a minha morada

Data 02/08/2011 23:40:04 | Tópico: Textos

fugi de um mundo; não perdido, mas encontrado.e é por isso que não estou agora aqui,nem em lado algum. a minha morada é feita de palavras de ar. erectas mas passageiras. que arrumo e desarrumo como se fossem casas de vento.eu habito o vento; procuro refúgio onde há loucura apenas.tal como as casas,às vezes as palavras dão-me a luz das janelas;outras, a escuridão do sossego.outras ainda,portas a bater,corredores do medo.
às vezes dão-me uma cama onde me deixo ser .amor. ou me deito. no cansaço de não ser nada.depois deixo que o vento me revolva os lençóis.me fustigue as vidraças. me bata as portadas. me estremeça. como luz . velas.
ninguém ouve os meus uivos.ninguém ouve o meu vento.deixo que ele me beije e me afague a face deste vosso silêncio. que me derrube, me eleve e me faça rodopiar. Às vezes dançamos uma dança invisivel que me doi, familiar.
E é neste terreno sem terra sagrada que ele me habita.e eu ,eu em ruído,eu tantas vezes em tempestade, eu. calada.
habito-o.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=194381