vidro que corta a medula
onde ainda me travas.

Um pomar de ilusões,
rios de flores
assombradas pela sede,
o perfume das searas
ofuscadas
e o pólen carbonizado
na dormência interna
da fecundação.

Cai centeio sobre os ombros
varridos pela soberba
dos "importantes".

Não chegam cartas felizes
que me falem sobre o crescente,
a água morna e não fervente,
em sal misturado de esperança.

O pão é travesso,
a fome afunila o sorriso
a noite teima em ser demónio
na manteiga que derrete.

Lacrado é o sistema,
o quarto indiviso de uma maçã
presa ao ramo
que não descola o barco
da semente envenenada.

De amor também não falo,
porque me devora uma paixão
incontrolável
surda
inquieta,
oculta
e sobejamente solitária
que não posso revelar.

Na curva do mundo
traço linhas rectas moribundas
com o desejo (sofrível)
de que um dia
ambas as raízes frágeis
se cruzem
e se tornem profundas.

Quero o diâmetro.




rainbowsky








Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=184672