Resquícios

Data 02/06/2011 11:39:27 | Tópico: Poemas

Não restou nada
Nem ódios, nem alegrias
Apenas resquícios de uma fumaça
De algo que tentou ser algum dia.

Não é um homem quem agora fala
É um campo imenso, neutro e vazio
Uma alma envolta em mortalhas
Uma mente na tênue linha do delírio.

Não restou nada.
Talvez ódios ou resquícios
Talvez fumaças de alegrias
De algo não dito ou omisso
De algo que tentou ser algum dia.

Não restou nem mesmo a fotografia.
Ou fios de cabelos na cama ou paletó
(Como dizia aquela música caipira)
Apenas uma lágrima cristalina,
Uma dor ferina e só.

Logo aquilo que aparentava puro fogo
Que era imortal e o maior de todo mundo
Que enternecia a carapuça do ser mais imundo
Colocando chamas de estrelas no corpo todo!

Logo aquilo que logo virava canções e poesias
Saídas da alma tais quais pássaros azuis e loucos
Aquilo que arrefecia aquentando o corpo pouco a pouco
E em êxtase maravilhoso lentamente se dissolvia!

Logo aquilo que embalava meus sonhos e coração
Que me despia de mim mesmo num infindo revoar
Que me fez acreditar que valeria a pena eu te amar...
Agora resquícios de incêndios, cinzas pelo chão.

Não restou nada.
Talvez ódios ou alegrias
De um fogo transmutado em cinzas
Resquícios de uma fumaça
De algo que tentou ser um dia
E que agora não é mais nada.




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